30 de maio de 2008

Aquecimento global: mito ou verdade?

Esse texto faz parte dos "Debates Ambientais do Faça a sua parte".


Muito se fala hoje do efeito estufa.
Vozes contraditórias que refletem muitas vezes o quanto a informação e a desinformação andam juntas, por culpa da influencia dos interesses. Lendo aqui e ali pode parecer que o efeito estufa seja um vilão misterioso que vai nos destruir, ou de outro lado, algo inofensivo e sem conseqüências. Pois não é nem uma coisa nem outra. O efeito estufa é um dos responsáveis pela existência da vida na terra com sua ação reguladora do calor que nos chega do sol e é natural. Existe há milênios. Mas porque se chama efeito estufa?
Porque as estufas, aquelas casas feitas de vidro feitas para se conservar plantas durante o período frio, se utilizam do mesmo processo que ocorre na atmosfera.
Na terra chegam mais ou menos 1366 watt de energia por metro quadrado proveniente do sol. Isso na parte alta da atmosfera. Toda essa energia vem na forma de ondas eletromagnéticas, na verdade um espectro constituído de ondas com praticamente todos os comprimentos de ondas possíveis. A atmosfera, feita de camadas com densidades e composições diferentes, deixa passar apenas parte da radiação, ou seja as ondas mais longas que penetram e chegam até o solo, enquanto que as ondas mais curtas são refletidas e se disperdem. Uma dessas ondas é a chamada infravermelho que transporta nada mais nada menos que calor. Pois bem, uma parte de tudo o que chega ao solo é absorvida, entre elas o calor e outra parte volta ao alto, refletida. A parte refletida no entanto já tem muito menos energia e as ondas são sempre as mais longas. Quando atingem camadas da atmosferas que tem a capacidade de refleti-las de novo, praticamente quase nada consegue atravessar essa barreira. Em outras palavras, o calor do sol atravessa a atmosfera, aquece a terra e parte desse calor quando está voltando pra cima, encontra uma camada que o retêm. Essa camada no caso da estufa é o vidro, no caso da atmosfera é a dos gases estufa. Tudo isso simplificando muito, mas é mais ou menos assim.
Se não existisse esse fenômeno a temperatura média seria tremendamente menor e o planeta seria uma enorme bola congelada. A temperatura média de todo o planeta é de mais ou menos 15 graus e sem o efeito estufa, seria de 20 graus negativos. O efeito estufa garante uma média de temperatura que permite que exista água em estado liquido e de conseqüência, garante simplesmente a vida na terra. Porém, dentro de parâmetros tao estreitos e em um equilibro tão precário que pequenas variações no sistema, comportam em enormes mudanças.
Uma dessas variações é a da quantidade dos gases estufa presentes na atmosfera. Mas quais são esses gases? Os principais são vapor de água, gás carbônico, o oxido nitroso, hidrofluorocarbonetos e o metano. Todos esses gases são presentes na atmosfera em uma determinada concentração. Medições feitas nos últimos cem anos, detectaram um aumento de presença de todos estes gases. Analogamente, a esse aumento correspondeu um aumento da temperatura média do planeta, conseqüência logica em função do processo descrito acima.
O metano é liberado por animais, aos quais nos incluímos. Se levarmos em conta que somos já quase 7 bilhões e que ainda criamos inúmeros animais que superam esse número, fica fácil avaliar, ainda que intuitivamente, o quanto aumentou a emissão desse gás nos últimos anos. Outro dos grandes responsáveis pelo aumento da temperatura é o gás carbônico.
O CO2 é presente na atmosfera em uma concentração de mais ou menos 0,03%, que varia de acordo com o período do ano em mais ou menos 5 partes por milhão. Parecem números ínfimos. Mas considere-se que o limite aceitável para um local de trabalho é de 0,05% e que com 0,4% já se corre risco para a saúde, começa-se a entender como nosso corpo e nosso planeta são sensíveis a esse gás. Considere-se também o seguinte: com 5% de gás carbônico no ar a morte é certa e que o ar que sai de nossas narinas contém 4,5% do mesmo.
Sim, nós também somos fábricas de CO2, assim como todos os animais que respiram, além de ser produzido em toda e qualquer combustão. E disso, combustão, é o que não falta em nosso mundo moderno. Quantos são os fogões, as indústrias, automóveis, queimadas, caminhões, trens, cigarros, aviões, navios e churrasqueiras emitindo CO2 nesse momento?
Teríamos uma bela esperança de resolução desse quadro, visto que as plantas são gulosas de gás carbônico e o absorvem. Mas o triste de tudo isso é que ao mesmo tempo que aumenta a produção, elimina-se sempre mais as áreas cobertas de verde, diminuindo com isso a absorção. Um movimento com mesma direção mas sentidos divergentes. Um desastre.
Segundo estudos, a concentração de Co2 na atmosfera aumentou de 35 % desde a revolução industrial e uma grande parte desse aumento é muito recente, coisa dos últimos 50 anos. Essa elevação sempre maior corresponde em igual trend de aumento, à temperatura media global.
O problema, é que isso não é uma prova cientifica. Nos estudos climáticos globais, uma das maiores dificuldades é determinar uma certeza cientifica, pela complexidade e magnitude do material de laboratório, no caso todo o planeta terra. Mas as evidências baseadas nos dados disponíveis nos aproximam tanto da certeza, que não são outra coisa além de ridículas as tentativas dos poderes fortes e dos interesses econômicos em criar com a contra-informação um pseudo movimento que questiona a origem antropica desses eventos.O problema do aquecimento que estamos assistindo não é o aumento da temperatura em si, mas sim a velocidade com que o fenômeno está se produzindo. Mudanças climáticas sempre ocorreram e ocorrerão, porém o metabolismo planetário é ritmado aos milhões de anos, enquanto que nossa atividade produziu em menos de 200 anos, o que os sistemas teriam levado milênios para se adaptar. Dentro desse sistema, estamos também nós. Teremos que enfrentar notáveis esforços de adaptação de agora em diante. Mas temos muitos problemas adjuntivos a resolver.
Porque as medidas para se minimizar o problema são até que simples na sua essência. Teríamos que simplesmente reduzir drasticamente o crescimento da população, deixar de produzir e consumir de acordo com os padrões atuais, eliminar a pobreza e também a riqueza e a especulação, mudar todos os sistemas de produção de energia baseados em queima de hidrocarbonetos e... vamos ver... recuperar ao menos 50 por cento das florestas originais destruídas. Uf, foi bem fácil escrever a frase com as soluções. Mas ela contém um mundo em uma dimensão paralela à nossa. Um mundo utópico, impossível e mágico. Tristemente mágico pela distancia que nos separa dele.
Uma das primeiras tentativas de se limitar os danos, foi o protocolo de Kioto, onde vários países se comprometeram a reduzir suas emissões de gases estufa na atmosfera. Mas é pouco. Até porque o acordo não contou com a adesão dos EUA, um dos maiores responsáveis por emissões. Alegaram que existem estudos que poe em dúvida a atividade humana como causa do aumento desses gases e a relação deles com o aumento de temperatura. Mais tarde, como esse argumento era facilmente destrutível, mudaram registro e aí a alegação foi de que a economia americana não estaria pronta a uma transição para a baixa emissão.
Além disso, o protocolo isentou dois dos outros maiores países, as superpovoadas China e Índia, como uma moratória para que se adequassem sem comprometimento de suas economias. Nesse caso a medida causou o efeito contrário que se pretendia. Como esses países estavam, vamos dizer, liberados, muitos dos países que assinaram o protocolo transferiram para lá suas atividades produtoras de gases estufa, medida que livra a cara de quem fez pose de bonzinho e ainda por cima aumenta ainda mais o problema.
Em 2005, esses países, EUA, China, Índia e mais Coreia do Sul e Austrália, que juntos representam 40% de todo o Co2 que vai pra atmosfera, assinaram em Camberra um pacto alternativo ao protocolo de Kioto, prevendo a limitação das emissões a partir do desenvolvimento de novas tecnologias e formas de energia a impacto zero.
Como se vê, aquilo que a comunidade cientifica reputa como uma emergência, considerando que já passamos da linha de retorno, tem como respostas praticas apenas um conjunto de intenções a longo prazo e ainda assim, sem muito consenso ou boa vontade.
Nós como espécie superamos inúmeros períodos difíceis. Soubemos nos adaptar a infindáveis mudanças e cataclismos. Saberemos também reordenar nossa vida, quem sabe plantando cana na Sibéria e na Patagônia e povoando a Groenlândia. Mas o que nos move a clamar por ações mais concretas é a consciência do preço que se pagará por isso. O maior deles é o sofrimento de inteiras populações, a morte de milhões pela fome que já aumenta, pela falta de agua, pelas enchentes ou outros fenômenos e mesmo pelas guerras, que parece são inevitáveis em períodos de escassez. Sofrimento, dor e desespero que não podem fazer parte do horizonte de quem sabe o quanto nos deu a natureza e do quanto brutalmente inútil, alucinado, injusto e pernicioso é esse desprezo que alimentamos pela nossa mãe.

29 de maio de 2008

Crianças a serviço da causa ambiental

Por Denise Rangel

Aproveitando o gancho que a Luz deixou no post anterior, minha aposta também é nas crianças, e adolescente também, porque estão na fase de ir contra o sistema. Então, quando realizamos ações que visem a conscientizá-los da importância de cuidar da natureza, a probabilidade de resultados é infinitamente mais eficiente do que se tentarmos educar os adultos (certo, Afonso?).

A conscientização sobre a necessidade de conservação e defesa do meio ambiente para presentes e futuras gerações é prevista na Lei 9.795/99, inciso VI do parágrafo 1º do art. 225 da Constituição Federal de 1988que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental: "promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente".

É possível, de forma criativa, mudar o comportamento dos pequenos estudantes e torná-los agentes de defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado e saudável. Projetos que explorem fatos do cotidiano dos aluno e que possam ser desenvolvidos contínua e profundamente ao longo do ano letivo, são eficientes porque permitem que o aluno perceba como ele pode interferir crítica e responsavelmente sobre sua realidade ambiental. A aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real da cidade, ou do meio em que vivem aluno e professor.

As imagens ao lado mostram a realização de um projeto de conscientização sobre a responsabilidade de combate à dengue. Crianças, bem pequenas, participaram da confecção de cartazes e de máscaras dos "mosquitinhos' da dengue, usando material reciclado. Foram em todas as salas de aula do colégio e deram seu recado para os colegas. Certamente seus pais estarão cientes de que fazer a coisa certa depende deles, pois as crianças são bem pequenas e não têm o poder de decidir sobre a organização da casa e da familia. Mas o recado está dado, não acham?

Certamente não vamos, sozinhos, resolver os problemas do nosso planeta, mas podemos contribuir para que as próximas gerações, as dos nossos filhos e netos, encontrem uma Terra melhor. Nos próximos 50 anos, muitos de nós terão descendentes próximos ainda vivos, pois muitas das pessoas que nasceram hoje, ainda estarão vivas. Portanto, que cada um faça a sua parte e da melhor forma possível. Pelos nossos filhos e pelos filhos de nossos filhos.
Imagens: Alunos do Ensino Fundamental -Colégio SEPLER - RJ
Referências: Educação Ambiental Urbana - uma alternatiava de ensino nos grandes centros urbanos
Ambiente Brasil - Educação Ambiental

Educando no Meio Urbano

Por Lúz Fernandez

Muitas vezes, quando pensamos em educação, pensamos no modelo formal, aquele tradicional, do professor, sala de aula, alunos sentados. Fico feliz que o termo educação ambiental remete a contato com a natureza, sensibilização, e coisas do gênero.

Mas será que esse é o caminho, me pergunto. É um dos, mas atualmente acredito mais na sensibilização das pessoas para os hábitos cotidianos urbanos, como eles interferem na questão climática de forma incisiva. Claro que a pegada de carbono está relacionada com o nível de consumo do indivíduo, além de outros aspectos, como locomoção, moradia, e por aí vai.

Bem, vale lembrar que o Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), completou a maioridade em abril. E 21 anos depois ainda estamos discutindo como incorporar os princípios em políticas públicas e diretrizes ambientais, como Agenda 21.

Aqui em Santos (Litoral de SP), uma zona costeira com nível de adensamento urbano altíssimo, pouco se discute esse processo violento de urbanização, os impactos reais que os empreendimentos imobiliários de alto padrão estão trazendo para a região.

Então, já que não dá pra evitar que novos prédios sejam erguidos, dá pra elaborar programas de educação ambiental que provoquem os cidadãos, para que percebam o quanto contribuem para o agravamento do aquecimento global com seu modus vivendi, consumo e descarte de resíduos, transporte, e escolhas não-sustentáveis.

A essa altura do campeonato, minha aposta é nos pequenos, adolescente também, porque estão na fase de ir contra o sistema. Contra tudo, diga-se de passagem. Mas nem só de rebeldia viva a juventude. Tem um pessoal aqui no Litoral Sul, em Itanhaém, que tem um trabalho de educação ambiental muito bacana, o Ecosurfi. O João Malavolta, que faz parte da trupe e se intitula ecobservador, é jovem engajado e talentoso que conheci nas agendas 21 da vida. Malavolta fez do surfe sua paixão e, a partir dele, mobiliza a população para as questões ambientais.

"Sendo Homens do mar, os surfistas devem compactuar na incessante busca da preservação das praias, mares e oceanos ao redor do nosso Planeta". Esse é o norte do Ecosurfi, realizando várias ações de limpeza das praias, chamando a atenção para os impactos dos resíduos deixados nas praias. Com a missão de contribuir para o enraizamento de uma Educação Ambiental crítica emancipatória e participativa sob a perspectiva transversal na sociedade brasileira, a galera do Ecosurfi vai dando seu recado de forma direta e envolvente, falando de igual pra igual.

Que tal repensarmos os modelos de educação ambiental e começarmos a falar de igual pra igual com os diversos públicos? Afinal, se o objetivo é formar (ou transformar), é preciso falar direto ao coração. Aloha!

28 de maio de 2008

Debates do Faça - Educação Ambiental: a quem educar? O paradigmático caso das sacolas plásticas



Texto de D. Afonso XX, O Chato.


Engana-se quem pensa que estamos longe da Idade Média.

Faço uma conta simples, baseada numa observação de dois meses: 90% do meu lixo é não-orgânico. Isso mesmo, de cada dez sacolas plásticas jogadas no lixo, apenas um contém lixo orgânico.

Faço outra contra simples: a cada dois dias (período do caminhão do lixo) entrego de três a quatro sacolas contendo lixo não-orgânico e uma, não totalmente cheia, de lixo orgânico. Traduzindo em termos mensais, coloco na natureza algo em torno de 60 sacolas plásticas (leve-se em consideração que são utilizadas duas sacolas, de cada vez, para acondicionamento do lixo orgânico, pois as sacolas ou estão furadas ou não suportam o peso).

Faço mais outra conta simples: o mesmo conteúdo de lixo pode ser acondicionado, a cada dois dias, em um saco de 30 litros, para o não-orgânico, e em um de 15 litros, para o orgânico. Meu despejo mensal de plástico na natureza reduz-se, então, para exatamente a metade, com a vantagem que os sacos são biodegradáveis (conforme anuncia a marca que compro). Ora, um pacote de sacos de 30 litros custa algo em torno de R$15,00 e o de 15 litros, R$ 12,00. Cada pacote contém 20 unidades. Simples. Os sacos custam R $0,75 e R$ 0,60. Logo, meu gasto mensal, com sacos plásticos, é de R$ 24,00.

A última conta, essa não tão simples: sou um tipo "classe média"; família de consumo médio; trabalho e almoço fora todos os dias da semana. Tomo um refrigerante no almoço. Todos os dias. A R$ 2,00 cada um. Fizeram as contas? Pois é, R$ 44,00 por mês só de refrigerante.

E alguém aí ainda tem coragem de dizer que sacos de plástico são caros e que por isso vai continuar usando as sacolas de supermercado?

Quem tem coragem, cara pálida? Quem não se importa em pagar mais caro para carregar o nome de um qualquer, na roupa, na boca, ou na bolsa, só porque é "moda"?

Quem vive de superficialidades e depois se esconde atrás do "preço" de um saco de plástico? Tenham ao menos vergonha na cara de assumir e de dizer: não faço porque estou me lixando pro resto do mundo. Mas não venham dizer que vinte e quatro reais são a causa da hipocrisia.

A quem devemos educar?

Uma pequena história real para ilustrar:

Local: escola da minha filha. Uma creche, como se dizia antigamente.

Protagonistas: auxiliar de cozinha, recentemente contratada, e uma mãe, profissional liberal.

Mote 1: a escola adotou um programa de educação ambiental que inclui a participação ativa dos funcionários.

Mote 2: a escola desenvolveu um projeto de criar sacolas ecológicas a partir de jeans doados pelos pais, com motivos desenvolvidos pelas crianças.

Cena 1: Diretora conversa com a mãe.

Diretora: Fulana, não vais trazer uns jeans para fazer as tuas sacolas?
Mãe: Nem me vem com essa história de sacolas de pano. Uso há muito tempo as do super e me servem muito bem. Além do mais, como vou fazer com o lixo? Elas são de graça e os sacos custam caro. [e termina a conversa com uma frase lapidar] Essa história de aquecimento, de cuidar do meio ambiente é tudo bobagem [repito: a história é verdadeira e trata-se de uma pessoa de "nível superior"].

A quem devemos educar?

Cena 2: Diretora conversa com a auxiliar de cozinha.

Diretora: Fulana, aqui na escola temos um programa de educação ambiental, no qual todos os funcionários participam. Queria saber o que pensas sobre os problemas do meio ambiente...
Auxiliar: Olha, Dona ..., eu não sei muita coisa. Escuto muito o pessoal falar disso por aqui, umas coisas meio complicadas, mas o que eu acho é que é tudo a mesma coisa, gente, bichos, plantas e que se a gente não cuidar, vai fazer mal pra gente também...

A quem devemos educar?

As crianças, felizmente - e a par de algumas terem mães como essa "de nível superior" - estão sendo formadas pelas escolas numa nova visão de mundo. Mesmo com todas as dificuldades que as escolas enfrentam, no que diz respeito a pedagogia da educação ambiental (e em muitos casos o próprio desconhecimento de como fazer educação ambiental) elas estão fazendo a sua parte. Ou procurando fazer.

O problema está na educação dos adultos. No caso da auxiliar, apenas de uma educação formal, conceitual, que traga para ela um pouco mais de explicações para algo que nela é natural.

No caso da mãe? Deu vontade de dizer "desisto!", quando a diretora me pediu para conversar com ela. Fiquei pensando: a quem devemos educar? E lembrei-me da parábola so semeador:

"Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, um cem, outra sessenta e outra trinta." (O resto todos conhecem...)

A quem devemos educar?

27 de maio de 2008

Florestas: Até Quando?

Na narrativa da Arca de Nóe, por ocasião do dilúvio, em determinado dia êle soltou uma pomba e a mesma retornou com um ramo de uma árvore. Era a vida de volta ao mundo!
Na história geológica, só houve surgimento de vida após um período de evolução química, quando surgiram os microorganismos e as primeiras rochas sedimentares. Era o início da vida? Não se sabe, pois na época em que estes primeiros organismos apareceram não havia nenhum oxigênio livre, como há agora, mas uma atmosfera composta de metano, gás carbônico, e hidrogênio. Os microorganismos deste período utilizaram metano ou hidrogênio no lugar do oxigênio no metabolismo, estes então eram organismos de metabolismo anaeróbico; eram heterótrofos, apenas tempos depois apareceram os organismo autótrofos.
Mas vamos deixar estes "bichos" estranhos de lado.
E daí? O que tem a ver com florestas? Ufa! Tudo!
Pesquisadores já concluiram que há 20 milhões de anos não existia a Floresta Amazônica, nos padrões atuais. Tudo por aqui era um clima árido demais para suportar uma exuberante floresta tropical. Então, ela só foi existir há 6 milhões de anos, após idas e vindas do mar e com as bençãos da pródiga natureza.
Significaria que por ela não existir anteriormente, os exploradores e moradores locais tem o direito de desflorestar e transformar o ambiente amazônico em um local árido e de futuro restrito?
Não acredito que esta seja a melhor solução. Esta floresta é um depósito de energia mundial. É o nosso "sumidouro de carbono".
Mas, mesmo que tentem transformar esta região em um imenso cerrado, a ação intempestiva demoraria alguns milhões de anos para se transformar nessa catástrofe. E se chegar a ser um cerrado degradado, não teria as mesmas condições de biodiversidade que um cerrado original, uma savana riquíssima em biodiversidade.
As oportunidades de exploração devem ser iguais para todos os que habitam e usam as florestas para fins comerciais, esportivos, de lazer, agropecuários ou conservacionista.
Então, se eu qui
copaiba1.jpgser "ceder" minha parte de floresta para alguém explorar está correto? E se eu não der a permissão e um explorador usar isto indevidamente ele deveria ser punido?
Infelizmente, o nosso processo democrático permite que deixemos nas mãos (nem sempre limpas) dos parlamentares (que muitas vezes nem elegemos ou votamos) e dos executivos deste país, o desejo e a satisfação de poucos.
'Tá certo que necessitamos satisfazer as necessidades e, por isso apelamos para as florestas para explorar as riquezas naturais. Agropecuária, mineração, exploração florestal são alguns dos itens que são extremamente importantes e economicamente disputados pelos homens.
Mas, com o olhar desenfreado de cobiça dos exploradores acontece a devastação das riquezas naturais das florestas. E ela se "vinga" com o desaparecimento de rios e córregos, com a "invasão" dos animais selvagens nas zonas urbanas, com o excesso de chuvas ou secas demoradas...
garimpo.jpg
Os garimpeiros, para alcançar o aluvião aurífero, promovem o desmatamento desenfreado ao redor dos igarapés e, sem se preocupar com o seu e nosso amanhã, por desconhecimento ou por ambição vão "matando" suas fontes de subsistências naturais. Nas associações garimpeiras existem poucos técnicos dedicados a usar seus conhecimentos em prol da causa ambiental. Assim, ainda não conseguimos transmitir os programas de sustentabilidade ambiental para a classe. Mas já existe a preocupação sobre este tema e está sendo desenvolvido paulatinamente em Itaituba, pela AMOT.
Um pesquisador (meu irmão) florestal me mostrou que os gestores municipais nunca se preocuparam em adornar as avenidas e ruas com os espécimes bonitos que ocorrem na floresta amazônica. Preferem trazer palmeiras imperiais aos taxizeiros ou samaumeiras, plantam acácias ao invés de visgueiros, deixam de trazer conhecimento (pela plantação) ao povo urbano sobre mogno, ipê, louro e tantas outras espécies amazônicas. Misturar estas a palmeiras amazônicas, como tucumã, inajá, buritirana, pupunha, açaí e outras espécies de classificação desconhecida foram muito pouco ou nada utilizadas para o paisagismo, que traria a beleza natural ao ambiente amazônico urbano.
Os indígenas mais velhos sabem que uma floresta em pé gera mais recursos naturais que se ela for derrubada para criação de pastos, mas os mais novos, com o aumento da população indígena promovem a derrubada de árvores para aumentar os pastos de bovinos e a agricultura de subsistência.
E à medida que aumenta a população indígena, seus valores de sustentabilidade vão diminuindo. Muitos já se dedicam a garimpagem aurífera, sem estudo geológico ou planejamento mineral, vão destruindo as matas ciliares e sua fonte de vida (os igarapés) vão diminuindo paulatinamente. E alguém poderia argumentar que antes do "domínio branco" existiam milhões de indígenas no Brasil e não havia a destruição das florestas? Não podemos esquecer que eram milhões de indígenas e nenhum branco por aqui. Também não existia um desejo irremediável de usufruir das atuais benesses da civilização: rádio, televisão, geladeira, fogão a gás, celulares etc. Para isso tem que fazer parceria com os civilizados, que detém o poderio economico para comprar equipamentos de alto poder escariante (no caso de garimpagem em rios) ou equipamentos de desflorestamento contínuo e rápido.
E seus valores também vão pelo ralo...
A biodiversidade da floresta amazônica, que responde por quase 40% das reservas de florestas tropicais úmidas ainda existentes no planeta, corresponde a mais de 20% de todas as espécies vivas do planeta. Mas avançamos demais na devastação e ainda há tempo de reverter este quadro preocupante.
No entanto, p
Floresta3.jpgor ser um ecosistema extremamente frágil necessita de atenção redobrada na sua exploração, uma vez que a retirada de sua vegetação, que retém os nutrientes, transformaria, provavelmente, a floresta em uma área desertificada, que afetaria o equilíbrio ecológico e aumentaria o efeito estufa.
Então, quando vamos começar a nos preocupar seriamente com a preservação equilibrada de nossos recursos naturais finitos? Quando juntaremos os cacos e faremos um belo adorno em torno do desenvolvimento? Da vida?
E pra não esquecer: hoje deveríamos celebrar o Dia da Mata Atlântica. Existe razão para festejar sobre aquela que cobria todo o litoral brasileiro e hoje está reduzida a 7% da porção original?
Faça a sua parte!


Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/geografia/floresta-amazonica.htm http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351813.shtml

26 de maio de 2008

Iniciação Científica

Técnicos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará, Fapespa, começam nesta segunda, 26 de maio, uma marotona de visitas a diversas cidades do inteiror do Pará.
A estratégia tem como objetivo potencializar o envolvimento de pesquisadores, professores e estudantes no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior, PIBIC JR.
Santarém, Altamira, Conceição do Araguaia, Redenção, Marabá, Paragominas, Bragança, Capanema Castanhal, Tucuruí, Soure, Breves e Cametá serão as cidades visitadas, a partir de hoje até o dia 5 de junho.
Na bagagem, os técnicos da Fapespa levam camisas, cartazes e folders educativos sobre o PIBIC JR.
Na semana passada, durante encontro na UFPa, a secretária de educação do Estado, Iracy Gallo, anunciou uma bolsa de R$ 200,00 para os professores da rede pública de ensino que participarem do programa.
De acordo com o diretor-presidente da Fapespa, Ubiratan Holanda, “esta bolsa instituída pela Seduc é um verdadeiro estímulo ao PIBIC JÚNIOR”.

Fonte: FADESPA

Debates Ambientais no Faça Sua Parte

Pra Refletir

“A preservação da Amazônia, como a de todos os demais ecossistemas brasileiros, tem de ser uma preocupação de primeira ordem para todos neste país, mas não é assunto para interferência de grupos privados internacionais ou de potências estrangeiras. Para deixar bem claro esse ponto, o governo deveria, desde logo, abandonar qualquer conversa sobre financiamento de outros países para políticas de conservação. Aceitar financiamentos de governos ou de grupos estrangeiros é uma forma de encorajar a interferência.”

Editorial “A Amazônia tem dono”, de “O Estado de SP” (25/5)

Mudanças Climáticas

Como os fenômenos atmosféricos e as transformações climáticas influenciam no dia-a-dia de indivíduos e sociedades? É o que irá debater o Simpósio Internacional "Clima, Conhecimento Local e Vida Cotidiana", que acontece de 26 a 30 de maio, no Rio de Janeiro.
Durante o evento, cerca de 50 trabalhos serão apresentados em 12 mesas-redondas, que exibirão temas como: Desastres Naturais e Conhecimentos sobre Meio Ambiente, Ciência do Clima e da Sociedade e As Faces Públicas do Clima.


A programação completa está disponível no site http://www.weatherlife.org.

Em Pauta

Estados da Amazônia buscam pauta comum

Mauro Zanatta e Caio Junqueira

Valor Econômico


Os governadores da Amazônia Legal preparam uma ofensiva política contra o pacote de arrocho ambiental implementado pelo Ministério do Meio Ambiente. O primeiro ato ocorrerá nesta sexta-feira, em Belém (PA), durante inédito encontro dos chefes do Executivo de nove Estados da região.

Nesta primeira edição do Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, que terá a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais focos será a revogação da medida que vincula a concessão do crédito rural à comprovação de regularidade ambiental e fundiária das fazendas situadas no bioma amazônico. Os dirigentes querem adiar a resolução aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que entra em vigor em 1º de julho.

Parte deles também quer rediscutir as medidas do pacote ambiental, que incluem ações nos 36 municípios campeões da derrubada da floresta, recadastramento obrigatório para 15,4 mil propriedades com área superior a 320 hectares em seis Estados, embargo a áreas declaradas irregulares em 557 municípios do bioma amazônico e a "co-responsabilização" da cadeia produtiva compradora de produtos da região - frigoríficos, madeireiras e processadoras de grãos.

Apoiados pela bancada ruralista da região e por empresários do agronegócio, parte dos dirigentes estaduais aposta no novo fórum para construir uma agenda comum para a região. Outra parte busca ser um contraponto ao Ministério do Meio Ambiente. "Aqui, as pessoas entendem que as ações (da União) são contra o Estado, e não contra mim. Os milhões de habitantes da Amazônia também entendem que isso afeta as vidas deles" , resumiu ao Valor o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), principal alvo dos ambientalistas e interlocutor preferencial de Lula no agronegócio. "Mudou a lei, vamos cumprir. Mas isso (o pacote) quebra meu Estado, criminaliza o setor. É um embargo econômico, uma discriminação. Não produzimos cocaína aqui, mas comida, alimentos para o país".

O coordenador da bancada de 82 parlamentares da Amazônia, deputado Paulo Rocha (PT-PA), também sugere ao governo um recuo no arrocho ambiental. E avisa: "Vamos usar a força da bancada para negociar com o Banco Central para evitar outro gargalo na região", diz. "O governo quis dar um tranco, mas o lado empresarial precisa de um prazo maior para se adequar. Não pode cortar (o crédito). Tem que dar tempo para transição". Ele avalia haver uma "falsa polarização" na região. "O boi é importante, mas não se pode mais devastar para criar gado. E precisamos do reflorestamento para atender à siderurgia", analisa.

Os governadores esperam superar, neste fórum, a distância geográfica entre as capitais, a falta de articulação política e as diferenças históricas nas prioridades econômicas. Na carta assinada pelos nove dirigentes, o desmatamento é prioridade: "É preciso revertê-lo, estabelecendo parâmetros precisos e eficazes", entendem. "Estamos convictos que tal tarefa só será alcançada se houver um esforço regional e a compreensão nacional dos caminhos que precisamos trilhar para alcançar a sustentabilidade do desenvolvimento da Amazônia".

Aliada do presidente Lula, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), explica a idéia. "Precisamos unificar o que é possível. O fórum é um caminho para isso. Tem que haver alguma unidade entre nós, mas primeiro precisamos estabelecer o que é que vamos defender juntos", diz. Ela pondera que o novo ministro do Meio Ambiente, o ambientalista Carlos Minc, precisa conhecer o que chama de "distintas realidades da Amazônia", algo com que a ex-ministra Marina Silva, sendo da região, tinha mais intimidade. "Preferia que a Marina não tivesse saído. Como governadora do Pará, era importante ter uma ministra da Amazônia, que conhece suas distintas realidades".

Radical defensor do agronegócio, o governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), aposta na derrota das medidas. "Não vai passar. Tem muito água para rolar debaixo dessa ponte", diz. Dono de madeireira, Cassol tem como vice o pecuarista João Cahulla (PPS) e rejeita aproximações com ONGs ambientalistas. "Não tem acordo".

Menos agressiva, Ana Júlia espera a presença de Carlos Minc na primeira reunião do fórum para uma interação com a agenda da região. Como sugestão, a governadora quer apoio para a criação de um "FPE Verde", um fundo de participação dos Estados que leve em consideração a realização de bem-sucedidas políticas ambientais, como um item de aproximação entre os dirigentes.

Dono de milhares de hectares de soja e de uma das maiores tradings do país, o governador Blairo Maggi insiste na suspensão do pacote ambiental pela impossibilidade de a União cumprir as novas normas. "Mato Grosso não se adapta em um ano. Precisamos de mais tempo. Temos 20% ou 25% das áreas com licença ambiental, mas temos que ir devagar, com critério", afirma. Para ele, a solução passa pela aprovação, no Congresso, da compensação financeira a quem mantiver a floresta em pé. "O sistema atual não permite compensação em dois ou três anos", diz, em referência à burocracia para fazer a compensação ambiental em caso de desmatamento além dos limites legais permitidos (20% da área da fazenda).

Se por um lado a saída da acreana Marina Silva gerou lamento em governos amazônicos pela perda de uma liderança da região em Brasília, por outro pode ter sido o estímulo que faltava em busca de uma convergência na pauta ambiental nunca atingida. Neste esforço, entrará o presidente Lula, preocupado com a repercussão mundial da saída de Marina. Além de participar do fórum, Lula lançará, no Pará, o programa de reflorestamento "Um bilhão de árvores", apoiado pelas Nações Unidas.

A tentativa de "esverdear" a agenda do presidente, porém, não parece empolgar parte dos dirigentes da Amazônia. No Acre, a saída de Marina Silva levou o governador Binho Marques (PT), amigo da ex-ministra e dono do mesmo estilo discreto, tem preferido o silêncio a declarações públicas sobre o fato. O governo acreano viu a saída da ministra tal qual Marina a explicou: a dificuldade em transformar a política ambiental em uma política assumida por todo o governo. "O sistema político-econômico brasileiro não compreende ainda a chamada "questão ambiental"", diz Toinho Alves, assessor especial de Binho Marques. Nesse sentido, a chegada de Carlos Minc ao Meio Ambiente não deve gerar grandes mudanças. "Minc fala em "desmatamento zero", mas quais as chances dessa posição se tornar a política oficial do Ministério e do governo federal? A política ambiental do Brasil, hoje, já é suficiente para desagradar a muita gente nos Estados da Amazônia", diz o assessor do governador acreano.

A Polêmica Existência das Florestas

Triste ler estas declarações de um gestor público:

"O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, afirmou que alimentos não “nascem nas gôndolas do supermercado” e “quer seja em Mato Grosso, São Paulo ou Rio Grande do Sul, não se faz agricultura ou pecuária sem retirar a floresta. Essa é a grande verdade”, disse ele. A reportagem é de Rodrigo Vargas para a o jornal Folha de S.Paulo, 24-05-2008.

No dia seguinte ao seu encontro com o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável), o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), no último dia 21, diante de uma platéia formada por políticos e agricultores de Itaúba (600 km de Cuiabá), disse que “não se faz agricultura sem retirar a floresta” e que produtores rurais carregam o estigma de destruidores da natureza, quando, na verdade, são responsáveis pelos alimentos que chegam às grandes cidades.

Para Maggi, os críticos do atual modelo de produção agrícola “se esqueceram” que produtos não nascem nas prateleiras dos supermercados. “Aqueles que vivem nas cidades se esqueceram de onde vem o frango, esqueceram de onde vem a carne. Eles acham que tudo aquilo nasce pronto lá na gôndola do supermercado. Que o Danoninho, o iogurte, nasce ali. Eles já não sabem mais que o leite tem que sair de uma vaca, criada em um lugar que já foi floresta”, disse Maggi.

O discurso de Maggi foi gravado e repassado à Folha por sua assessoria. Em um dos trechos, diz: “Quer seja em Mato Grosso, São Paulo ou Rio Grande do Sul, não se faz agricultura ou pecuária sem retirar a floresta. Essa é a grande verdade”.

Ainda no discurso, Maggi defendeu que “esse é o momento da construção de um novo pacto. Daqui para a frente, precisamos tirar esse estigma, esse preconceito sobre os setores produtivos. Nós concordamos com a atual política de não mais aberturas. Tanto é que a Sema [Secretaria Estadual de Meio Ambiente] está sendo rigorosa. Estamos trabalhando para construir algo diferente, em harmonia com a natureza, e retirar da terra o que é necessário para a gente viver.”

Maggi reivindicou, ainda, a construção de uma política “diferenciada” para o Estado, em relação aos outros integrantes da Amazônia Legal. Segundo o governador, a população mato-grossense não é “extrativista”. “Não aceitamos a mesma discussão que se faz para o Acre e o Amazonas. Nós não nascemos na floresta e não aprendemos a viver nela. Pelo contrário, a grande maioria daqueles que aqui moram veio de outros Estados para fazer a vida.”

O “povo” de Mato Grosso “não pensa em destruir. O que ele pensa e foi ensinado é que lugar de mato não vale nada, governo não aparece, não tem cidade boa para se viver, não tem estrada. Então a participação dessas pessoas não é a de destruir, mas de construir uma vida melhor. Para isso, é preciso usar a natureza.”

Sobre as críticas do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), Maggi disse considerar que são motivadas “por desconhecimento” e que tem certeza de que haverá entendimento. Ontem o governador informou que não tinha nada a comentar sobre as declarações porque elas haviam sido dadas em um evento público".

Fonte: Blog Ecodebate

Agora Vai?

Um pedido de paciência foi feito pela Sema/Pará aos consultores, nesta sexta-feira passada em relação aos projetos de manejo que estão sob análise dos técnicos.
Prometeram que em 1 semana publicam as notificações das pendências dos projetos.
Aguardar...

Funciona?

Uma portaria conjunta entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Instituto de Terras do Pará (Iterpa) instituiu grupo de trabalho objetivando propor um mosaico de usos a partir da identificação de áreas para a criação de Unidades de Conservação (UCs), para destinação a povos e comunidades tradicionais, regularização fundiária e para produção florestal no oeste do Pará, nas glebas de Curumucuri, Mamuru, Nova Olinda e Nova Olinda II.
De acordo com a Portaria 001/2008 o GT será composto por um representante da Sema, Iterpa e do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor)
.
Fonte: Sema/Pará

Debates Ambientais

Florestas: até quando haverá uma?

Este post faz parte do ciclo Debates Ambientais do Faça a Sua Parte.

















O primeiro passo foi descer das árvores e habitar em cavernas. Depois de um longo tempo, aprendemos a construir casas. À medida que a população aumentava, aumentava o número de casas e se formaram as vilas e cidades. Para dar espaço às cidades que cresciam, as florestas foram asfaltadas, ligando cidades, vilas e zonas industriais. O retorno tornou-se impossível: não há cavernas suficientes e as árvores não oferecem o conforto a que estamos habituados. A convivência entre seres humanos e o verde das florestas parece ter se tornado um dilema: um dos dois deve diminuir para que o outro possa expandir-se. A natureza tem se ocupado em mandar-nos algumas calamidades que dizimam parte da espécie humana; os seres humanos também colaboram para a auto-destruição com a má alimentação que provoca doenças e embalagens que duram anos, trânsito assassino, criminalidade e guerras. Apesar dos esforços das duas partes, a população continua crescendo. Já há quem espera por uma hecatombe ou pela terceira guerra mundial para resolver - temporariamente - o problema. Há soluções? O dilema realmente existe? A convivência é realmente impossível?

Falar em controle da natalidade é comprar uma briga muito grande, mas algo precisa ser feito, ou o cimento também acabará. Enquanto soluções não despontam, podemos ao menos aumentar o número de árvores e preservar as que já existem. E não me refiro somente à Amazônia ou ao pouco que sobrou da Mata Atlântica. A China, por exemplo, tornou-se o maior exportador mundial de madeira; boa parte colhida ilegalmente das florestas russas. Também a Finlândia tem sido acusada de utilizar madeira das florestas primárias escandinavas e o reflorestamento de que tanto se ouve falar é basicamente de pinus, madeira utilizada ostensivamente no comércio que tem a vantagem de haver um crescimento rápido. Com a destruição da flora original perde-se, também, a fauna e a população nativa. De fato, nos 5% de florestas primárias escandinavas que restam, expreme-se a última grande população indígena europeia, os Sami. O resto do norte europeu não se encontra em situação diferente, assim como o Canadá com enormes problemas de desmatamento. Tentei informar-me sobre uma lei que transitava no congresso russo alguns anos atrás, a qual permitia o uso das florestas para projetos comerciais e de lazer (?), mas a busca obteve um resultado desestimulante. Somente 10% do desmatamento na Rússia é causado pelo comércio de madeira. O restante acontece em função dos projetos comerciais e para extração de petróleo e minérios. O problema é sempre de ordem econômica e política. Por que a imprensa internacional aponta o dedo para a Amazônia, toda vez que fala em preservação das florestas?

Recentemente, lendo uma matéria do Pedro Dória, não pude deixar de concordar quando ele fala sobre a falta de um projeto para a Amazônia. Mas por que ninguém fala, também, do Canadá, da Rússia, dos países europeus e da China, com seus desertos que crescem em ritmo jamais vistos? Não que os problemas alheios minimizem os nossos, mas não podemos nos sentir como os únicos vilões nessa história. O que você, leitor indignado com o problema da Amazônia, sabe sobre o que vem ocorrendo nos outros países?

A proposta, pois, seria de mudar o foco do discurso. Invés de falarmos de desmatamento e do fim das florestas, passássemos a falar, debater e promover o reflorestamento. O problema já existe e somos conscientes dele. Tratemos agora das soluções.

E por que não reunir todas as informações disponíveis sobre reflorestamento? A partir desse banco de dados que seria constantemente atualizado, procurar envolver o maior número de entidades para um projeto maior, que seria por em prática uma política de reflorestamento.

Se quisermos sair da esfera da utopia devemos fazer algo para mudar a situação. Algo como iniciar um projeto popular e buscar envolver todos os órgãos e entidades possíveis, para lançar uma campanha de reflorestamento. Associações de bairro, ONGs, prefeituras, escolas, universidades, pessoas famosas, os governos estaduais e o Governo Federal, a ONU, enfim, todos que pudermos atingir e estipular, digamos, o ano de 2012, como o Ano do Reflorestamento. Até lá, estudos, pesquisas, projetos e compromissos seriam elaborados.

Também parecia um sonho quando, em 1861, D. Pedro II decidiu mudar o panorama do Rio de Janeiro, que enfrentava o problema da falta d'água causado pela devastação das florestas que circundavam a cidade, para uso da madeira e para o plantio. Hoje a Floresta da Tijuca é a maior floresta artificial do mundo e a maior em área urbana. Também parecia um sonho a diminuição da poluição de Cubatão, conhecida nas décadas de 70 e 80 como a região mais poluída do mundo. Hoje Cubatão é sinônimo de recuperação de áreas poluidas. E o que dizer do projeto da Universidade Federal de Santa Catarina, que desenvolve tecnologia para recuperação de florestas degradadas? Quantos outros projetos e exemplos existem sem que se fale deles? O problema é que, isoladas, essas ações não causam o impacto que merecem.

A esse ponto deve haver alguém balançando a cabeça enquanto avalia a minha ingenuidade. Pois bem, todas as ações humanas contra ou a favor da natureza tiveram um início. Pode-se escolher entre ficar observando de camarote os acontecimentos ou fazer parte deles. Não é necessário ter que escolher entre desenvolvimento e preservação, como bem esclarece esta entrevista com o economista Lester Brown, fundador da ONG Worldwatch Institute e do instituto de pesquisas Earth Policy.

A convivência entre seres humanos e o verde das florestas não precisa continuar um dilema, mas cabe a nós mudar a situação. Sugestões, participação, idéias e propostas serão bem aceitas. As críticas, também.

24 de maio de 2008

Propaganda Antecipada?

Do Blog do Estado:

"A multinacional Cargill pediu pauta da reunião da Associação Comercial e Empresarial de Santarém(ACES) marcada para o dia 27 deste mês, para apresentar os estudos preliminares de elaboração do Eia/Rima do terminal graneleiro da Vera Paz"
.

Qual será o propósito desta "apresentação"?
Angariar adeptos de uma possível aceitação do Eia/Rima antecipadamente?

Blogagem Coletiva no Dia Mundial do Meio Ambiente

Crônica de uma morte anunciada

Debates Ambientais do Faça a sua parte:

Por Ricardo Ribeiro

O feio não tem vez.


Neste país de estéticas importadas, onde todos sabem o que é e o que come um coala, mas ninguém sequer ouviu falar na cuíca - a não ser como instrumento de carnaval; no qual seus infantes ainda desenham "natureza" com graminha aparada, uma casinha, uma árvore de tronco liso e reto, um jardim florido, elefantes, ursos e gatinhos; Onde seus habitantes entendem Meio ambiente como um lugar "sem nada", a ser ocupado com "alguma coisa".

Neste contexto, o que será do nosso seco, torto e feio cerrado?

Esta é a paisagem mais característica deste ambiente: árvores pequenas de troncos ásperos e tortos devido à presença de alumínio no solo; Ambundante vegetação gramínea e arbustiva, que grande parte do ano permanece ressecada pela ausência de chuvas característica do clima da região; solo vermelho-amarelado quase sempre exposto e poerento, alternando com emaranhados de arbustos espinhosos quase intransponiveis.

A primeira vista, nada elegante.

Ou seja: é realmente mato! Foi assim que os primeiros habitantes europeus o chamavam: Mato sujo ou campo sujo, que depois passou parra campos cerrados e mata cerrada. Isso explica por que o estado de Mato Grosso Chama-se "mato grosso"!

O Cerrado é ambundante como a Amazônia, mas destruído como a Mata Atlântica; Foi incluído recentemente no rol dos ecossistemas de maior biodiversidade do planeta. E ainda assim é o espaço vazio para onde se expandiu a nossa pecuária e mais recentemente - nos últimos dois séculos - a agricultura.


Mas voltando ao assunto: O fato de o cerrado não o mesmo apelo ambiental de outros tipos de vegetação faz com ele seja destruído descriminadamente. E, por incrível que possa parecer, ele naturalmente já fazia isso com ele mesmo...

Uma das mais controversas características desse ambiente é a ocorrência natural do fogo como um dos fatores mais importantes desse processo de regeneração. muitas sementes e plantas só se desenvolvem depois que o fogo queima suas grossas cascas e o solo é "adubado" com os sais minerais remanescentes nas cinzas. Isso quer dizer que há um cilco natural de fogo, assim como há um ciclo natural de chuva. Com esse pressuposto, como pode ele sobreviver?

Segundo alguns especialistas, deixando como está. Com intenso processo regenerativo, apenas parando com a destruição já seria possível ter um retorno de até 80% da vegetação. Possui uma curiosidade, um processo bem interessante e fácil de se verificar.

Querem ver? É só deixar o terreno vazio sem cortador de grama por uns...15 anos. Inicialmente, o primeiro "mato" represetado pelas gramíneas cresce até atingir mais ou menos meio metro e frutifica - isso mesmo! - nos vulgarmente conhecidos "carrapichos" que prendem nas nossas roupas e nos pêlos dos animais ou são levados pelo vento; a grama se multiplica e cresce, criando uma região de humidade entre o solo e a vegetação favorecendo o desenvolvimento do segundo "mato": as plantas arbustivas. A maioria absoluta de todos os chás, remédios e temperos do mundo inteiro vem desse "mato" (também chamado de erva daninha, é aquele que, mais adaptado à região, ocupa e elimina nosso jardim florido...). Por sua vez, os arbustos fazem sombra abaixo, o que impede o crescimento da grama. o solo exposto favorece o crescimento do terceiro tipo de mato: a vegetação arbórea, que cresce e ocupa alguns dos espaços. E todo essa mato estava apenas "adormecido" ou dormente, esperando as condições certas para acordar...

Esse é o processo que chamamos de sucessão ecológica, no qual o cerrado é craque.

Esse seria o quintal observado por matogrossenses, goianos, brasilienses, mineiros, baianos do sul e paulistas do noroeste. Infelizmente, cada vez mais amazoninos estão presenciando esse efeito (com as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento do globo somado ao desmatamento intensivo, muitas regiões de floresta amazônica estão se transformando em cerrado...).

E isso seria possível se pudéssemos considerá-lo como o vemos - feio, torto e sujo - e, ao valorizarmos a cultura nacional transformá-lo como realmente é - com a beleza dos Ipês, quaresmeiras, e guapuruvus floridos, uns no início, outros no final da época das chuvas.

E se parássemos de vê-lo como lugar vazio, pronto para o desenvolvimento energético e alimentício do país.

Esse é o desafio.

Boa Sorte

23 de maio de 2008

Biodiversidade: sem flora?

Por Denise Rangel

A preocupação com a intensa degradação da biodiversidade e dos ecossistemas tem levado você a refletir um pouco sobre o hábito, aparentemente tão inofensivo, de enfeitar as nossas casas e propriedades com as plantas da flora nativa? Preocupação, sim, pois a devastação da flora é causadora de vários problemas ambientais, como a perda de muitas, muitas mesmo (veja a lista acima), espécies de grande importância econômica, estética, científica, genética e ecológica.

Escolhi falar sobre as bromélias, tão comuns nos jardins e nas praças, e que estão ameaçadas de extinção. Elas fazem parte de uma família de cerca de 3 mil espécies. Mas, não só a ornamentação (que traz grandes lucros aos comerciantes e estimula a coleta predatória) é responsável por esta ameaça de extinção das bromelias. Há também a devastação de seus habitats naturais, por aqueles que a julgam proliferadora de insetos responsáveis pela transmissão de doenças como a malária e o dengue.

Felizmente, há pessoas do Bem, como o produtor Rogélio Dosouto, proprietário do Viveiro Adônis, no Parque Cerros Verdes, na região da Serra da Cantareira, em São Paulo (SP), que, além de produzir diversos tipos de plantas ornamentais e árvores nativas para reflorestamento, tem se interessado pelas bromélias. Em 1994, começou a desenvolver técnicas para a multiplicação de bromélias.

Pesquisas como estas são importantíssimas, pois, as mudas produzidas em viveiros é uma alternativa para diminuir, e , quem sabe, acabar, com a coleta predatória e desvastadora do ambiente. Assim, os paisagistas e consumidores, como nós, que desejamos proteger nosso habitat, não temos mais desculpas pela extração das espécies das matas. Isso demonstra uma atitude ecoconsciente, pois as bromélias exercem importante papel no equilíbrio ecológico, como alimento, moradia e refúgio para inúmeros seres vivos - desde protozoários até mamíferos.

Pois é, pessoal, a nossa consciência ambiental precisa estar acima da moda de fazer jardins em nossas propriedades, e nos fazer lembrar sempre que , devido à grande procura de mudas de flores, principalmente as bromélias, a mata nativa corre grave ameaça de extinção de várias de suas espécies. Por lei, apenas o comércio de bromélias cultivadas em viveiros é permitido; extraí-las da mata é ato punível com apreensão da planta e multa que pode chegar a 50.000 reais. Será que é necessáirio medidas tão severas para que as nossa flora seja protegida?

Vamos, sim, cultivar nossas plantinhas, mas com mudas legais, ouviram! Não há necessidade de se depredar a natureza. Casa linda e natureza preservada é algo que precisa ser bem equilibrado. Então, da próxima vez que nós formos comprar uma muda de planta, seja ela bromélia ou outra espécie, tenhamos o cuidado de observar a procedência dela, fazendo, assim, a nossa parte para preservar as plantas que estão ameaçadas de extinção, está certo?

Fonte:
Espécies da flora ameaçadas de extinção - IBAMA
Bromélias preservadas - Jardim de flores
Imagem: Bromelia

Vem aí a Blogagem Coletiva do Dia Mundial do Meio Ambiente,
promovido pelo Faça a sua parte!
Dia 5 de junho - Participe!

Multa do IBAMA

A transposição do rio São Francisco - importante obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)- foi multada em R$ 374 mil por desmatar área às margens do rio e descumprir exigências feitas pelo órgão de licenciamento ambiental do governo.

O Ministério da Integração Nacional, responsável pelo empreendimento de mais de R$ 5 bilhões, informou anteontem que analisa se recorrerá da punição aplicada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na sexta-feira.

"Achamos que não somos culpados, a proibição de desmatar áreas de proteção permanente prevê exceções em caso de obras de alto interesse público", alegou João Santana, secretário de infra-estrutura hídrica do ministério e coordenador da obra.

A multa decorre da vistoria iniciada no ano passado por equipe do Ibama nos primeiros trechos da transposição, localizados nos municípios de Cabrobó e Floresta, ambos em Pernambuco, com base das condições impostas pelo instituto para autorizar o início da obra.

"Que pode mudar no meio ambiente?" por Washington Novaes

É quase impossível acreditar que não figurasse nas possibilidades antevistas pelo presidente da República - ao nomear outro ministro para coordenar o Plano Amazônia Sustentável, sem o conhecimento e a concordância da ex-ministra Marina Silva - a possibilidade de esta se demitir do Meio Ambiente.

Por que terá ele escolhido esse caminho? Com o propósito de forçar sua saída? É possível que assim tenha sido. Para evitar, por exemplo, atritos com vários governadores (Mato Grosso, Rondônia, Pará) e com a quase totalidade da corporação político-econômica da Amazônia, com ela em confronto, em ano eleitoral.

Há quem acredite que entre as razões se incluiria o início do processo de licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, no Baixo Xingu, mais problemática que as do Rio Madeira (basta ver o primeiro conflito com índios que protestavam esta semana contra a usina, entre eles a índia Tuíra, que, no final da década de 80, quando se discutia o mesmo projeto, encostou um facão no pescoço de um diretor da Eletronorte).

Há também quem suponha que se tratou de prevenir um confronto com áreas militares no caso da demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em que já se antevê possibilidade de algum recuo do governo federal. Há quem veja a oposição da ministra à usina de Angra 3 e a outras nucleares que o governo decidiu implantar.

E que acontecerá a partir da saída da ministra e da ascensão de Carlos Minc? Será complicado. O presidente já decidiu manter na coordenação-geral do Plano Amazônia Sustentável o ministro Mangabeira Unger, e não outra pessoa, como anunciara o novo ministro.

Não haverá novos recursos para chegar ao “desmatamento zero” naquele bioma (foi negada a Minc a liberação de R$ 1 bilhão contingenciados de royalties de hidrelétricas e empresas de saneamento) - e isso quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais confirma o aumento em curso do desmatamento e quando o Ministério continua a contar com pouco mais de 0,5% do orçamento federal para todas as suas atividades, inclusive a de montar estruturas de regulação fundiária, monitoramento e fiscalização em milhões de quilômetros quadrados.

Será difícil ainda obter apoio do Executivo no Congresso para impedir que ali se aprovem medidas como o projeto que, na prática, reduziria de 80% para 50% em cada propriedade a reserva legal em áreas de florestas. E ainda ter fôlego para a discussão sobre asfaltamento da BR-163, saneamento, “transversalidade” no governo. É muito.

Pode-se tentar ver mais de perto o licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, projetada para gerar 11,5 mil MW, mas que, segundo especialistas, na época de seca só teria água para 4,6 mil MW (o que levaria, após o primeiro licenciamento, à estratégia de implantar outros reservatórios de novas hidrelétricas a montante, no mesmo rio, para garantir o armazenamento de água para a estiagem).

Outros argumentos têm sido alinhados, como o da desnecessidade dessa implantação, diante de estudos que mostram a possibilidade de reduzir em até 50% o consumo nacional de energia, com investimento muitas vezes menor. A tecnologia de bulbos, prevista para a obra, também seria temerária.

O problema maior da ex-ministra parece haver sido o retorno de taxas maiores de desmatamento na Amazônia, embora muitos críticos atribuam a queda anterior não a méritos do Ministério do Meio Ambiente, mas em grande parte à baixa das cotações da soja e da pecuária durante três anos. Mas ela sofreu também derrotas em temas nos quais a posição de seu Ministério era a mais adequada para o País.

Por exemplo, na aprovação dos alimentos transgênicos, com derrota no Congresso articulada pelo próprio Executivo e pelo partido a que pertence a ex-ministra. Ou na importação de pneus usados, em que prevaleceu a posição do Itamaraty.

Ou no licenciamento (por um Ibama retalhado) das hidrelétricas do Rio Madeira, exigido pelo Ministério de Minas e Energia. Poderiam até ser motivo de orgulho para a ex-ministra essas derrotas. O problema está em haver aceitado derrotas articuladas por seus aliados no mais alto nível.

Há outros pontos questionáveis. Na transposição de águas do São Francisco, por exemplo, quando a ex-ministra deu entrevistas aprovando o projeto antes de licenciado pelo Ibama, a ela subordinado. Também no projeto de lei de gestão de florestas públicas, que recebeu críticas contundentes de muitos cientistas, nunca respondidas.

Ou ainda na decisão de repassar a competência para licenciar desmatamentos a governos estaduais que não têm estruturas para tanto e são mais vulneráveis a pressões políticas e econômicas locais (o novo ministro anunciou que pretende continuar com essa política). Em alguns dos Estados onde houve o repasse, como Mato Grosso, Rondônia, Pará, o desmatamento voltou a crescer.

Ainda seria possível mencionar que se levou anos para criar no Ministério uma secretaria de mudanças do clima e que ainda não temos política definida para essa área crucial, fortemente relacionada com a Amazônia, já que 75% das nossas emissões, que nos colocam como o quarto país mais poluente, se devem a desmatamentos, queimadas e mudanças no uso da terra. Da mesma forma, a escassez de ações no bioma Cerrado, que está perdendo 22 mil quilômetros quadrados por ano.

Mais difícil que tudo, provavelmente, será conseguir o novo ministro que o País tenha uma estratégia territorial que lhe permita não apenas formular uma política adequada para a Amazônia, o Cerrado, o clima, mas principalmente colocar recursos e serviços naturais como o centro de todo o planejamento brasileiro.

Eles - tem sido dito aqui - são hoje o fator escasso no mundo: biodiversidade, território, insolação, recursos hídricos, energias renováveis, “limpas” e alternativas (solar, eólica, marés, biomassas). São a nossa melhor possibilidade.

Washington Novaes é jornalista (wlrnovaes@uol.com.br).
Artigo publicado no “Estado de SP”

Mangabeira Abre a Boca e...

Numa audiência rápida na Câmara, Mangabeira Unger defendeu a reestruturação do Incra e sugeriu que o governo restrinja os incentivos fiscais para a instalação de empresas agropecuárias e mineradoras na Amazônia.

Afirmou que o governo deve privilegiar os incentivos a empresas que podem agregar valor à região. Sobre o Incra, disse que a idéia é inibir a "insegurança jurídica".

(Folha de SP, 22/5)

Quer dizer que êle não mudou nada... Quem sabe se um conselho do Romário possa vir a fazê-lo refletir sobre opinar na Amazônia. Aquele que êle deu pro Pelé...

Reconhecimento

O SBPC agradece a ex-ministra Marina Silva o seu interesse em internalizar as questões ambientais brasileiras e, principalmente, as amazônicas.
"Mais do que internacionalizar nossas questões macro ambientais, Marina Silva internalizou-as. O país não mais ignora as questões amazônicas e deixou de encará-las apenas como questões distantes”, diz presidente da entidade".
Veja a nota aqui.

Um Pilar!

Faleceu o senador Jefferson Péres, cujo corpo vai ser velado no Palácio Rio Negro, em Manaus.
O parlamentar morreu hoje aos 76 anos depois de sofrer um ataque cardíaco fulminante em casa.
Péres era o líder do partido no Senado.
Em 2006, foi candidato a vice-presidente na chapa de Cristovam Buarque.
Em nota, o presidente Lula afirmou que o senador foi um defensor intransigente da democracia e da ética.
Outros senadores elogiaram, durante a sessão, o comportamento ético e moral do senador falecido.

Ameaça das Mudanças Climáticas

Uma de cada oito aves do mundo está ameaçada de extinção devido ao aquecimento global, afirmou um importante grupo ambientalista nesta segunda-feira (19).

As populações de aves raras como o rouxinol-floreana, das ilhas Galápagos, ou o maçarico-de-bico-de-colher, que se reproduz no norte da Rússia e passa os invernos no sul da Ásia, diminuíram acentuadamente, e esses animais podem se extinguir, afirmou em um relatório a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

O documento "Lista Vermelha das Aves", publicado no primeiro dia de uma conferência da Organização das Nações Unidas sobre a biodiversidade que ocorre entre os dias 19 e 30 de maio, em Bonn (Alemanha), afirma que 1.226 espécies de ave se encontram ameaçadas. O relatório anual, que possui grande respaldo entre os ambientalistas, acrescentou oito das 10 mil espécies de ave do mundo à categoria de criticamente ameaçada, o maior grau de risco.

"A versão mais recente da Lista Vermelha da IUCN mostra que as aves enfrentam uma pressão enorme devido às mudanças climáticas," diz Jane Smart, chefe do Programa de Espécies da IUCN. A entidade reúne governos, grupos ambientalistas e cientistas.

Períodos prolongados de seca e alterações climáticas bruscas fragilizam cada vez mais habitats dos quais as aves dependem, afirmou o documento, observando que os casos de extinção estão ocorrendo em áreas continentais, e não em ilhas, onde esse tipo de fenômeno costumava ser mais comum.

Entre as espécies incluídas na lista de aves ameaçadas estão o maçarico da Eurásia e a felosa de Dartford, que vivem na Europa e no noroeste da África. Ambos encontravam-se antes na categoria "menos ameaçadas". O relatório da IUCN afirmou que o Brasil e a Indonésia possuem os maiores números de espécies ameaçadas, com 141 e 133, respectivamente.

O grupo citou várias outras espécies cuja população diminui rapidamente. Entre essas está o maluro-de-mallee. O habitat dessa ave tornou-se tão fragmentado que um único incêndio florestal pode ter consequências catastróficas, afirmou o relatório.

Nas ilhas Galápagos, a população do rouxinol-floreana caiu para menos de 60 indivíduos -- em 1996, estimava-se que essa cifra fosse de 150. E hoje o animal consta da lista dos criticamente ameaçados porque é extremamente vulnerável a fenômenos meteorológicos extremos.

O documento citou também algumas espécies cuja situação melhorou devido a esforços de conservação, entre as quais o pombo-imperial-marquesano e o kiwi-pintado.

Cerca de 4.000 delegados participam da Convenção sobre a Biodiversidade, onde pretendem discutir formas de garantir a sobrevivência de uma série de espécies e de tentar diminuir a velocidade de extinção de várias plantas e animais.


Fonte: G1

22 de maio de 2008

Incentivos à Indústria Madeireira

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou na quarta-feira (14) substitutivo ao Projeto de Lei 2316/07, do deputado Carlito Merss (PT-SC), que institui política de incentivo à indústria legal de transformação da madeira, e estabelece medidas para estimular a indústria moveleira nacional.

O projeto proíbe as exportações, para processamento ou transformação em subprodutos, de espécies classificadas como estratégicas ou relevantes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A norma deverá ser cumprida sempre que houver tecnologia compatível e capacidade produtiva em solo nacional para atender às necessidades de produção.

Apoio aos pequenos
O substitutivo do relator, deputado Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA), inclui o apoio à exploração agroextrativista desenvolvida pelos pequenos produtores rurais. O relator argumenta que esses não podem estar sujeitos às mesmas exigências aplicadas às grandes indústrias, uma vez que não têm acesso a tecnologias modernas de manejo, estocagem, beneficiamento e conservação, nem conhecem as normas de qualidade impostas pelo mercado. “As medidas de proteção às grandes indústrias nacionais devem fomentar a agregação de valor aos produtos florestais, sem coibir a pequena produção”, sustenta Gonçalves.

Agricultura familiar
O relator afirma que a definição de critérios para a exploração florestal não pode prejudicar a agricultura familiar, nem dificultar a geração de emprego e renda para comunidades rurais. Ele lembra que a Lei de Gestão das Florestas Públicas permite que essas comunidades tenham concessões de uso em reservas extrativistas e em reservas de desenvolvimento sustentável.

Gonçalves acrescenta que essas comunidades podem constituir a base do uso sustentável da biodiversidade do País, especialmente na Amazônia, no Cerrado, e em outras regiões de vegetação nativa abundante. São comunidades que compreendem indígenas, ribeirinhos, pescadores, pequenos produtores e agricultores familiares, “que hoje enfrentam dificuldades cada vez maiores de sobrevivência, pressionados pela expansão da fronteira agrícola e pelo baixo preço dos produtos extrativistas”.

Uso sustentável
Entre os objetivos do projeto estão a agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, a diversificação industrial, o desenvolvimento tecnológico e a utilização de empreendedores e de mão-de-obra locais. Merss explica que o objetivo é criar um política de incentivo que respeite a lei ambiental e o uso sustentável das florestas.

O projeto estabelece que a exploração de florestas privilegiará o processamento local da matéria-prima. Para isso, União, estados e municípios deverão promover políticas de incentivo ao processo de industrialização dos produtos e subprodutos locais, fomentando a instalação de indústrias, incorporação de novos métodos de gestão empresarial e adoção de tecnologias competitivas.

Pela proposta, o incentivo ao desenvolvimento da indústria de transformação da madeira deverá observar rigorosamente toda a política ambiental vigente, a proteção ao patrimônio e aos recursos naturais, bem como o desenvolvimento ambientalmente sustentável de cada região.

O autor da proposta ressalta que o projeto faz parte de um trabalho realizado pela Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira (ANPM). A indústria florestal no País abrange cerca de 35 mil empresas, envolvendo a produção de madeira, móveis, papel, celulose e carvão vegetal. Gera em torno de 1 milhão de empregos diretos e representa 4% do PIB brasileiro, beneficiando, direta e indiretamente, 3 milhões de pessoas.

Tramitação
O projeto é sujeito à análise em caráter conclusivo e segue para as comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

Aterro Sanitário de Pequeno Porte

A Câmara Técnica de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos do Conama, reunida nos dias 15 e 16 de maio, aprovou a proposta de resolução que visa simplificar os procedimentos para o licenciamento ambiental de aterros sanitários de pequeno porte. Com esta proposta, os empreendimentos poderão ser implantados em cerca de 80% dos municípios brasileiros que têm população com até 30 mil habitantes, com produção de no máximo, 20 toneladas de resíduos por dia.

Debates do Faça: Biodiversidade e Agricultura

É com alegria suprema que escrevo aqui hoje, dia em que se inicia o grande Ciclo de Debates Ambientais do Faça a sua parte, iniciativa que decide estender as discussões do 5 de junho, dia mundial do meio ambiente, para além da data - por 3 semanas, mais especificamente. Nossos posts até 15 de junho têm o intuito de abordar diferentes tópicos do ambientalismo atual e de preferência trazer um debate saudável sobre esses tópicos - muitos deles polêmicos. Vai ter de aquecimento global a meio ambiente humano. Portanto se você quiser participar, discutir, comentar, compartilhar informações, medos, ações, idéias... a caixa de comentários do Faça está à disposição!

A escolha da data de hoje para começar não foi aleatória. Dia 22 de maio comemora-se o dia mundial da Biodiversidade. O tema para a data desse ano é "Biodiversidade e Agricultura" - afinal, eu não sabia, mas estamos no Ano Internacional da Batata (?!?!). Acima de tudo, o tema é o reconhecimento de que tal atividade humana, que nos deu tanta vantagem adaptativa perante as outras espécies e se tornou imprescindível para a nossa sobrevivência, também oferece impactos ao ambiente e principalmente, à diversidade.

É assim que começa o post de Lucia Malla, quando o Faça Sua Parte dá o pontapé inicial a um ciclo de debates sobre Meio Ambiente.

II Seminário de Marketing Político

07 de Junho de 2008 no Barão Center Hotel
Santarém Pará Amazônia
Participação de marqueteiros políticos, profissional de pesquisa eleitoral, mídia e politica, vereadores e prefeitos, que ministrarão palestras e painéis voltados à campanha política: Marketing Político, Planejamento e organização de campanha, Pesquisa Eleitoral, Direito Eleitoral, captação de recursos, finanças e prestação de contas, Comunicação e imagem do candidato, Propaganda Eleitoral e Experiências de sucesso em campanhas e Gestão municipal.
O gancho é que você coloca uma experiência de pessoas que viveram uma situação importante de marketing político, para que os candidatos conheçam e possam saber elementos para montarem melhor o seu trabalho, montarem melhor a sua campanha.
Vagas limitadas
Inscrições na recepção do hotel dias 5,6 e 7 de Junho
Reservas pelo telefone (093) 96541215

Agressão

Um diretor da Eletrobrás foi agredido a golpe de facão, socos e pontapés por índios kaiapós em Altamira, no segundo dia do encontro Xingu Vivo Para Sempre, que foi realizado por organizações ambientalistas, Ministério Público Federal e a Prelazia do Xingu.
Este ato lembra de um fato que ocorreu na Missão São Francisco, no rio Cururu - Reserva Indígena Munduruku - quando um grupo de indígenas, após uma Assembléia Geral atacou outro grupo rival e, utilizando arpões, terçados e bordunas, feriram os filhos do "capitão" da aldeia. Os mesmos foram retirados no mesmo dia e conseguiram se salvar.
Imaginem o que aconteceria com "kariuás"...

Sonho Meu...

O futuro ministro do Meio Ambiente "sonha" em criar uma Guarda Nacional para cuidar do meio ambiente no Brasil. Principalmente na Amazônia.
Fato: nos concursos para analista ambiental do IBAMA é comum àqueles que são aprovados e são do Sul passar um tempinho (às vêzes o período probatório) por aqui e pedir transferência para suas bases. Não é proibido legalmente, mas o órgão deveria estabelecer regras rígidas para que eles cumprissem um período mais amplo na região. Do jeito que está vão continuar sobrando analistas em Brasilia, São Paulo, Belo Horizonte enquanto por aqui... Bom, deixa pra lá.


Então, os integrantes da Guarda Nacional iriam aceitar morar em Reserva Florestal da Amazônia? Ou seria um tempinho e depois voltar pra casa também?

Aval

Baixou a cabeça logo, logo o novo ministro do Meio Ambiente ao aceitar a subordinação de suas ações à ministra Dilma "Toda Poderosa" Roussef.
Assim não avançamos mesmo...

Carvão Limpo? Fala Sério...

Uma entrevista de Miriam Leitão com o empresário Eike Batista mostra como ele está pensando sobre meio ambiente...
Veja aqui.