23 de janeiro de 2014

AS SAFRAS DE DEPÓSITOS DE OURO DO TAPAJÓS.




Este escrito foi realizado em 2007, por um profissional da área que teima em se manter anônimo, por detestar ter seu nome vinculado a uma produção deste quilate. Como eu o conheço há longo tempo - fomos colegas de faculdade - e sei de sua competência e limitações vou considerar o que ele me escreveu: "Diga que é de domínio popular".
Aproveitem...

Ao longo dos últimos trinta anos foram divulgados, na imprensa e no seio da comunidade geológica, diversas descobertas de dezenas de depósitos de ouro na região do TAPAJÒS.
A primeira safra ocorreu nos anos oitenta, quando a CPRM licitou e vendeu os famosos BLOCOS TAPÁJOS, ou BTs, nos quais foi alardeada a existência de minas de ouro na forma aluvionar, com milhões de metros cúbicos mineralizados e teores médios de até 1g/m3 (um grama por metro cúbico), muito acima da média de aluviões lavrados no mundo.
Diversas empresas que adquiriram as áreas, após executarem trabalhos de pesquisa concluíram que as informações eram fantasiosas.
Na década de noventa, nos idos de 95, 96, 97 diversas empresas consideradas como JUNIORES, com sede em diversos países (Canadá, Austrália, Estados unidos, Inglaterra, Hong-kong) declararam nos meios de comunicação, a descoberta de vários depósitos auríferos, com dezenas, alguns com centenas de toneladas de ouro, os CHAMADOS WORLD CLASS, que entrariam em produção em curto prazo. Os anos se passaram, e as minas não foram implantadas. O que permite que se conclua, que os tais depósitos na realidade não existiam, a não ser na mente dos responsáveis ou irresponsáveis, pelas alardeadas descobertas.
Com a subida do preço do ouro no mercado internacional, estando na casa dos setecentos dólares a onça, recomeça o anúncio da nova safra de descobertas de dezenas de depósitos de ouro no tapajós, por coincidência novamente, pelas denominadas companhias pequenas, ou juniors company, das quais, a maior parte completamente desconhecida pelos profissionais da comunidade geológica.
O jornal o LIBERAL de domingo, dia 12 de agosto de 2007, anunciou que no Tapajós várias empresas pequenas, avaliaram depósitos de até 60t (sessenta toneladas) de ouro. Os números regrediram, quando comparados com os anúncios de centenas de toneladas, declaradas na década de noventa, e nunca confirmadas.
Uma JAZIDA MINERAL, não é um número isolado. Dizer que se encontrou 100 toneladas de um bem mineral, seja ele qual for, não significa absolutamente nada; é apenas um número desprovido de qualquer valor.  Jazida é um termo que traz embutido conotação econômica, para que uma quantidade de bem mineral seja considerado uma jazida, tem que estar definidos os parâmetros que permitam seu aproveitamento econômico, para tanto, tem que se conhecer com precisão entre outros: tonelagem, volume, teor médio, relação estéril/minério, situação geográfica, caracterização tecnológica do minério, disponibilidade de tecnologia para extração e beneficiamento, localização precisa na crosta, rocha encaixante etc.
As noticias de descobertas no TAPAJÒS, de depósitos de sessenta toneladas de ouro é mais um caso de um número sem valor algum, para demonstrar que o que estamos afirmando tem fundamento, basta ver que:
É espantoso, mas a quantia total de ouro no mundo é surpreendentemente pequena, a estimativa é que o mundo produziu 1.428.571 quilogramas de ouro por ano durante 200 anos. Esse número talvez seja um pouco maior, mas ao imaginar que os astecas e os egípcios produziram uma quantidade considerável de ouro durante um longo período, é bem provável que esse número não esteja muito longe do produzido (1.428.571 quilogramas x 200 anos = 285.714.200 quilogramas).
O volume das águas dos oceanos possui 5.480.000 toneladas de OURO, é isso mesmo, cinco milhões, quatrocentos e oitenta mil toneladas de ouro, (os oceanos apresentam volume de 1.370.000.000 Km³ , área de 361.700.000 Km², e teor médio de 4 microgramas /m³),  o correspondente a 19,18 vezes a todo o ouro produzido pela humanidade ao longo de sua existência de milhares de anos.
Caso alguém declare que descobriu 5.480.000 toneladas de ouro nos mares não estará mentindo, porém, estará a uma distancia insuperável, de ter avaliado uma JAZIDA de OURO, uma vez que o teor médio de OURO nas águas dos oceanos é de apenas 4 microgramas por metro cúbico, isto é 0,000.004 g/m³, o que torna impossível seu aproveitamento econômico com as tecnologias de hoje.
Estes números demonstram que as declarações de descobertas de toneladas de ouro, sem que tais números estejam acompanhados de parâmetros econômicos, que permitam uma avaliação mesmo rudimentar das possibilidades de extração devem ser recebidas com cautela, pois pode ser que se trate de ouro semelhante ao marinho, que existe, porém não é recuperável com lucratividade, ou seja, nada vale.
O tempo como senhor absoluto da verdade se encarregará de demonstrar se estamos frente a uma nova safra de depósitos de ouro no Tapajós que não passam de alarme falso, como as outras já ocorridas.
Para que servem essas declarações BOMBASTICAS DE DESCOBERTAS DE CENTENAS DE TONELADAS DE OURO que não se confirmam, ainda é uma indagação sem resposta, porém que são intrigantes – ah! isso são - essas coisa não acontecem por acaso, alguém deve estar tirando proveito dessas descobertas fantasmas.
A quem será que isso está beneficiando? Ao país e a mineração nacional certamente não é, pois nada foi acrescentado ao patrimônio mineral nacional e muito menos ao mercado, haja vista que nada foi produzido a não ser BOATARIA.
     

Um comentário:

Anônimo disse...

Dizem que as Dragas de 18" em operação no tapajós produzem 2 quilos por mês.


Uma Draga de sucção de 18" de diametro, trata no máximo 70.000 m³/mês. Com a produção é de 2.000 gramas de ouro, Significa que o Teor recuperado está em torno de 30 miligramas por m³ (pouca coisa, quase nada).

O sistema convencional de tratamento em Dragas se compõe de:
Trommel;
Classificador/desagregador;
Jigagem primária;
Jigagem secundária;
Jigagem terciária;
Concentrador Knelson para apuração final.

Com o sistema "garimpeiro" de Carpete, è perder "ouro" e dinheiro. (podem redragar novamente que conseguirão a mesma produção) o que comprovará que a " eficiencia" da concentração deixa a desejar.

em uma comparação grosseira é como um sistema de alimentação, que tem apenas a boca e o "CÙ", sem o estomago e o intestino para a fazer a digestão, o processamento e melhor aproveitamento.

Assim os monstrengos que operam no madeira e no tapajós, EMBORA PAREÇAM uma obra prima da engenharia moderna, não passam de uma engenhoca bem rudimentar. A BOMBA LANÇA O MATERIAL succionado DIRETO no SLUICE, nas famosas caixas, já usadas nas corridas de ouro da australia, canada e estados unidos nos idos de 1860, de baixissimo poder de RETENÇÃO DE OURO FINO.

Como as fontes do ouro do tapajós devem ser as rochas intemperizadas e lavadas de seus tributaários, tropas, pacu, são jose, jamanxim, rato, crepori e outros, ou seja é ouro que sofreu um longo transporte, por consequencia deve ser fino, pela longa distancia que percoreu da fonte até o leito do tapajós.