1 de julho de 2007

Uma Maneira de Administrar

De meu colaborador Luiz Bernardino:

"A nossa governadora assinou e mandou para publicação no DO. um decreto que revogava Lei de 1986 (Jader) que concedia 35% de adicional de insalubridade quando o policial militar fosse para a reserva. Aliás fiquei pasmo em saber que militares tem coloração partidária. A notícia vazou, resultado: 1000 policiais pediram reserva em 28/06 antes da publicação, sendo que dentre esses 17 coronéis dos 22 existentes no quadro. O tiro saiu pela culatra. E hoje veja o que é anunciado. Esta é maneira petista de governar". Vejam a nota abixo em O Liberal:

Bombeiros vão perder comandantes

O Corpo de Bombeiros Militar do Pará também perderá seus principais comandantes. A exemplo do que ocorreu na Polícia Militar, centenas de praças e oficiais, além de quatro coronéis e um tenente-coronel, também entraram com pedidos de baixa para a reserva na quinta-feira, 28, diante da notícia de que o governo do Estado retirará o adicional de inatividade da corporação. Entre os que pediram para ir para a reserva estão o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Paulo Gerson, e o subcomandante-geral, coronel Lisboa. A lista inclui, ainda, os coronéis Gomes e Francisco e o tenente-coronel Freitas.
O final de semana promete ser quente. A governadora, que chegou ontem de uma viagem à Venezuela, já desembarcou com um compromisso marcado na agenda do final de semana. Ela terá um encontro com os comandantes para encontrar uma solução para o problema. Fontes da Polícia Militar negam que se trata de um movimento organizado pelos coronéis para desestabilizar o governo de Ana Júlia Carepa. A revogação do adicional de 35% - e não de 30% como foi publicado na reportagem de ontem - vai atingir indistintamente todas as patentes militares do Estado. 'No salário de um sargento, cabo ou soldado, 35% têm um peso muito maior em melhoria do poder de compra do que no caso de um coronel. Além disso, com a extinção, os soldos dos praças serão reajustados em 35% para cobrir a perda na hora de ir para a reserva? Ou a governadora vai nos dar migalhas?', questiona um praça da Polícia Militar.
Depois do movimento de ontem, o clima é de expectativa entre os militares. Do lado do governo, o dia de ontem foi gasto em uma operação destinada a apagar os focos de incêndio nas corporações. Pessoas foram enviadas aos quartéis para pedir cautela aos praças e levar a mensagem de que a governadora vai tentar dar alguma coisa em troca pelo adicional perdido. A idéia de retirar um benefício para usá-lo na recomposição de salários, no entanto, não está sendo bem aceita.
O 'efeito Robin Hood' proposto pelo Estado só contaria com o apoio dos praças se o benefício fosse retirado apenas dos coronéis, o que não pode ser feito pelo governo por ferir o princípio da isonomia. O que os praças querem é um aumento do soldo, sem prejuízo do adicional a que têm direito ao ir para a reserva. O que faltou, de acordo com fontes da PM, mais uma vez, foi habilidade do atual governo ao tratar assuntos delicados, como este da retirada de benefícios para militares, justo para militares. A questão de fundo que envolve a revogação do decreto - a substituição do alto comando com forte perfil jaderista por novos oficiais mais identificados com o Partido dos Trabalhadores (PT) - poderia ter sido resolvida de forma gradual. Também não foi feita nenhuma negociação prévia com as associações militares para minimizar os efeitos da medida entre os praças. Dentro de 90 dias, quando começar o desquartelamento dos comandantes que entraram com pedido de baixa para a reserva, é possível que haja um vácuo de comando, uma vez que a quantidade de oficiais de alta patente não é muito grande dentro da Polícia Militar e nem no Corpo de Bombeiros.
O Estado talvez imaginasse que poderia manter em sigilo a publicação do decreto, mas, novamente, os sistemas de contenção das decisões estratégicas se mostraram falhos. As informações vazam como água em uma peneira no governo de Ana Júlia Carepa. Os comandantes, com um dia de antecedência ao da provável publicação do novo decreto, receberam mensagens sobre o que iria se passar e, para usar o linguajar próprio da caserna, 'quando se aciona o quartel a barata voa'. Em pouco tempo a notícia se espalhou e levou mais de mil praças a também pedirem baixa para a reserva.
Até aliados que fizeram campanha para a governadora temem o corte
A idéia de um movimento articulado pelos coronéis não se sustenta quando se observa o perfil de alguns oficiais que entraram com o pedido para a reserva. O subcomandante-geral da PM, coronel Eledilson, por exemplo. Nas eleições de 2006, o coronel licenciou-se para concorrer a uma vaga como deputado estadual pelo PTB e, no segundo turno das eleições para o governo, fez campanha aberta para a então candidata Ana Júlia Carepa. Para alguns dentro da corporação, além do merecimento óbvio, este teria sido um dos motivos que o levaram ao posto de segundo homem da PM no Pará.
'Uma pessoa como o coronel Eledilson, na função de subcomandante, não seria louco de acompanhar um movimento contra o governo. Um governo que ele, inclusive, ajudou a eleger. Ele fez o que qualquer um faria diante dessa situação. Correu para garantir o seu direito', diz uma fonte da Polícia Militar.
Seja qual for a solução encontrada pelo governo para pôr fim à crise nos quartéis, o estrago já está feito. O mal-estar e a falta de motivação brotam dentro da corporação. Um clima que ficou claro na noite de ontem, durante a festa junina promovida pelo Clube de Oficiais da PM.
O adicional de inatividade foi criado como uma forma de compensar os policiais militares, de todas as patentes, por não receberem as gratificações por tempo integral e dedicação exclusiva pagas aos policiais civis. Dizem as fontes da PM que o comandante-geral da PM, coronel Ruffeil, só não pediu também para ir para a reserva porque não tem tempo suficiente.

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