A esta etapa da minha
caminhada,
Já exausto e precisando de
uma
Sombra reconfortante, paro e
penso:
Por que me tornei, de
súbito, um solitário
Temeroso?
“Lobo da estepe”, um
clássico de Hesse
Que proclama a solidão do
homem
Neste universo grandioso
Que sufoca a pequenina (já
por
Seu tamanho descomunal)
E imperceptível centelha de
luz
Que somos todos nós...
O que vem por trás do
tempo?
Ondas gigantes do mar
insano?
A cada ano, a
intensificação dos
Vendavais, do frio
intolerável, do calor
E das secas infernais?
Pó trás do tempo o vento
endoidecido
Obedece a ordens
celestiais?
Vem a negrura, a
vermelhidão e os ais?
Desespero, redemoinho de
corpos
Inertes, desencontro de
informações...
E o vento castigando
impiedoso...
De nada adiantando as
blasfêmias, as
Indignações!
Para onde vão os amores, as
amizades
Verdadeiras?
Os bichinhos que criamos,
Para onde vão?
Muitos dos meus se foram
Na passagem do vento
E outros mais irão.
Solitários, continuaremos,
Uivando como lobos nas
pradarias
Da imensidão?
Eu me vou numa das
passagens
Do vento...
Temo sim, deixar para trás a
música suave
E romântica;
A moça viçosa dos meus
versos soltos;
O banho prazeroso nas águas
frias
Das bicas e dos córregos;
O chão que pisei tantas
vezes;
A casa de taipa que morei;
O velho limoeiro que
reguei...
Lastimo tanto as separações
E nossa estada na Terra
Tão breve, mas tão
aprazível...
Lamento as perdas dos
amores,
Que, como as flores,
Mostram o seu viço, sua
beleza,
Mas num certo dia,
Murcham e se perdem pelo
chão,
Dando vez a outras
Que enfeitam e perfumam
Os jardins.
Maldita sina de todas as
vidas!
Suas passagens são
esquecidas!
Maldita terra, que tudo
enterra,
Sem se importar com o
desespero,
A dor e a saudade dos que
ficam
E a incerteza, o medo e a
eterna solidão
Dos que vão!
Paulo Paixão
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