14 de junho de 2009

Não ao Greenpeace

Este artigo foi publicado no Blog do Jeso em abril de 2006.
Com as ações atuais do MPF e as reclamações dos pecuaristas e madeireiros ele está bastante atual.
Portanto vale a pena ser republicado:

Não ao Greenpeace!
Jubal Cabral Filho (*)

Image Hosted by ImageShack.usESTAMOS ouvindo, lendo e discutindo moções de repúdio constante às ações do Greenpeace na nossa região. Todos os dias e por todos.

Assim como muitos empresários das indústrias, serviços e do comércio local não querem estas ações radicais, eu também não quero as ações desta ONG em nossa região. Eles nos atrapalham constantemente. Impedir que sejam embarcados os produtos naturais que são produzidos em nossa região é um crime sem precedentes. E eu abomino estas ações.

Como coibir os agricultores ou mineradores por seu trabalho justo e legal? Como não remunerar seu trabalho árduo e, ao mesmo tempo, gratificante? Quem são estes atores ambientais que continuam a agir intempestivamente sem pensar na família que se desgasta nas intempéries amazônicas há décadas para produzir o seu e o nosso sustento? Quem está com a razão? Ou não existe razão?

É UMA situação complexa que precisa ser bem analisada para que não cometamos excessos nem sejamos punidos por ações injustas. No meu modo de pensar (e é bastante particular) ninguém tem razão. Nem o Greenpeace nem os produtores ou os aproveitadores da produção.

O Greenpeace luta, com todas as forças, economicamente poderosas, para que sejamos penalizados e não tenhamos nenhum crescimento econômico. Ou nenhum desenvolvimento econômico. Que permaneçamos nas trevas da produção econômica e que nossas terras e nossos trabalhadores continuem sendo manipulados política e economicamente pelos mais fortes, monetariamente.

A ONG permanece na sua luta por uma estagnação populacional, preservação natural integral e nenhum desenvolvimento econômico. E, neste ponto, está errada!

NÓS, AO mesmo tempo, não fazemos nada, absolutamente nada, para que as ações covardes e traiçoeiras contra nosso patrimônio mais valioso (a natureza) cessem imediatamente. Continuamos a aplaudir os devastadores de nossas florestas ou de nossas jazidas minerais em nome do faturamento anual do nosso e do empreendimento deles.

Continuamos a vender, sempre mais, àqueles que querem “colocar abaixo um pedaço de mato imprestável”, sem pensar que amanhã a terra será arrastada morro abaixo até os nossos rios. E estes transbordarão ou secarão continuamente.

O negociante quer, sempre, ouvir tilintar em seu cofre as moedas traiçoeiras da devastação ambiental. Poucas são as vozes que se levantam contra o “Predador” neste deserto, porque quem provoca o impacto ambiental não quer (ou não pode) promover as ações mitigadoras necessárias. Sempre esperamos que o vizinho jogue a primeira pedra.

E QUANDO ele se mexe, nós o criticamos.

Ocorrem as ações graciosas e irresponsáveis para calar a voz daqueles que tentam, como um Quixote Amazônico, formar um exército consciente (a la Brancaleone) para que mais benefícios sejam acrescidos a seu meio de vida. E estes poucos são atirados aos cães. Não adianta reclamar ao bispo, empresários!

Sugiro que se forme um exército ambiental/empresarial poderoso, com profissionais que possam orientar adequadamente, que substitua estas ONG's tão incomodas para vocês, para planejar e treinar mais e mais pessoas para que a consciência ambiental seja perpetuada.

QUE SE combata a ação devastadora com ação corretiva adequada, mas que se oriente como se deve fazer. Proibir é muito fácil, mas encontrar as soluções é o nosso desafio. Nossa região é rica demais para que continuemos deitados eternamente em berço esplendido e deixemos que outras entidades venham usufruir o bem-bom.

Assim estaremos legando alguma forma ambientalmente natural, além de fotos saudosas, para nossos descendentes. E eles poderão, assim como muitos de nós, subir numa árvore, descer de um morro ou nadar em águas cristalinas. Tem que começar imediatamente!

As associações comerciais, sindicais e rurais devem, tem o dever, de criar a consciência ambiental tão discutida em público e execrada em particular. Juntas ou separadas, têm que mostrar a sua cara. Este é um legado permanente dos dirigentes atuais ou futuros.

OS EMPRESÁRIOS dos produtos da natureza anunciaram que vão se manifestar para mostrar que estão sendo injustiçados pelas críticas e ações das ONG's. Que tal começar aprendendo como se protege ambientalmente o futuro? E ensinando àqueles que relutam em ficar à deriva da história?

Está na hora de montar acampamento, como faz o Greenpeace ou o WWF, para mostrar a eles e a nós que existem no meio, empresários preocupados e trabalhando ao desenvolvimento economicamente sustentável.

Quem dentre os empreendedores locais contratou ou contactou, nos últimos anos, com um auditor ambiental para saber como anda seu negócio? Talvez nem saibam que ele existe, tão grande é o seu desconhecimento sobre o assunto. E reclamam do padre!

QUEM procurou informações sobre a legislação ambiental que rege seus negócios? E ela é primordial para qualquer empreendimento, que provoque um incômodo ambiental seja permitido. E reclamam das ONG's!

Se esperarmos alguma ação, dos governos ou dos políticos atuais seremos vergonhosa e covardemente derrotados. Eles também querem ouvir tilintar as moedas (da corrupção) em seus cofres. Os pedidos de ajuda serão lançados aos seus bolsos nas campanhas políticas, mas depois…

Vamos nos lembrar da lição da vara solitária e do feixe de varas. Lembram? Sem mover uma palha estamos à mercê dos aproveitadores e daqueles que não pertencem ao nosso meio.

Quem será o primeiro a recolher as pedras lançadas e construir um muro sólido com elas?

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Um comentário:

Lucio Freire disse...

Parabéns amigo, precismaos de pesoas inteligentes, sábias, que entendam para escrever sobre temas tão relevantes como este e você sabe muito bem como fazê-lo. Parabéns e um forte abraço.