Novas pesquisas põem em dúvida a ligação entre grandes furacões no Atlântico e o aquecimento global. Essa á uma das conclusões de um estudo da Universidade da Virginia que estará na edição do dia 10 de maio da revista Geophysical Research Letters.
Nos últimos anos, o grande número de furacões do Atlântico incitou um debate sobre o aquecimento global ser ou não o responsável. Como as temperaturas altas na superfície do mar alimentam ciclones tropicais, essa ligação parece lógica. De fato, no ano passado, muitos pesquisadores de furacões correlacionaram as tendências de aquecimento em larga escala com o aumento da severidade dos furacões, e implicaram o aquecimento do efeito estufa como causa.
Mas ao contrário desses estudos anteriores, os climatologistas da universidade examinaram especificamente as temperaturas da água no trajeto de cada tempestade, fornecendo um quadro mais preciso do ambiente tropical envolvido no desenvolvimento de cada furacão. Eles descobriram que o aumento nas temperaturas da água pode ser responsável por apenas cerca de metade do aumento dos furacões fortes nos últimos 25 anos; assim, o aumento restante tem que estar relacionado a outros fatores.
"É muito simplista culpar apenas as temperaturas da superfície do mar pelo aumento dramático no número de grandes furacões", disse o autor do estudo, Patrick Michaels, professor de ciências ambientais diretor do Escritório de Climatologia da Virginia.
Para uma tempestade atingir o status de um grande furacão, uma série muito específica de condições atmosféricas deve ser atingida na região do desenvolvimento da tempestade. Temperaturas suficientemente altas da superfície do mar são penas um desses fatores. Os autores descobriram que a força final de um furacão não está diretamente ligada à temperatura da água. Eles descobriram que uma temperatura inicial, 32ºC, deve ser atingida antes que um ciclone tropical fraco tenha o potencial para se tornar um furacão monstruoso. Uma vez que esse limiar é cruzado, a temperatura da água deixa de ser um fator importante. "Nesse ponto, outros fatores assumem, como o perfil do vento vertical, e a temperatura atmosférica e gradientes de umidade", disse Michaels.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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