No apagar das luzes
Dias antes de deixar o Ministério de Minas e Energia para candidatar-se a uma vaga no Senado nas eleições de outubro, o maranhense Edison Lobão deu aval a um projeto que beneficia grandes empresas com fábricas no Nordeste. Com o apoio do ex-ministro, sete conglomerados industriais comprarão energia a um preço abaixo do praticado pelo mercado durante os próximos cinco anos. A medida favoreceu Vale, Braskem, Dow Química, Gerdau, Caraíba Metais, Novelis e Ferbasa. Os contratos fechados com a Chesf, subsidiária da Eletrobras, venceriam neste ano. Pelo acordo, esses grandes consumidores pagam 90 reais o megawatt/hora, valor hoje 30% inferior ao preço médio de mercado. Estima-se que a decisão de estender essa benevolência representará para a Chesf uma perda entre 350 milhões e 400 milhões de reais por ano. Em sua defesa, as companhias, cujo consumo responde por 15% da capacidade instalada da geradora, alegaram que o reajuste causaria demissões e fechamento de fábricas.
A proposta para a prorrogação dos contratos, que partiu do governo, passou pelo Congresso e, com o aval de Lobão, foi assinada por Lula. Mas a decisão do governo pouco contribui para melhorar a transparência sobre o setor elétrico, que, mesmo depois da privatização na década de 90, ainda se vê às voltas com um intrincado arcabouço regulatório. Diz Walter Fróes, diretor da CMU, empresa que comercializa energia: "É preciso ter isonomia. O governo não pode privilegiar algumas companhias em detrimento das outras".
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