As temperaturas globais podem estar subindo no mundo todo mais rapidamente do que se pensava e há fortes indícios de que os seres humanos são os responsáveis pelo fenômeno, afirmou o cientista chefe do Banco Mundial, Robert Watson, em entrevista concedida nesta quinta-feira.
A maior parte dos cientistas aceita a ocorrência de mudanças climáticas e que isso pode estar provocando fenômenos meteorológicos mais radicais, o aquecimento global e a elevação do nível dos oceanos. Mas a proporção e a causa dessas mudanças ainda são tema de um acalorado debate. Blocos de países, entre os quais a Europa e os Estados Unidos, não conseguiram chegar a um acordo sobre a que velocidade o mundo precisa agir.
O Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC), grupo criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), prepara seu quarto relatório - que deve ser publicado em 2007 - a respeito desses fenômenos. O grupo descobriu que há hoje indícios mais concretos sobre o aquecimento e sobre a responsabilidade humana, disse Watson. O trabalho de pesquisa do IPCC está dividido entre vários grupos - o estudo sobre as provas científicas cabe ao Grupo de Trabalho 1. "Todos com quem conversei do Grupo de Trabalho 1 dizem que as evidências (sobre as mudanças climáticas) estão ficando mais contundentes e que há sinais de que a maior parte do aquecimento observado deve-se à ação humana", afirmou Watson, ex-presidente do IPCC. O terceiro relatório do painel, divulgado em 2001, citava "indícios novos e mais fortes" de que as atividades humanas estavam aquecendo o planeta. Referindo-se às pesquisas mais recentes sobre o assunto, Watson também afirmou ter encontrado um consenso emergente de que a previsão de hoje sobre o aumento das temperaturas até 2100 concentrava-se na parte mais alta das estimativas feitas em 1990. "Os mais recentes modelos sobre as mudanças climáticas sugerem mudanças na parte superior da escala, com um aumento projetado para as temperaturas de algo entre 3 e 5 graus Celsius". "O terceiro relatório do IPCC previu que as temperaturas aumentariam entre 1,4 e 5,8 graus Celsius. Essa é uma média mundial. O aumento é maior na terra que no mar, e será máximo nas regiões polares".
A estimativa de aumento das temperaturas feita por esse relatório traduz-se em uma elevação do nível dos oceanos em algo entre 9 e 88 centímetros até 2100. Ou seja, qualquer elevação das temperaturas seria uma má notícia para os que vivem à beira-mar.
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