20 de maio de 2010

Geologia auxilia análise florística da região do Marajó

Recentemente publicado, o artigo Coexistence of forest and savana in an Amazonian area from a geological perspective, coordenado pela geóloga Dilce de Fátima Rossetti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em colaboração com os pesquisadores Luiz Carlos Ruiz Pesseda, da Universidade de São Paulo (USP); Dário Dantas do Amaral e Samuel Soares de Almeida, ambos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), aborda os tipos de vegetação frequentes no Arquipélago do Marajó, como a floresta e a savana - duas formações distintas, resultantes das formações geológicas do arquipélago. O estudo realizado na parte leste do Marajó, com enfoque na distribuição da flora a partir da perspectiva geológica, mostra a importância de reconstituir o histórico de eventos geológicos e climáticos para o entendimento da composição paisagística observada no arquipélago.
Para os pesquisadores, o Marajó é uma área singular. Não apenas pela beleza natural, mas por ser um reflexo evidente das mudanças geológicas no Quaternário -período geológico mais recente, iniciado há cerca de 1,6 milhões de anos, que tem como principal característica a redução significativa de temperatura-. A análise do dinamismo geológico, que considera fatores como as mudanças climáticas, a variação do nível do mar e a movimentação de placas tectônicas, explicam a paisagem do arquipélago nos dias de hoje.



Paisagem Marajoara - Samuel Almeida, pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi, esclarece que a flora do Marajó é muito peculiar e que, dentro das formações de florestas e savanas, há diferentes tipos característicos de vegetação. Ele cita como exemplo os famosos campos do Marajó: uns apresentam apenas gramíneas e ervas, outros já tem arvoretas e arbustos e ainda há os que têm dominância de elementos arbóreos. Por sua vez, as florestas podem ser de várzea, com inundação diária por efeito das marés; de igapó, aquelas inundáveis durante grande parte do ano, ou florestas de terra firme, baixas, e que podem se tornar parcialmente inundáveis em épocas de chuva.
Para explicar porque a paisagem marajoara apresenta esta configuração, de áreas florestais e não-florestais, os pesquisadores partiram da análise geológica, que permite o conhecimento sobre o passado da área. O leste da ilha principal é tomado por savanas devido a grande parte do terreno ficar submersa durante um período do ano, o que torna estes locais inapropriados para o crescimento de florestas. Todavia, esta região também exibe um formato convexo, relacionado aos depósitos sedimentares de antigos canais, que, atualmente, sustentam florestas. Estes depósitos apresentam novas particularidades, os canais abandonados há mais tempo são cobertos por florestas contínuas de terra firme, onde as espécies se estabilizaram, ao passo que os mais recentes são ocupados por gramíneas.
Sendo uma área considerada vulnerável, o Marajó reflete de forma evidente modificações no ecossistema que estão diretamente relacionadas à reativação das placas tectônicas no Quaternário. Desta forma, a configuração dos antigos canais alterou-se, aliada a vários fatores, como os tipos de solos existentes na região, a topografia e a hidrografia, que determinaram a incidência das espécies vegetais que atualmente estão presentes na paisagem marajoara
Complexa diversidade -  O estudo demonstra a vantagem em integrar saberes para auxiliar o entendimento de fenômenos presentes. Para o pesquisador Samuel de Almeida, é necessário realizar estudos a partir de mais de uma dimensão: “não adianta considerar somente a florística, porque a flora é condicionada pela morfologia, pelo relevo e, algumas vezes, pelo clima. A pesquisa sobre processos naturais deve ser feita de forma integrada. E ainda é preciso integrar mais elementos, como por exemplo, a dimensão faunística. Pois, assim como a vegetação está associada ao solo, à geomorfologia, a fauna está associada aos tipos de vegetação”.Ou seja, na natureza, os elementos estão integrados, portanto, na pesquisa é necessário considerar vias interdisciplinares para obter resultados mais completos.
O artigo“Coexistence of forest and savana in an Amazonian area from a geological perspective”foi publicado no“Journal of Vegetation Science”, em 2010, é uma das publicações do Projeto Marajó, coordenado pela Dra. Dilce Rossetti. O objetivo principal do projeto é a integração de informações geológicas e biológicas que sirvam de base para a análise da origem e evolução da biodiversidade Amazônica.
O site do projeto está disponível em: http://www.dsr.inpe.br/marajo.  

Texto: Luena Barros e Joice Santos


Um comentário:

Anônimo disse...

ei velho creio que tem mais influencia dos ventos que da geologia. a savana marajoara ocupa a porção oriental da ilha, a floresta a metade ocidental (região de breves) no periodo chuvoso de novembro dezembro até fevereiro março, chove em toda a ilha, ( lembra do livro do dalcidio jurandir, chove nos campos de cachoeira) de maio para frente os alisios começam a soprar de NE leste a agua que evapora e levada para a porção ocidental onde precipita ficando ssim instalado um longo periodo de estio na porção oriental onde se desenvlove a savana marajoara.
caro velho isso são elucubrações minhas, depois de tentar entender os ventos da costa já que penso f\zer um savero quando me aposentar