5 de março de 2014

Petrobrás já assusta o mercado


Para mostrar a cara de vez, a Petrobrás vai fazer assim:
A Petrobras está estimando, para este ano, um real bem mais forte do que especialistas e o próprio Banco Central na hora de prever seus gastos e investimentos, o que tem preocupado analistas em bancos e corretoras.
Na semana passada, ao anunciar seu plano de investimento até 2018, a estatal disse que trabalha com um dólar a R$ 2,23 neste ano.
Cenário bastante distinto do que preveem analistas consultados pelo Banco Central, que calculam uma cotação média de R$ 2,45. Já o Comitê de Política Monetária do BC trabalha com um valor médio de R$ 2,40.
Atualmente a moeda americana está cotada a R$ 2,32.
A previsão é que ela ganhe força durante o ano, à medida que o Fed (BC dos EUA) continue a retirada de estímulos iniciada no fim de 2013 e que tem feito o dólar ganhar força ante divisas emergentes. Esse movimento fez o real perder 13,3% do seu valor ante o dólar em 2013.
"Ninguém no mercado consegue entender de onde saiu isso", diz Flávio Conde, analista da Corretora Gradual.
"Não posso acreditar na seriedade disso, porque todas as previsões, de dívida, de investimento, de importação, ficam maquiadas", afirma o economista Mauro Rochlin, do Ibmec/Rio.
Em relatório global, o banco suíço UBS considerou a taxa "uma surpresa".
Procurada, a Petrobras não quis comentar o tema.

Editoria de arte/Folhapress

Descrição: http://f.i.uol.com.br/folha/mercado/images/14062585.jpeg
IMPORTAÇÃO
O real mais forte é uma vantagem para a Petrobras. Ela precisa importar 300 mil barris diariamente para atender às necessidades do mercado, já que suas refinarias têm capacidade de produção inferior à demanda.
Em 2013, o deficit financeiro na balança comercial de petróleo e derivados foi de US$ 14 bilhões, segundo a ANP (agência reguladora do setor).
"Se o real realmente ficar mais fraco, o impacto no caixa da empresa será dramático. Logo, quando escolhe um real forte para fazer suas projeções, ela é bem generosa consigo", diz a analista Luana Helsinger, da GBM Brasil.
O problema seria menor se a empresa não tivesse prejuízo com a venda de combustíveis, já que compra no exterior mais caro do que pode vender aqui, por determinação do governo, controlador da empresa, que teme impacto na inflação.
Por mês, o prejuízo estimado é de R$ 500 milhões.
"Ao escolher esse câmbio, a empresa está dizendo que vai ter mais dinheiro em caixa para investir e pagar dívida do que provavelmente terá", diz Conde, da Gradual.
A Petrobras tem de baixar, em dois anos, a relação entre dívida e geração de caixa de 3,5 para 2,5. E a relação entre dívida e patrimônio líquido de 39% para 35%.
Se não conseguir, corre o risco de perder o "grau de investimento" (selo de bom pagador dado pelas agências de risco) e teria de pagar mais juros para captar dinheiro lá fora. A empresa precisa captar US$ 12 bilhões por ano

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