A
natureza agoniza
Outro dia, estava sentado numa
cadeira de embalo, de frente para a janela aberta da minha casa, com o
olhar perdido no horizonte, conversando, silenciosamente, com os meus
anjos e com as luzes do bem que me monitoram desde quando me tornei um
ser humano, quando se operou em mim um diálogo interessante com a
eternidade.
E vejo mais...vejo a mata verde
repleta de vida: flores, frutos, borboletas, passarinhos, macacos,
preguiças...que povoam toda a mata desde tempos remotos, o tempo da
formação do universo pelo o Nosso Senhor Deus. Essa natureza me encanta
tanto, tanto, que, afirmo, com sinceridade: se ela fosse extinta, neste
momento, a um sopro de todas as forças satânicas, preferiria sucumbir
com ela, pois, perderia, de uma só vez, a fonte inesgotável das minhas
inspirações, que dão graça a este mundo, bem como, sentir-me-ia
profundamente frustrado ao ver uma obra maravilhosa de nosso Deus ser
desprezada pelo homem ao ponto de extingui-la para a
promoção dos seus projetos colossais que alimentam sua soberba, seu
materialismo, seu egoísmo e sua avareza.
- No começo, o homem fez
reduzidos sulcos na terra com diminutas pás de arado e queimadas de
vidas que, a seu ver, em pouco tempo poderiam ser restabelecidas.
Depois, abriram-se estradas, construíram gigantescas muralhas e
continuaram suas queimadas...
- Por que há uma crescente gana de mutilação da terra pelo
homem?
- Desobediência do homem
ao plano de Deus. Tentações.
- Como se sabe, primeiro
Deus fez o céu e o planeta Terra, depois, criou o homem “à sua imagem” e
o encheu de poder para exercer o controle sobre a terra e seus
viventes. O homem deveria exercer o seu domínio com o fito de se manter e
mantê-los, tão-somente. Além disso, Deus presenteou o homem com o
deslumbrante jardim do Éden. Deus o colocou naquele paraíso para
cultivá-lo e protegê-lo.
- Os olhos de Deus estão
nos vendo, agora. Não conto uma fábula. É a mais pura verdade! Deus fez a
natureza renovável. Veja as plantas como se renovam e os animais como
podem se multiplicar!
- E como mesmo o homem
deveria tratá-la? Atalhei concentrado nas ponderações do sábio senhor.
- Quando a frota de Cabral
teve contato com os verdadeiros donos do Brasil, os índios, foi
possível constatar-se como eles interagiam com a natureza. Faziam tal
como nosso Deus nos houvera determinado fazê-lo. Serviam-se dela como um
recém-nascido se serve do leite de sua mãe, sem exauri-la ou
depredá-la. Os aborígines, que, na verdade deveríamos chamá-los de
“habitantes”, tiravam da natureza somente o que precisavam para se
manter e não para acumular riquezas.
O sábio senhor fez uma pausa para visualizar o infinito acima
das palhas da palmeira de açaí, revoltas, balançando-se ao sabor do
vento e continuou:
- Mas o homem nunca parou
para refletir a “Natureza”. Não vê que ela é vida e uma vida, por mais
singela que se nos pareça sua essência, é de uma complexidade fenomenal.
Sua essência é divina. O homem só poderá manipulá-la e nunca lhe dar
animação, porque a animação é de origem divina. É um mistério escondido
nos escaninhos do céu, onde só Deus tem a chave para adentrá-los.
- E sabe o que é, ainda,
mais instigante? Perguntou o sábio senhor olhando-me diretamente nos
meus olhos.
- Diga-o, senhor.
- O universo todo continua
em processo de ajustamento. Por esta razão algumas anomalias quando
deflagradas causam tamanhos desastres aos quais damos o nome de
“desastres naturais” que, de quando em vez, afligem os seres viventes e
se tornam calamidades incontroláveis. Quando o homem interfere nesse
processo, pode acelerar a sua deflagração.
- É verdade, recentemente,
fomos surpreendidos pelo terremoto no Haiti que fez incontáveis
vítimas, confirmando a impotência do homem diante da fúria da natureza –
acrescentei com ares de muita amargura.
- Pois é
Paulo, assome-se a isso o desprezo e desrespeito que o homem tem pela
natureza, ela que é responsável até pelo ar que respiramos e pela comida
que comemos. A natureza terrestre, diria, está num estágio de plena
harmonia com o projeto de Deus. Ela flui naturalmente cumprindo sua
função e qualquer interferência exterior ao seu próprio ciclo e sistema
sutis é capaz de desencadear disfunções sistêmicas de conseqüências
imprevisíveis e incontroláveis.
Novamente pedi um adendo
para observar:
- Pior de tudo é que o
homem sabe muito bem disso, no entanto, seus egoísmo e avareza
ilimitados vendam seus olhos e o empurram para o precipício.
- Justamente. E então veio
a revolução industrial com o seu processo de produção não mais
artesanal ou manual, mas, através da aplicação de força motriz e a
queima indiscriminada de combustíveis fósseis para mover suas industrias
e a emissão, também indiscriminada, durante anos e anos, de resíduos
poluentes para a atmosfera. Dessa época em diante impera a era da
Globalização: tecnologia em constante avanço em todo o ramo do
conhecimento humano aumenta a eficiência e produtividade e, então, o
homem exaure, com rapidez, os recursos naturais renováveis e não
renováveis e transforma a face do globo, antes, uma paisagem viva,
exuberante, agora, um paisagismo opaco, inerte, inexpressivo, face à
implantação de megaprojetos e gigantescos empreendimentos que, para a
sua consecução, inclui, pormenorizadamente e com precisão, todos os
custos operacionais ou não, mensuráveis, exceto os custos relativos à
agressão e mutilação do meio-ambiente. A par disso vê-se, o desprezo e
indiferença quanto à aplicação das normas e dos mecanismos de controles
ambientais pelas instituições estatais, bem como com as causas sociais.
- Paulo, enumere você
mesmo os danos provocados à natureza que você possa lembrar, cujas
causas apontamos na nossa conversação.
- Pois não. Vamos lá:
efeito estufa e com ele o aquecimento global; disseminação de doenças
mortíferas; desmatamento e queima da floresta; desequilíbrio de vários
ecossistemas; ondas insuportáveis de calor pelo mundo; perda da
biodiversidade; deterioração do nosso patrimônio natural; processo de
desertificação de áreas antes densamente florestadas; derretimento das
placas de gelo da Antártida; instabilidade do clima; furacões; chuvas
torrenciais, etc.
O velho sábio parou de falar. Deixou que o silêncio envolvesse
as nossas imagináveis e claras conclusões e finalmente profetizou:
- Será o fim anunciado.
Sem dúvida, haverá uma interferência dos céus, pois, o mal jamais
prevalecerá sobre o bem!
Assim que a imagem do velho sábio se tornou volátil e se desfez
no espaço, fui sacudido pelos ombros por minha mulher que disse:
- Acorda, acorda Paulo,
vem ver a televisão. A verão prolongado secou um afluente do Amazonas e
provocou a mortandade de milhares de peixes!
Um comentário:
EI VELHO TUDOISSO SÓ OCORREU PORQUE O HOMEM SEGUI O MANDAMENTO DO VELHINHO " CRESCEI E MULTIPILCAI" hoje já somo mais de 6.000.000.000 de passageiros da nave terra, e como temos a mania de querer andar, comer, morrar, não sentir frio, não sentir calor, calçar para proteger os pés, escrever, ler e outras manias chegamos onde chegamos e iremos mais longe até que ocorra o vaticinio de albert einistein, como será a terceira guerra? não sei. porem a quarta será na base do pau e pedra.
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