Já lá se vão alguns anos que Fernando o Henrique (PSDB), alegando desestatizar vendeu a companhia Vale do Rio Doce, como muitas outras, dando o traçado e o comportamento político de sua facção em nosso país.
A venda desta companhia fez-me companheiro de um dos mais íntegros políticos do país:- Aureliano Chaves. Na ocasião eu ocupava assento no Conselho Superior de Minas do país na capital federal, e fui convidado a integrar a caravana política chefiada por ele, contrária a venda da empresa.
Nosso argumento principal era de uma simplicidade gritante e de facílimo entendimento. Não se tratava de Estado/Privado e sim tamanho, domínio e concorrência desleal. A Vale tinha sido criada como uma agência de desenvolvimento e parida por ato de exceção de governo apósdesapropriadas minas e estrada de ferro, então pertencentes a Percival Farquhar. A transportadora ferro carril possuía instituiçãojurídica própria, nomeada Estrada de Ferro Vitória Minas, mas passava, entretanto, por força do ato, integrar ao investimento, sem perdê-la... à época.
Afirmando os motivos de sua criação, também por eficácia daquele estatuto, 8% de todos os seus lucros deveriam sempre ser repassados aos municípios em sua zona de influência.
A partir daí e por conta de tais forças a Vale além das minas e ferrovia foi arrecadando tudo que aparecia pela frente. Inclusive participando,vezes obrigatoriamente, de dezenas de outras empresas criadas como Usiminas, Cenibra, etc, etc. A própria Samarco era Samitri, da Cia. Belgo Mineira, que detinha as maiores reservas de minério em Minas Gerais, ao comprá-la, a Vale tornou-se um colosso muito maior que poderia ser por condução de economia privada e extremamente poderosa (mais tarde revendeu 50% a gigante australiana). Conduzia seus avanços sem barreiras sem nenhuma oposição, porque era oficial, de governo, e com ela ninguém discutia, nem concorria.
O leão ficou enorme. Quase que um país a parte.
Suas garras atingiram inclusive o norte onde tomaram Carajás da Bethlam Steel, também na pressão de governo. E outra ferrovia por lá também foi construída. E com dinheiro do povo. O orçamento estabelecia 7 bilhões mas acabou por 19 bilhões, e outro corredor de exportação se criou. Tudo era do governo. Nem os índios arriscavam brincar ao longo de seus trilhos. Quaisquer coisas lá vinham os federais e tome pancada. A União criava uma grande fera predadora, que entretanto, era dirigida tão somente por experientes executivos confiáveis do setor, não só mineral como ferroviário e sob as rédeas do poder maior do país.
Minas Gerais tinha, e ainda têm dezenas e dezenas de outros mineradores que permaneceriam todos pequenininhos pela força leonina que não lhes facultaria o transporte ferroviário. Por isso fomos à campanha a exaustão, demonstrando que ela era grande demais frente aos particulares emergentes e perigosíssima se com administração eivada por avidez aos lucros sem se levar em conta anseios da sociedade para a qual foi instituída. Seus movimentos moveriam sempre montanhas, mas somente até o momento como estatal estariam contidos pelas responsabilidades e compromissos de suas técnicas direção e não financeiras.
Não adiantou, fomos vencidos pela política paulista do PSDB. Venderam a companhia que nos custara mais de 30 por apenas 3 bilhões. O curioso é que nem passado e nem decorrido onze meses de sua venda, ela que custara 3 comprou uma outra americana por 70 bilhões, um verdadeiro milagre de multiplicação de valores.
Cláusulas estranhas ainda permeiam sua venda. A primeira a cair foi o direito da participação de 8% dos municípios, (ninguém reclamou) e estranhamente e para ninguém colocar defeito, uma pérola de arranjo: o governo detém a maioria acionária, mas quem a administra por um esquisito acordo é a minoria, seus compradores: fundos da área bancária. Gerenciador atual do conselho administrativo, o fundo do Banco Bradesco SA. Algo inexplicável.
Ele, o Fernando, (PSDB) chegou a fazer algo parecido com a CEMIG, mas Itamar (PMDB) chegou e correu com a turma invasora.
Agora se entende, ao cair em jaula de Bancos, o leão exagerou e na avidez de auferir os mesmos lucros exibidos pela rede bancária, forçou o setor demais, acabando por ultrapassar a linha de segurança mineradora, e se esquecendo que ao produzir o bem expele dejetos sem descarga e esgotos possíveis. Sabe se ainda que mesmo com alta tecnologia técnica, quem enfurece a fera são os banqueiros paulistas do “muy presidente” Fernando o Henrique, que agora ficam alheios e a distancia da desgraça causada para não serem colhidos por pesadas responsabilidades e castigos vindouros.
A Vale retirou sua matriz de Minas Gerais, o Doce de seu nome... e não mais nos quis, mas também não precisava matar o rio.
Jose Altino Machado
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