Esse Lobão é uma vovózinha...
Da coluna de
Sergio Rodrigues:
“Um avião não é feito para cair, mas ele sazonalmente
cai. O que não se pode dizer é que ele todo ano tem que cair. Assim é o
sistema elétrico brasileiro.” (Edison Lobão)
A declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, contém
duas bobagens em uma. A primeira, uma impropriedade vocabular flagrante,
é chamar de “sazonais” os acidentes aéreos. A segunda é compará-los aos
apagões, estes sim tendentes à sazonalidade.
O adjetivo sazonal é derivado de um substantivo feminino nascido no século XIII e pouco usado hoje: sazão, do latim sationis, que quer dizer estação do ano e, por extensão, tempo próprio para a colheita.
Faz tempo que sazonal, “relativo a uma determinada época do ano”, vai
além de seu sentido original, podendo nomear tudo aquilo que ocorre em
ciclos, regularmente, de forma previsível – como as estações que estão
na origem disso tudo.
Safras são sazonais, claro, e fluxos turísticos em balneários também,
mas até a Copa do Mundo pode ser chamada de sazonal. Há ciclos e
padrões na ocorrência de todos esses eventos. Sinônimos de sazonal são
periódico, cíclico, regular, repetitivo.
Um acidente aéreo, como se vê, é tudo menos sazonal. Imprevisível,
pode-se dizer que é melhor qualificado pelos antônimos das palavras
listadas acima: ocasional, eventual, fortuito, irregular.
Tudo aquilo que os apagões e o medo do desabastecimento energético, pragas brasileiras frequentes e propensas a atacar no verão, infelizmente não são.
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