O governo deve retirar da Câmara, no
início do período legislativo, o projeto de lei enviado em junho de
2013, ainda na gestão Dilma Rousseff, que previa um novo marco
regulatório para a atividade de mineração e nunca avançou. O Ministério
de Minas e Energia está articulando com a Casa Civil o fatiamento da
proposta em outras três, para facilitar a tramitação.
“A ideia do governo é retirar esse
projeto do Congresso”, afirmou ao Broadcast, serviço de notícia em tempo
real do Grupo Estado, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho
Filho. Ele avalia que o projeto instituindo novos critérios para os
royalties da mineração é o que caminhará com mais rapidez. “Já está mais
ou menos pactuado com as empresas e não deixa de ser uma ajuda aos
municípios e aos Estados, pois aumenta a arrecadação”, afirmou.
O ministro ressaltou o prejuízo que a
demora na conclusão do marco regulatório tem acarretado ao setor. “É
necessário ter uma definição. Pior do que ter um código bom ou ruim é
não saber o que vai ter. É essa dúvida que mata a tomada de decisão para
o investimento.”
Royalties
Sobre o minério de ferro, um dos
principais itens da pauta brasileira de exportações, a alíquota dos
royalties vai variar entre 2% e 4%. A ideia é criar uma tabela flexível,
atrelada às oscilações internacionais da cotação da commodity. Quanto
maior o preço, maior o royalty. Para todos os outros minérios, o
porcentual será fixo. Os royalties sobre potássio, de 3%, devem cair,
uma vez que a maior parte do produto é importada; os do diamante, hoje
em 0,2%, vão aumentar. Pequenos produtores terão taxação menor.
Coelho Filho disse que não haverá
alteração na divisão dos royalties – a União fica com 12%; os Estados
produtores, com 23%, e os municípios produtores, com 65%. A expectativa é
que a arrecadação com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral
(Cfem) chegue a R$ 4,5 bilhões. Em 2016, a arrecadação com royalties da
mineração foi de R$ 1,797 bilhão.
Para o ministro, a produção mineral no
País caiu por causa da crise econômica e à redução do preço do minério
de ferro, mas parte disso também está relacionada à paralisia da
proposta enviada ao Congresso. A arrecadação em 2016 foi menor que as de
2012 e 2013, respectivamente R$ 1,834 bilhão e R$ 2,376 bilhões. “É
possível ver isso pelo ritmo da atividade em países próximos, caso do
Peru, que teve crescimento, enquanto nossos investimentos caíram.”
O governo também pretende retirar a
proibição a empresas estrangeiras, que não podem atuar em regiões
fronteiriças. “Temos 16 mil quilômetros de fronteira, é muito grande”,
disse. “Acreditamos que rever isso abre uma possibilidade de
investimentos muito grandes.”
O segundo projeto a ser enviado ao
Congresso deve tratar da criação da Agência Nacional da Mineração (ANM),
que ficará no lugar do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), mudança já prevista na proposta anterior. O terceiro projeto
tratará dos demais temas que envolvem a mineração, como modelo e prazo
de exploração das minas.
O fatiamento é bem visto pelo
ex-presidente da comissão que analisou a proposta na Câmara, deputado
Gabriel Guimarães (PT-MG). Para ele, a divisão do projeto ajudará a dar
celeridade em sua aprovação. O atual relator do código, deputado
Laudívio Carvalho (SD-MG), foi surpreendido e demonstrou desconforto com
a proposta. Disse que seu parecer está pronto para ser votado em
plenário desde o segundo semestre de 2016.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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