Recentemente publicado, o artigo Coexistence of forest and savana in an Amazonian area from a geological perspective, coordenado pela geóloga Dilce de Fátima Rossetti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em colaboração com os pesquisadores Luiz Carlos Ruiz Pesseda, da Universidade de São Paulo (USP); Dário Dantas do Amaral e Samuel Soares de Almeida, ambos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), aborda os tipos de vegetação frequentes no Arquipélago do Marajó, como a floresta e a savana - duas formações distintas, resultantes das formações geológicas do arquipélago. O estudo realizado na parte leste do Marajó, com enfoque na distribuição da flora a partir da perspectiva geológica, mostra a importância de reconstituir o histórico de eventos geológicos e climáticos para o entendimento da composição paisagística observada no arquipélago.
Para os pesquisadores, o Marajó é uma área singular. Não apenas pela beleza natural, mas por ser um reflexo evidente das mudanças geológicas no Quaternário -período geológico mais recente, iniciado há cerca de 1,6 milhões de anos, que tem como principal característica a redução significativa de temperatura-. A análise do dinamismo geológico, que considera fatores como as mudanças climáticas, a variação do nível do mar e a movimentação de placas tectônicas, explicam a paisagem do arquipélago nos dias de hoje.
Paisagem Marajoara -
Samuel Almeida, pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu
Goeldi, esclarece que a flora do Marajó é muito peculiar e que, dentro
das formações de florestas e savanas, há diferentes tipos
característicos de vegetação. Ele cita como exemplo os famosos campos do
Marajó: uns apresentam apenas gramíneas e ervas, outros já tem
arvoretas e arbustos e ainda há os que têm dominância de elementos
arbóreos. Por sua vez, as florestas podem ser de várzea, com inundação
diária por efeito das marés; de igapó, aquelas inundáveis durante
grande parte do ano, ou florestas de terra firme, baixas, e que podem
se tornar parcialmente inundáveis em épocas de chuva.
Para explicar
porque a paisagem marajoara apresenta esta configuração, de áreas
florestais e não-florestais, os pesquisadores partiram da análise
geológica, que permite o conhecimento sobre o passado da área. O leste
da ilha principal é tomado por savanas devido a grande parte do
terreno ficar submersa durante um período do ano, o que torna estes
locais inapropriados para o crescimento de florestas. Todavia, esta
região também exibe um formato convexo, relacionado aos depósitos
sedimentares de antigos canais, que, atualmente, sustentam florestas.
Estes depósitos apresentam novas particularidades, os canais
abandonados há mais tempo são cobertos por florestas contínuas de
terra firme, onde as espécies se estabilizaram, ao passo que os mais
recentes são ocupados por gramíneas.
Sendo uma
área considerada vulnerável, o Marajó reflete de forma evidente
modificações no ecossistema que estão diretamente relacionadas à
reativação das placas tectônicas no Quaternário. Desta forma, a
configuração dos antigos canais alterou-se, aliada a vários fatores,
como os tipos de solos existentes na região, a topografia e a
hidrografia, que determinaram a incidência das espécies vegetais que
atualmente estão presentes na paisagem marajoara
Complexa diversidade -
O estudo demonstra a vantagem em integrar saberes para
auxiliar o entendimento de fenômenos presentes. Para o pesquisador
Samuel de Almeida, é necessário realizar estudos a partir de mais de
uma dimensão: “não adianta considerar somente a florística, porque a
flora é condicionada pela morfologia, pelo relevo e, algumas vezes,
pelo clima. A pesquisa sobre processos naturais deve ser feita de
forma integrada. E ainda é preciso integrar mais elementos, como por
exemplo, a dimensão faunística. Pois, assim como a vegetação está
associada ao solo, à geomorfologia, a fauna está associada aos tipos
de vegetação”.Ou seja, na natureza, os elementos estão integrados,
portanto, na pesquisa é necessário considerar vias interdisciplinares
para obter resultados mais completos.
O artigo“Coexistence of forest and savana in an Amazonian
area from a geological perspective”foi publicado no“Journal of
Vegetation Science”, em 2010, é uma das publicações do Projeto
Marajó, coordenado pela Dra. Dilce Rossetti. O objetivo principal do
projeto é a integração de informações geológicas e biológicas que
sirvam de base para a análise da origem e evolução da biodiversidade
Amazônica.
O site do
projeto está disponível em: http://www.dsr.inpe.br/marajo.
Texto: Luena
Barros e Joice Santos
Um comentário:
ei velho creio que tem mais influencia dos ventos que da geologia. a savana marajoara ocupa a porção oriental da ilha, a floresta a metade ocidental (região de breves) no periodo chuvoso de novembro dezembro até fevereiro março, chove em toda a ilha, ( lembra do livro do dalcidio jurandir, chove nos campos de cachoeira) de maio para frente os alisios começam a soprar de NE leste a agua que evapora e levada para a porção ocidental onde precipita ficando ssim instalado um longo periodo de estio na porção oriental onde se desenvlove a savana marajoara.
caro velho isso são elucubrações minhas, depois de tentar entender os ventos da costa já que penso f\zer um savero quando me aposentar
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