Entre 18 (hoje) e 21 de maio, cerca de 200 pesquisadores do Brasil e de outros
10 países discutirão experiências de manejo florestal e pesquisas sobre o
tema no Simpósio de Manejo Florestal da Amazônia e Seminário de
Comemoração dos 30 anos de Pesquisa na Floresta Nacional do Tapajós.
Após os debates, os participantes apontarão prioridades para os estudos
sobre manejo florestal na Amazônia. O evento ocorre em Santarém, oeste
do Pará, e é promovido pelo Serviço Florestal Brasileiro e pela Embrapa
Amazônia Oriental.
A sociedade pouco conhece sobre o manejo florestal, que pode ser uma
das principais alternativas de uso sustentável das florestas, em
contraponto ao desmatamento. Isso indica que há necessidade de mais
estudos e de disseminação dos resultados. A proposta do Simpósio é
revigorar o debate sobre temas prioritários, oportunidades e desafios do
manejo florestal na região.
"A discussão de prioridades ajudará
a estabelecer um clima de maior cooperação entre instituições de
pesquisa da região, e poderá considerar também as necessidades de outros
setores protagonistas da gestão florestal, como os órgãos de meio
ambiente e o próprio setor produtivo", explica Joberto Freiras, gerente
executivo de Informações Florestais do Serviço Florestal. Segundo ele, a
iniciativa é também convergente com a criação de uma rede de manejo
florestal na região, que contará com a participação de todos esses
atores.
Simultaneamente ao Simpósio, ocorrerá o Seminário de
Comemoração dos 30 anos de Pesquisa Florestal no Km 67 da Floresta
Nacional (Flona) do Tapajós - distante 30 km de Santarém. As pesquisas
em manejo realizadas no local começaram em 1975 e foram conduzidas ao
longo dos anos por pesquisadores e técnicos da Embrapa Amazônia
Oriental.
O inventário 100% de 64 hectares estabeleceu o marco
inicial do trabalho, que abrangeu as etapas de identificação, fenologia
(estudo periódico da relação dos seres vivos com o meio ambiente),
exploração e monitoramento da floresta. O estudo de fenologia das
espécies identificadas no Km 67 permitiu que os pesquisadores
conhecessem a época de floração, frutificação, queda de frutos e
sementes, mudanças de folhagem, entre outros aspectos importantes para a
reprodução da floresta.
A exploração propriamente dita foi
realizada em 1979 sobre 63 espécies comerciais, entre elas andiroba,
jarana, jatobá, maçaranduba e abiurana. Na ocasião, foram retiradas da
área 16 árvores por hectare, o que equivalente a 72 m³/ha, índices fora
dos padrões atuais de exploração.
Desde então, a pesquisa da
Embrapa concentra-se no monitoramento da floresta em 36 parcelas
permanentes, para acompanhar a regeneração natural, garantindo assim a
sustentabilidade do manejo. "Esse trabalho construiu as bases do
Sistema Silvicultural Brasileiro. Hoje, por exemplo, sabe-se que uma
exploração de baixo impacto preconiza a retirada de no máximo cinco
árvores por hectare", explica o engenheiro florestal Olegário Carvalho.
Os estudos no Km 67 serviram de base para definição dos parâmetros e
da estrutura institucional para o manejo florestal na Amazônia, sendo
fundamentais para a construção da atual legislação sobre o tema.
Outros
países - Para contribuir com o debate, especialistas de cinco países da
África, Ásia e América do Sul apresentarão as experiências em manejo
florestal em suas regiões. Também participarão alguns pesquisadores do
Reino Unido, Alemanha e França que trabalham com temas relacionados ao
manejo florestal em países tropicais.
Algumas sessões do
simpósio abordarão a relação entre manejo florestal e temas emergentes
nas discussões sobre meio ambiente, como o uso múltiplo das florestas,
mudanças climáticas e conservação da biodiversidade. "Estes aspectos da
questão ambiental precisam ser incluídos nas pesquisas sobre manejo,
pois a floresta não se dissocia dos serviços que produz e esses serviços
podem ser valorados. É preciso que as diversas oportunidades
relacionadas à floresta sejam conhecidas por aqueles que trabalham com
manejo florestal", avalia Joberto.
Rede de Manejo - No dia 20 de
maio, a última mesa do simpósio será dedicada à discussão sobre o
funcionamento da Rede de Manejo Florestal na Amazônia, iniciativa
recente da Embrapa, do Serviço Florestal, do Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente (Ibama) e de outras instituições da região para melhorar
as práticas florestais nas concessões em florestas públicas.
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