Paulo Paixão
Quando o assunto é Santarém do Pará, todos nós, gratos filhos
que lhe ama profundamente, vamos além nos seus encantos.
Tal
como o Beto Paixão, poeta e compositor, insuperável, genuinamente
santareno, genuinamente amazônida, ao senti-la bela, edênica, quase
irreal, transportamo-nos, levados por inexplicáveis entes celestiais,
para uma paragem de luzes, cores, paz e perene alegria, e desta forma
nascem os poemas, as músicas, as artes que tentam e não conseguem
traduzir, com precisão, essa paixão abrasadora (imagine se pudéssemos
fazê-lo com perfeição, como seriam as criações? Talvez inimagináveis,
por nossas imperfeições inerentes).
Neste 22 do mês de junho nossa mãe e musa completa exatos 349
anos de existência dedicados a nós seus filhos, que quase sempre, não
sabemos cuidá-la e reverenciá-la como ela bem o merece. Conquanto a
reverenciamos através dos sublimes versos, das frases inspiradas etc.,
sabemos, mas fingimos não lembrar-nos, que, desde o encontro do
navegador português, Francisco Orellana com o chefe dos tupaiús, o
poetizado e decantado Nurandaluguaburabara, em 1542, nossos verdadeiros
ancestrais, vemos, sistematicamente, sangrando-a, dilapidando-a,
cansando-a, desfigurando-a, seja através da insistente devastação das
suas florestas, da poluição dos seus rios, da indiferença e até desprezo
com sua história, seus fósseis, e seus santuários ecológicos ou seja
através do nosso descaso ou omissão.
Políticos se sucedem no poder e no comando dos seus destinos, e
entram anos e saem anos, e nós outros, ferrenhos em nossa fé, nunca
desistimos em acreditar que haverá, um dia, um bendito dia em que
assumirá o comando um filho desatrelado de ambições e vaidades, que
tenha a hombridade de dizer um não aos interesses vãos, aos conchavos
políticos, ao falso brilho do poder, e verdadeiramente ame Santarém, e
seus filhos, cuidando das suas ruas, não só as do centro como as das
periferias; dos ramais que são a vida dos nossos heróicos colonos; da
preservação da natureza (plantas, rios e animais) e não acedendo a
interesses de multimilionários (na maioria das vezes, estrangeiros) que,
com a força do seu capital e mentiras tantas, esgotam nossas riquezas,
marginalizando e desdenhando de todos nós, levando o produto da sua
rapina para longe, bem longe de nossas vidas; respeitando os seus
professores e alunos que são preparados, cotidianamente, a duras penas,
para cuidarem de Santarém de amanhã. Pergunto, o que falta para se
concluir o Barbalhão, talvez desatar os inconvenientes nós-cegos ou
satânicos ódios políticos? Como Monte-Alegre conseguiu que fossem
asfaltadas quase todas as suas ruas e nós, com maiores recursos,
convivemos anos e anos com ruas esburacadas? Operação tapa-buraco é a
solução? Por que empresas importunas se apoderam de áreas da orla e das
praias que são nossas (povo) por tradição e direito e o poder público
olha com descaso? E os ônibus velhos e malcheirosos que nos envergonham?
E como fica a saúde dos nossos irmãos não atendidos ou mal atendidos no
Pronto Socorro Municipal? E do trânsito mal fiscalizado e não
sinalizado, que dizer?
Nossa atual gestora pública vem de uma família honrada,
tradicional, cujo pai, foi um dos nossos melhores prefeitos que muito
amou nossa cidade e município com aquela consciência de que deveria
amenizar o sofrimento de todos os necessitados e nunca descuidar da sua
linda cidade. Certa vez, o vi descendo o calçadão da praça São Sebastião
de calção e tamanco para um mergulho no Tapajós, conversando, com
alegria, com os irmãos transeuntes, falando de futebol e os tratando
como pessoas honradas que eram. Sei muito bem que cada pessoa tem o seu
estilo de ser, de ver o mundo e de vivê-lo, e sei, também, que só a
poucos, os céus elegem para grandes missões na terra, mas, não
importando a cor, a origem, as injunções políticas, os momentos, os
contextos, as conveniências, todos, todos, um dia poderão prestar conta
com a justiça terrena e, com certeza, nunca passarão batidos com relação
à justiça celeste.
Santarém, parabéns pelos teus 349 anos! Lembro, agora, de filhos
teus que tanto te amam e te amaram por te quererem bem, verdadeiramente
bem: Everaldo Martins, prefeito; Ubaldo Campos Corrêa, prefeito; Elias
Pinto, prefeito injustiçado; Olindo Neves, professor; Isoca Fonseca,
maestro e compositor; Mimi Paixão, instrumentista; Adalgizo Paixão,
instrumentista; Paulo Rodrigues dos Santos, historiador e poeta;
Felisbelo Jaguar Sussuarana, poeta; o pintor João Fona; artesã Dica
Frazão; a professora Gersonita; o empresário Nelson Machado (da antiga
Casa das Canetas), que, praticamente, fez consolidar a Banda Municipal
de Santarém e chegar ao estágio de Sinfônica que, hoje, se encontra.
Santarém dos nossos dias agradece de coração, aos compositores,
cantores, músicos, políticos e toda natureza de trabalhadores, urbanos e
rurais, que não deixam a roda parar e o fazem atentos à santa vontade
de Deus, de modo a gerar abundância na mesa dos santarenos, porém, nunca
esquecendo do sentido de sustentabilidade e preservação da nossa
natureza, destacando as pessoas dos nossos consagrados artistas tais
como Beto Paixão (cantor e compositor) e no Canto de Várzea, Sebastião
Tapajós, violonista de renome nacional e internacional, Laurimar Leal,
artista plásticos, Lili, artista plástico, mestre Isauro, artesão, Efren
Galvão, escritor; Eduardo Fonseca, escritor e cronista, Manoel Dutra,
jornalista; Edmarcio Paixão e sua Banda; Romana Leal, folclorista; Elcio
Amaral e professora Rosinete, historiadores. Além desses artistas,
Santarém agradece os bares Bar teatro Vinil, Maricota, o Mascotinho,
Mariscada, Nossa Casa, etc. Agradecimentos aos incansáveis funcionários
da Emater, que, há anos, vêm dando apoio aos pequenos produtores rurais,
com vontade e denodo de professores/educadores que amam sua profissão,
mas que, jamais foram reconhecidos pelo Estado, muito embora seu
heroísmo em prol do desenvolvimento humano.
Santarém, também, agradece a todos que contribuíram de forma
direta ou indireta para a implementação da nossa tão bela orla, do
Hospital Regional, do Barbalhão, do Mirante do Tapajós, da Casa da
Cultura, da Biblioteca Municipal, do lindo Parque da Cidade, da
revitalização do Trapiche Municipal. Pergunto: e o Teatro Vitória vai
mesmo decolar na atual administração?
Finalmente, Santarém agradece à imprensa em geral pelos
relevantes serviços prestados ao povo através de suas informações
precisas e em tempo real. E este modesto escritor, de modo especial,
agradece aos jornalistas Jeso Carneiro, Jubal Cabral e Osilênio Moura,
que cedem precioso espaço nos seus famosos Blog’s aos seus textos, uma
prova de que não fogem (os ditos textos) à regra das suas diretrizes
editoriais: seriedade, verdade e respeito aos seus leitores.
Parabéns Santarém! Parabéns Santarenos!
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