Via
Amazônia:
O Ministério do Meio Ambiente prepara novas regras para tornar o
processo de licenciamento de obras e projetos mais rápido e menos
suscetível a critérios subjetivos. Entre as medidas em estudo está a
definição de modelos prévios de textos para serem usados nos termos de
referência, de forma a estabelecer parâmetros para acelerar as
avaliações.
O volume de documentos exigidos também vai variar
conforme o setor e o tamanho da obra. "Não dá para exigirmos os mesmos
procedimentos para obras tão diferentes como rodovias e campos de
petróleo", diz a nova ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Para uma obra semelhante a outra já concluída, o empreendedor poderá
buscar até parágrafos de termos de referência anteriores e adequar o
texto final às peculiaridades do projeto, explica o diretor de
licenciamento ambiental do Ibama, Pedro Bignelli.
Com os temos de referência padronizados, será possível acelerar os
processo de análise, por exemplo, para a avaliação de ferrovias com
características similares ou de campos de petróleo vizinhos. Para uma
obra parecida com outra já feita, o empreendedor poderá buscar até
parágrafos de termos de referência anteriores e adequar o texto final às
peculiaridades do projeto, explica o diretor de licenciamento ambiental
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Pedro Alberto Bignelli.
Segundo ele, o Ibama também
passará a exigir mais informações do empreendedor no momento em que ele
apresentar o projeto. "O empreendedor vai ter de informar o máximo
possível na hora que pede a licença." Por exemplo, ele deverá já prever
se a obra envolverá uma área de preservação ou se afetará uma terra
indígena. Hoje, o licenciamento começa com um documento relativamente
pobre, que vai tomando corpo ao longo do processo de análise. Por
enquanto, não se planeja alterar o estudo de impacto ambiental.
Com
a novidade, o governo espera que as obras do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) previstas para iniciar ou terminar ainda no governo
Lula não sofram atrasos por motivos ambientais ao longo do ano.
Para
os técnicos, as medidas poderão trazer vantagens e preocupação. A
vantagem fundamental para os técnicos é que, com formulários específicos
e sem margem a discricionariedades, eles não deverão mais ser citados
em questionamentos do Ministério Público, explica Bignelli. Hoje, 130
técnicos do Ibama são citados na pessoa física em cerca de 70 processos
de improbidade.
A supressão dessa discricionariedade dos termos
reduz até a margem para questionamentos das licenças pelo MP, diz ele.
Atualmente, os procuradores do Pará questionam a licença ambiental
concedida para a hidrelétrica Belo Monte e ameaçam o leilão, previsto
para o dia 20.
Alguma crítica por parte dos técnicos, porém,
pode advir da extinção dessa mesma brecha para subjetividades. Situados
em geral nas regiões onde as obras serão instaladas, é frequente a
visão no Ibama, e entre os empreendedores, que muitos técnicos adotam
posições "ideológicas" nas suas avaliações, quando a população é
contrária à obra. Esses pareceres acabaram sendo parcialmente
responsáveis para a demora no licenciamento da usina hidrelétrica de
Belo Monte, quando o Ibama sofreu constantes pressões por celeridade.
Outra medida que será implementada pelo governo é a definição de
prazos idênticos para todos os órgãos que atuarem no processo de
licenciamento. Em Belo Monte, por exemplo, para a análise final da
licença, o Ibama dependeu de pareceres de oito diferentes órgãos, como
Agência Nacional de Águas (ANA), Fundação Nacional do Índio (Funai) e
Secretaria de Saúde do Pará. O pedido para licença chegou ao Ibama em
janeiro de 2009 e foi liberada um ano e meio depois.
A licença
estava prevista para novembro, mas atrasou por demora na entrega de
informações pelo Instituto Chico Mendes sobre o impacto em cavernas na
área do Alto Xingu, entre outros. "Hoje o Ibama fica preso a essas
anuências (dos órgãos)", diz Bignelli.
O novo modelo já era
discutido na gestão de Minc, mas as análises eram lideradas pela própria
Izabella, quando foi secretária-executiva. Ela tem longa trajetória
profissional no Ibama, onde ingressou em 1984. No mês passado, o Ibama
divulgou em sua página na internet que "preparava um salto de qualidade
no licenciamento ambiental", mas não revelou as medidas. As discussões
sobre a mudança foram feitas, desde setembro do ano passado, com
analistas ambientais, consultores, secretários estaduais de Meio
Ambiente, juristas, Superior Tribunal de Justiça (STJ), advogados,
procuradores federais e pesquisadores.
Na semana passada, o
então presidente do Ibama Roberto Messias Franco colocou o cargo à
disposição da ministra e foi exonerado. Por enquanto, a diretoria-geral
do Ibama é ocupada interinamente por Abelardo Bayma Azevedo, diretor de
planejamento e logística. O novo nome, ou a manutenção de Bayma, será
definida nesta semana. Por questões trabalhistas, na sexta-feira, 16
das 27 seções regionais do Ibama estavam em greve.
Segundo
Bignelli, o governo discute atualmente a forma como apresentará esse
novo pacote de medidas. Estudos jurídicos apontarão se ele poderá ser
implementado por instruções e portarias separadamente ou se existe a
necessidade de o Executivo enviar ao Congresso Nacional um projeto de
lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário