12 de fevereiro de 2009

Reflexão

“Evitar o debate dos limites é o traço distintivo das “agremiações políticas” que, no poder, trabalham para seus próprios interesses, tendo o direito (ou o vício) de não separar o partido do país que agora possuem e controlam. É isso que engendra a “energia corporativa”, cuja base é a personalização do poder. É ela que promove a emergência do elemento carismático e salvacionista, capaz de produzir paradoxos, como ocorre quando um presidente eleito por um partido marcadamente ideológico governa populisticamente. Ou quando o corrupto e canalha de ontem torna-se o aliado redentor generoso de hoje, porque aceita o nosso pedido de perdão. Na amizade e no personalismo (que salva os “nossos”), encontramos a raiz dos famosos “dois pesos e duas medidas” que tem caracterizado, em maior ou menor grau — sejamos honestos —, a dinâmica política de quase todos os governos.”

Roberto DaMatta, antropólogo, no artigo “Temos o vício da amizade” (O Globo, 11/2).

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