20 de abril de 2010

Poesia de Paulo Paixão

Já estava escrito...

De muito longe vem...
Sem pressa vem...
Alguém saberia a sua forma?
Ou de que matéria é feito (a)?

Já estava escrito desde
Antes de qualquer plano universal.
Sabiam que a roda, um dia,
Se fecharia e se quebrariam
Outros vínculos mais...

O que é grande, tornar-se-á
Pequeno.
O que é luzente,
Obscurecerá.

Há muito já estava escrito...
Tudo o que os olhos vêem é finito,
E o infinito não cabe nem no
Próprio olhar.
E o que há de passar vem
Do infinito,
Por isto, nos é impossível
Imaginar.

A certeza será dissipada;
A inteligência..., desdenhada;
O orgulho.., ridicularizado;
A vaidade..., humilhada.

Tudo será invertido...
Como Pedro em sua cruz.

Há quem desejará ter sido um mendigo;
Quem foi patrão, quererá ter sido empregado;
Senhor? Melhor fora ter sido escravo...

Há quem desejará ter morado numa gruta
A uma mansão em Dubai;
Há quem preferirá ter sido um estivador,
A ser um industrial ou investidor em Manhattan...

Alguém diria: - Ah, quisera ter sido apenas um pássaro
Ou um inseto!
- Minha preocupação seria somente com o meu predador...
- No mais, Deus haveria de prover!

Outro comentaria: - Por que não saciei a sede daquele inválido?
- Por que não parei pra refletir e orar e rogar as bênçãos celestiais?
- Por que andava de nariz empinado na praça, sentindo-me o tal?
- Por que perdi tantas chances de ajudar um necessitado em hospitais, prisão ou mesmo na própria rua?
- Por que desdenhei do irmão diferente, achando-me superior?
- Por que, se minha alma me dizia que aquilo não era o certo?
- Por que minha soberba, inveja, indiferença quando sabia que estava errado?
- Por quê? Por quê? Por quê?

Olhemos bem dentro de nós
E vejamos como sóis incontáveis pipocam
Em toda vastidão do nosso ser.
Dizem-nos quem somos ....
E se os contradizemos, não culpemos ninguém.

Vem do desconhecido...
Fazer cumprir o que fora escrito.
Porque tudo que tem princípio
Tem fim...



                       Paulo Paixão

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