19 de fevereiro de 2006

Gripe Aviária

Novamente recorro ao excelente Ondas3, do Octávio Lima para colocar pimenta na discussão sobre a gripe aviária. Este post merece ser dissecado inteirinho:

"Porquê responsabilizar as aves selvagens pela gripe? Se o fossem, verificar-se-ia um padrão lógico na trilha percorrida pelas migrações.

Como explicar que havendo países que, apesar de estarem na rota da migração dessas aves, continuam sem registar casos de gripe enquanto outros países vizinhos os têm registado? Por que será que os países que não possuem uma indústria aviária intensiva tenham sido até agora poupados à gripe?

São estas e outras dúvidas que fazem Leon Bennun, um dos directores da BirdLife International, questionar-se sobre os objectivos da actual histeria mediática. Diz ele que os vírus da gripe aviária são muito raros nas aves selvagens. Apenas em aviários industriais a alta concentração de aves, a constante exposição a fezes, saliva e outras secreções fornecem as condições ideais para a propagação, mutação, recombinação e evolução de formas letais do vírus. Mas os governos e os media não parecem estar interessados em debater estas questões porque o impacte económico seria enorme.

Embalado por esta perspectiva, dei comigo a saciar a minha curiosidade acerca de tema tão badalado ultimamente. E caí literalmente em 2 interessantes artigos de William Engdahl, publicados em 30 de Outubro e 6 de Novembro, e num não menos interessante artigo de Leonard G. Horowitz.

Nos dois primeiros artigos, o autor sugere que Ramsfeld, secretário de estado da defesa, terá muito a ganhar com a subida das acções da Gilead, - pois terá adquirido 18 milhões de dólares de acções desta empresa onde já trabalhara entre 1997 e 2001 -, empresa que desenvolveu e patenteou o Tamiflu, a única vacina contra este vírus, fabricada pela suíça Roche, que negou ao congresso americano o levantamento dos direitos sobre a patente da vacina de modo a permitir outros países fabricá-la. De 2001 até ao momento, as acções da Gilead subiram 720% (subiram de 7 para 50 dólares). Refere ainda a existência de um projecto, revelado pelo Times de Londres de 29 de Outubro, de fabrico de aves transgénicas resistentes ao H5N1, colocando a hipótese de haver subterrâneos interesses por parte de gigantes dos OGMs. Recorda ainda a apresentação, com pompa e circunstância, do Plano de Contingência para a gripe pandémica e a atribuição de um fundo de 7.1 biliões de dólares. Só que o homem da casa branca, no seu discurso pomposo, dissera textualmente que não havia provas da pandemia estar iminente, de não haver indícios da aproximação da gripe ao país. Relembra o alarmismo à volta do anthrax e da varíola, e os lucros que esse alarmismo terá dado à mesma Gilead, fabricante da propagandeada e impingida vacina Vistide. Com um pormenor sinistro: o congresso já introduziu um artigo na lei que defende os fabricantes da vacina de eventuais processos contra si levantados por causa de eventuais danos causados por efeitos secundários da vacina.

Finalmente, o artigo de Horowitz relembra a sinistra articulação, em 2003, da campanha do SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) com o início da guerra do Iraque e defende que esta “guerra contra a gripe aviária” “exige sofisticados programas de propaganda que usam campanhas de medo que facilitam a aceitação social e apoio popular a determinadas políticas.” Sublinha que outras formas de gripe matam mais de 40,000 idosos anualmente na América do Norte e nunca o governo fez disso qualquer alarme".

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