14 de fevereiro de 2019

Os problemas ambientais causados pela falta de tratamento de efluente

Do Portal Tera:

Os problemas ambientais causados pela falta de  tratamento de efluenteA poluição ambiental é considerada um dos assuntos de maior urgência no mundo atual. O despejo de materiais sem o devido tratamento implica à população local a perda de qualidade de vida, problemas de saúde e a dificuldade em usufruir de um espaço comum de qualidade. Diante desse cenário, é possível perceber uma mudança de prioridade em algumas indústrias e centros urbanos, mas longe do ideal. Grande quantidade de efluentes continua despejada de maneira irregular em corpos d’água sem nenhuma espécie de triagem, cuidado ou tratamento intermediário.

O impacto de efluentes sem tratamento no meio ambiente

O lançamento de efluentes líquidos não tratados, provenientes das indústrias e esgotos sanitários, em rios, lagos e córregos provocam um sério desequilíbrio no ecossistema aquático. O esgoto doméstico, por exemplo, consome oxigênio em seu processo de decomposição, causando a mortalidade de peixes. Os nutrientes (fósforo e nitrogênio) presentes nesses despejos, quando em altas concentrações, ainda causam a proliferação excessiva de algas, o que também desequilibra o ecossistema local.

Segundo pesquisa da ONG SOS Mata Atlântica, apenas 11% dos rios mapeados foram considerados de boa qualidade, 49% dos rios são considerados em estado regular, no entanto, 35% estão em estado ruim e 5% em estado crítico. Números como esse demonstram a necessidade de políticas em prol do meio ambiente, que visem a preservação conjunta da sociedade, governo e indústria.

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As doenças provocadas pelo não tratamento de efluentes

Com o lançamento do esgoto ou efluente doméstico não tratado nos rios, há um aumento da matéria orgânica na água, o que faz com que o equilíbrio local seja afetado, ocorrendo o aumento de determinados microrganismos e a dificuldade de desenvolvimento de outros.

Esse processo, conhecido como eutrofização, pode levar ao surgimento de microalgas e ao sufocamento de peixes e outras espécies, além da transmissão de doenças presentes nas fezes humanas para outros consumidores da água. Sem citar o fato de que o esgoto doméstico pode estar contaminado com substâncias tóxicas não orgânicas.

A água poluída provoca grave impacto à saúde das pessoas que utilizam no dia a dia em atividades domésticas e alimentares. Segundo estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada R$ 1,00 gasto com saneamento, R$ 4,00 são economizados na área da saúde pública.

Entre as principais e mais comuns doenças ocasionadas pela água sem tratamento estão:
  • Cólera;
  • Disenteria;
  • Meningite;
  • Amebíase;
  • E hepatites A e B.
Já os efluentes industriais que poluem os rios podem causar contaminação por metais pesados, provocando tumores hepáticos e de tireoide, rinites alérgicas, dermatoses e alterações neurológicas.

Tratamento de Efluentes: O que você precisa saber

Atualmente,  as empresas se veem diante uma necessidade latente de adequar-se quanto ao tratamento dos efluentes gerados. Novas leis e normas ambientais foram criadas e evoluídas na última década com o objetivo de incentivar e regular essa atividade. Há duas possibilidades de tratamento: onsite e o off-site.

No primeiro método, a construção, operação e manutenção do sistema de tratamento do efluente é realizada in loco, sendo a empresa geradora responsável por todos os procedimentos relacionados à essa tarefa.

Já no tratamento off-site, a empresa geradora encaminha seus efluentes para uma empresa confiável para a realização de todos os processos do tratamento, desde transporte até o descarte final. Com isso, o gestor consegue se programar financeiramente e consegue atingir suas metas de reciclagem sem afetar sua capacidade de produção.

Benefícios do tratamento de efluentes

Diferentemente do que acredita-se, o tratamento de efluentes possui benefícios além da questão ambiental. Entre os principais pontos a favor estão:
  • Atendimento à legislação

Hoje, contamos com uma série de leis e normas ambientais que regulam e definem punições para as empresas que cometem crimes ambientais. Essas leis representam um importante marco no País, pois proporciona a adoção de uma postura de responsabilidade compartilhada entre todos para vencer os desafios ambientais.

Duas leis de destaque são:

Lei 9.605/1998 - Lei dos Crimes Ambientais - Reordena a legislação ambiental quanto às infrações e punições. Concede à sociedade, aos órgãos ambientais e ao Ministério Público mecanismo para punir os infratores do meio ambiente. Destaca-se, por exemplo, a possibilidade de penalização das pessoas jurídicas no caso de ocorrência de crimes ambientais.

Lei 12.305/2010 - Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e altera a Lei 9.605/1998 - Estabelece diretrizes à gestão integrada e ao gerenciamento ambiental adequado dos resíduos sólidos. Propõe regras para o cumprimento de seus objetivos em amplitude nacional e interpreta a responsabilidade como compartilhada entre governo, empresas e sociedade. Na prática, define que todo resíduo deverá ser processado apropriadamente antes da destinação final e que o infrator está sujeito a penas passivas, inclusive, de prisão.

Podemos citar ainda duas normativas que implicam punições de corresponsabilidade ambiental para empresas geradoras, sendo o Decreto Estadual 8468 de 1976 e o Conama 357, leis de aplicabilidade no Estado de São Paulo.
  • Economia

Os efluentes industriais são um tipo de material complexo e altamente poluente, por isso, realizar o tratamento in loco implica a construção de estrutura, capacitação de funcionários, atendimento à rígidas leis ambientais antes de serem reutilizados ou descartados.
  • Imagem confiável junto ao público

Mais do que em qualquer época passada, os consumidores desejam comprar produtos de empresas com uma postura sustentável e se preocupam em fazer diferença no ambiente ao redor. Um bom exemplo é a fabricante Natura, que trouxe a preocupação com o meio ambiente ao seu core business, utilizando-o como principal mote de direcionamento de ações e negócios.

Ao mesmo tempo que essa postura atrai um público mais engajado, quando uma empresa se envolve com desastres ambientais toda a confiança do consumidor é minado. Por exemplo, o caso da queda de barragem em Mariana (MG). Poucas empresas conseguem voltar ao mesmo status que tinha depois de desastres desse tipo.

Toda empresa avalia o seu sucesso de acordo com sua capacidade de produção. Quanto mais produtos produzidos, mais vendas e consequentemente mais lucros. No entanto, há outra variável a ser analisada nessa equação: a postura que se tem em relação aos efluentes gerados durante esse processo. O tratamento dos efluentes é uma atividade legalmente, comercialmente e economicamente positiva, proporcionando à empresa atingir as metas de reciclagem e construir uma imagem positiva perante o consumidor.

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