6 de janeiro de 2014

Garimpo é solução ou problema?

Durante mais de 50 anos tem sido praticada a garimpagem de ouro na região do Tapajós.

Anunciada, com pompa, ser uma Reserva Aurífera de enorme significado econômico (Robert, 1996) só temos como resposta de mineração a extração feita na mina de ouro do Palito, pela SERABI - que está tentando retomar os serviços - e o depósito Tocantinzinho, cujas reservas medidas expressam 49 Mt de minério ou pouco mais de 61 t de ouro, o que o torna o maior depósito aurífero conhecido na PAT - Província Aurífera do Tapajós (Juras et al. 2011), do grupo Eldorado Gold Corporation sob a
responsabilidade de sua subsidiária Unamgen Mineração e Metalurgia S/A.

Os outros casos são pura garimpagem!
E, por ser uma atividade que utiliza métodos rudimentares e tradicionais, sem conhecimento do jazimento e sem projeto técnico específico é comum que a degradação seja muito maior e mais abrangente.
Os garimpeiros tradicionais ainda postulam a ideia de que, como o garimpo é pontual, quem está degradando são os exploradores de madeira e fazendeiros.
Com o devido cuidado, o garimpo poderia não ser tão agressivo ao meio ambiente, mas os próprios garimpeiros não querem (ou podem) utilizar as técnicas mais simples para minimizar a degradação causada.
Inicialmente, por ser uma atividade que visa trabalhar os baixões e grotas, o principal recurso afetado é o hídrico, para onde carreiam os sedimentos em suspensão e o agente amalgamador (mercúrio). Depois de aberta a ferida, os donos de garimpo vislumbram uma fazenda e começam a colocar 1 boi por hectare. Na "fabricação" do pasto vai tudo embora: árvores, animais selvagens e a flora.  
Muitos garimpeiros antigos, sentindo o trauma do serviço não querem que seus filhas/filhas continuem na labuta, mas estes estudantes acostumados ao bem-bom do lucro garimpeiro não vão se afastar com facilidade do garimpo. Aprendem sobre veterinária, agronomia, economia, administração etc., mas não colocam em prática a exploração mineral propriamente dita.

Já assisti, juntamente com dezenas de garimpeiros, de reuniões que mostravam tecnologia aplicada no Mato Grosso, de estudos sobre DST, de explicação sobre a legislação mineral, de reunião para estabelecer a maneira de explorar os garimpos, de reunião para entregar Certidão de Aptidão de PLG's, de reunião para entregar licenças ambientais etc. No entanto, ainda não vi nenhuma reunião que fosse ouvida somente a voz dos garimpeiros, do que eles pensam sobre a exploração garimpeira, do que acham da legislação, dos nossos representantes legais e, em troca, os entes governamentais (governos federal, estadual e municipal; Câmara dos Deputados e Senado; Câmara dos Vereadores, Fórum das Entidades etc.) defendendo o sistema estabelecido pelas legislações mineral e ambiental. Aí eu queria ver como seria esta audiência (já vou pensar nisso para promover este encontro)...

Enfim, fica a pergunta que determina esta postagem: garimpo é solução ou problema em nossa região?


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