Do Ondas3:
- Subsidiar a troca de carros velhos por novos alegadamente menos poluentes é uma vigarice de todo a tamanho, avisa George Monbiot no Guardian de 10 de Março. Excertos: “Sob a capa de uma medida ambiental, vamos ser enganados redondamente e é conveniente resistirmos. Dizem que vão subsidiar a troca do nosso carro velho por um novo, que isso vai segurar empregos e vai fazer gerar uma revolução nos transportes de baixa produção de carbono. Tretas! Os fabricantes de carros não pediram isso. A Europa apenas impôs aos fabricantes limites nas emissões, pelo que a negociata vai acabar por fazer com que as pessoas troquem o seu velho Citroen C1 por um novo Porsche Cayenne. Se o governo investisse na criação de mais ciclovias nas cidades e de faixas de autocarros nas autoestradas, se ajudasse as crianças a ir a pé para a escola, se controlasse melhor os limites de velocidade, se os autocarros fossem mais frequentes, isso sim, teria um retorno muito maior do que esta vigarice que está a ser impingida. Segundo um estudo da Transportation Research, 15 a 20% das emissões de um carro socorrem durante a sua produção, pelo que trocar um carro com, por exemplo, 5 anos, só vai fazer aumentar as emissões uma vez que, ainda segundo o estudo daquela associação, o limite ideal de idade de um carro é de 19 anos. “Transporte de baixo carbono? Ide gozar outro”, continua Monbiot: “Tudo esquemas a disfarçar subsídios aos fabricantes, pintados de verde para enganar o consumidor incauto. A indústria automóvel quer o dinheiro porque está em colapso. A Vauxhall e o grupo General Motors erá na iminência da insolvência. Por isso, pergunto: deve-se apoiá-las independentemente do seu impacto no ambiente? Não. A ajuda estatal proíbe programas de abate de carros de discriminarem entre carros feitos aqui (no Reino Unido) e carros feitos no estrangeiro. Portanto, considerando que os fabricantes britânicos produzem apenas cerca de 15% dos veículos vendidos no país e que a indústria é altamente automatizada e que tem grandes custos de capital, este subsídio vai ser provavelmente tão mau para salvar empregos como para reduzir o carbono. Cada libra gasta a conduzir representa uma libra retirada às alternativas, muitas das quais, como os autocarros e os combóios, empregam mais gente com o mesmo dinheiro. A indústria automóvel continuou a produzir carrões muito tempo depois do mercado ter colapsado. Vêm agora estender a mão a pedir dinheiro, vão recebê-lo e depois vão desfazer-se dos seus empregados. Tal como os banqueiros, eles destruiram a sua própria indústria. E, tal como os banqueiros, querem que todos nós paguemos.”
Lá, como aqui, todos querem se dar bem.
Um comentário:
Caro Jubal,
Há anos a Itália - e não só - dá incentivos para a substituição de carros antigos por veículos novos. Na prática, quem compra um carro novo, com tecnologia menos poluente e mais econômica, goza de um desconto se der o carro velho em troca. Por exemplo: um carro de 14.000,00 euros pode sair por 8.600,00 se o cidadão entregar um carro produzido até 2000. O carro velho será desmanchado e, junto com ele, a tecnologia da época que faz com que o consumo seja de 9,8 litros por 100 km (a conta aqui é assim), enquanto o mesmo modelo zero km consome 5 litros por 100 km. A metade. Além disso, os novos modelos obedecem às normativas europeias para a redução da poluição e, no caso citado, são modelos movidos a GPL, muito menos poluentes.
Como escrevi, há anos o programa existe e o incentivo é ao consumidor, que pagará o preço cheio caso não tenha um carro velho para trocar.
É isso. :)
Abração
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