27 de maio de 2008

Florestas: Até Quando?

Na narrativa da Arca de Nóe, por ocasião do dilúvio, em determinado dia êle soltou uma pomba e a mesma retornou com um ramo de uma árvore. Era a vida de volta ao mundo!
Na história geológica, só houve surgimento de vida após um período de evolução química, quando surgiram os microorganismos e as primeiras rochas sedimentares. Era o início da vida? Não se sabe, pois na época em que estes primeiros organismos apareceram não havia nenhum oxigênio livre, como há agora, mas uma atmosfera composta de metano, gás carbônico, e hidrogênio. Os microorganismos deste período utilizaram metano ou hidrogênio no lugar do oxigênio no metabolismo, estes então eram organismos de metabolismo anaeróbico; eram heterótrofos, apenas tempos depois apareceram os organismo autótrofos.
Mas vamos deixar estes "bichos" estranhos de lado.
E daí? O que tem a ver com florestas? Ufa! Tudo!
Pesquisadores já concluiram que há 20 milhões de anos não existia a Floresta Amazônica, nos padrões atuais. Tudo por aqui era um clima árido demais para suportar uma exuberante floresta tropical. Então, ela só foi existir há 6 milhões de anos, após idas e vindas do mar e com as bençãos da pródiga natureza.
Significaria que por ela não existir anteriormente, os exploradores e moradores locais tem o direito de desflorestar e transformar o ambiente amazônico em um local árido e de futuro restrito?
Não acredito que esta seja a melhor solução. Esta floresta é um depósito de energia mundial. É o nosso "sumidouro de carbono".
Mas, mesmo que tentem transformar esta região em um imenso cerrado, a ação intempestiva demoraria alguns milhões de anos para se transformar nessa catástrofe. E se chegar a ser um cerrado degradado, não teria as mesmas condições de biodiversidade que um cerrado original, uma savana riquíssima em biodiversidade.
As oportunidades de exploração devem ser iguais para todos os que habitam e usam as florestas para fins comerciais, esportivos, de lazer, agropecuários ou conservacionista.
Então, se eu qui
copaiba1.jpgser "ceder" minha parte de floresta para alguém explorar está correto? E se eu não der a permissão e um explorador usar isto indevidamente ele deveria ser punido?
Infelizmente, o nosso processo democrático permite que deixemos nas mãos (nem sempre limpas) dos parlamentares (que muitas vezes nem elegemos ou votamos) e dos executivos deste país, o desejo e a satisfação de poucos.
'Tá certo que necessitamos satisfazer as necessidades e, por isso apelamos para as florestas para explorar as riquezas naturais. Agropecuária, mineração, exploração florestal são alguns dos itens que são extremamente importantes e economicamente disputados pelos homens.
Mas, com o olhar desenfreado de cobiça dos exploradores acontece a devastação das riquezas naturais das florestas. E ela se "vinga" com o desaparecimento de rios e córregos, com a "invasão" dos animais selvagens nas zonas urbanas, com o excesso de chuvas ou secas demoradas...
garimpo.jpg
Os garimpeiros, para alcançar o aluvião aurífero, promovem o desmatamento desenfreado ao redor dos igarapés e, sem se preocupar com o seu e nosso amanhã, por desconhecimento ou por ambição vão "matando" suas fontes de subsistências naturais. Nas associações garimpeiras existem poucos técnicos dedicados a usar seus conhecimentos em prol da causa ambiental. Assim, ainda não conseguimos transmitir os programas de sustentabilidade ambiental para a classe. Mas já existe a preocupação sobre este tema e está sendo desenvolvido paulatinamente em Itaituba, pela AMOT.
Um pesquisador (meu irmão) florestal me mostrou que os gestores municipais nunca se preocuparam em adornar as avenidas e ruas com os espécimes bonitos que ocorrem na floresta amazônica. Preferem trazer palmeiras imperiais aos taxizeiros ou samaumeiras, plantam acácias ao invés de visgueiros, deixam de trazer conhecimento (pela plantação) ao povo urbano sobre mogno, ipê, louro e tantas outras espécies amazônicas. Misturar estas a palmeiras amazônicas, como tucumã, inajá, buritirana, pupunha, açaí e outras espécies de classificação desconhecida foram muito pouco ou nada utilizadas para o paisagismo, que traria a beleza natural ao ambiente amazônico urbano.
Os indígenas mais velhos sabem que uma floresta em pé gera mais recursos naturais que se ela for derrubada para criação de pastos, mas os mais novos, com o aumento da população indígena promovem a derrubada de árvores para aumentar os pastos de bovinos e a agricultura de subsistência.
E à medida que aumenta a população indígena, seus valores de sustentabilidade vão diminuindo. Muitos já se dedicam a garimpagem aurífera, sem estudo geológico ou planejamento mineral, vão destruindo as matas ciliares e sua fonte de vida (os igarapés) vão diminuindo paulatinamente. E alguém poderia argumentar que antes do "domínio branco" existiam milhões de indígenas no Brasil e não havia a destruição das florestas? Não podemos esquecer que eram milhões de indígenas e nenhum branco por aqui. Também não existia um desejo irremediável de usufruir das atuais benesses da civilização: rádio, televisão, geladeira, fogão a gás, celulares etc. Para isso tem que fazer parceria com os civilizados, que detém o poderio economico para comprar equipamentos de alto poder escariante (no caso de garimpagem em rios) ou equipamentos de desflorestamento contínuo e rápido.
E seus valores também vão pelo ralo...
A biodiversidade da floresta amazônica, que responde por quase 40% das reservas de florestas tropicais úmidas ainda existentes no planeta, corresponde a mais de 20% de todas as espécies vivas do planeta. Mas avançamos demais na devastação e ainda há tempo de reverter este quadro preocupante.
No entanto, p
Floresta3.jpgor ser um ecosistema extremamente frágil necessita de atenção redobrada na sua exploração, uma vez que a retirada de sua vegetação, que retém os nutrientes, transformaria, provavelmente, a floresta em uma área desertificada, que afetaria o equilíbrio ecológico e aumentaria o efeito estufa.
Então, quando vamos começar a nos preocupar seriamente com a preservação equilibrada de nossos recursos naturais finitos? Quando juntaremos os cacos e faremos um belo adorno em torno do desenvolvimento? Da vida?
E pra não esquecer: hoje deveríamos celebrar o Dia da Mata Atlântica. Existe razão para festejar sobre aquela que cobria todo o litoral brasileiro e hoje está reduzida a 7% da porção original?
Faça a sua parte!


Fontes de pesquisa:
http://www.brasilescola.com/geografia/floresta-amazonica.htm http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u351813.shtml

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