5 de outubro de 2010

Eternos Exportadores

Descoberto há 40 anos, o Projeto Carajás mudou os rumos do desenvolvimento no Pará e atraiu milhares de pessoas de várias regiões do Brasil. A chegada de imigrantes culminou no crescimento desordenado de alguns municípios - principalmente no entorno dos locais onde se instalaram os grandes projetos minerais. Desta forma, o Pará passou a amargar os piores índices de renda e PIB per capita do País. Em entrevista ao repórter Evandro Flexa Júnior, o geólogo Breno Augusto dos Santos - um dos descobridores do depósito de ferro de Carajás, e atual consultor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de projetos da Vale em Carajás -, conta como ocorreu o processo de povoamento desordenado no Pará, na década de 1970, e o que seria necessário fazer para mudar os rumos dessa realidade. Para o geólogo, o desenvolvimento total depende de uma tríade sustentável, que envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais.

O senhor sempre foi um crítico da desorganização urbana no entorno dos grandes projetos de mineração. Mesmo com amplo planejamento que se pode perceber hoje, o fato continua ocorrendo. O que leva a isso?

Os grandes projetos que hoje fazem parte da Amazônia são feitos por empresas privadas. São grupos altamente competitivos, que atuam com plena capacidade produtiva e tecnologia de ponta. Porém, estes fatores acabam gerando dois problemas. O primeiro é que criaram infraestrutura capaz de atrair um grande fluxo migratório. Porém, a mineração foi penalizada por isso, por que é apresentada com a maior responsável pelos problemas sociais. É preciso lembrar que não houve política de governo que fizesse um programa de desenvolvimento sustentável com harmonia entre a economia, o social e o lado ambiental. O resultado pode ser visto hoje: a situação no sul do Pará é caótica, pois, temos desmatamentos sem controle. A mineração é apontada como a vilã, mas não é culpada. O erro vem do governo, que durante anos foi e continua ausente. O outro problema é que estamos produzindo minério há três décadas, e até hoje não houve uma política de verticalização industrial.
Continuamos eternos exportadores de matéria-prima.
Fonte: O Liberal

2 comentários:

Fernando Lemos disse...

jubal

creio que ai se misturam as coisas. os projetos de mineração no sul do pará contribuiram para o atual estágio de ocupação porem não foram o principal. A devastação ocorreu pela extração da madeira/implantação de pasto, e ocorreria independente da existencia de mineração haja visto que na transamazonica a devastação continua, na santarem cuibá idem, em rondonia ao longo da cuiba porto velho, no acre que culminou até no assassinato do chico mendes ( não há minério lá), por outro lado na serra do navio primeiro grande projeto de mineração na amazonia mesmo depois de exaurido o que ocorreu. No porto trombetas outro grande projeto que não repetiu o ocorrido no sul do Pará.

a devastação do sul do pará ocorreu com a abertura das rodovias e o binário MADEIREIRA/PECUARIA.

Jubal Cabral Filho disse...

Concordo com você.
Não podemos esquecer que fica mais fácil denominar e propagandear sobre mineração do que ver as reais causas da devastação.