A tragédia acontecida no Morro do Bumba, em Niterói está fazendo com que o governo reinicie a pressa para pedir urgência para votação do projeto de lei que institui a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos.
A medida vai acelerar a apreciação dessa 
proposta que prevê o fim dos lixões no Brasil.
O problema maior é como acabar com a deseducação do povo que continua teimando em fazer das ruas das cidades e dos leitos dos rios a sua lixeira particular.
 
Segundo a liderança do governo no Senado, o líder Romero Jucá 
(PMDB-RR) vai entrar com pedido de urgência junto aos líderes de partido
 para que a proposta vá direto ao plenário. Pela tramitação normal, o 
projeto teria que passar pelas comissões de Constituição e Justiça 
(CCJ), de Assuntos Econômicos (CAE), de Assuntos Sociais (CAS) e de Meio
 Ambiente (CMA).
“Vamos tentar agilizar a votação. Não será fácil votar neste ano 
eleitoral, mas não é impossível. Vamos fazer um apelo aos senadores. Nós
 temos que fazer um esforço para votá-la”, disse o presidente da CMA, 
senador Renato Casagrande (PSB-ES).
Na manhã de ontem (14), a CCJ aprovou um requerimento para realização
 de audiências públicas para debater o tema. O requerimento foi 
apresentado pelo relator da matéria na comissão, senador César Borges 
(PR-BA), que quer ouvir representantes do governo, do setor privado e da
 sociedade.
Dificuldades
A aprovação da urgência pode mudar o cenário de votação do projeto no
 Senado. Na última terça-feira (13), o relator César Borges considerou 
difícil a aprovação da política de resíduos sólidos neste ano. Para o 
senador, apesar de o Congresso estar sensível às tragédias no estado do 
Rio de Janeiro, este é “um ano difícil” para aprovar propostas polêmicas
 como o PL dos resíduos sólidos.
“O ano é um ano difícil para votação desse projeto, porque esse é um 
tema polêmico e, afinal, demorou duas décadas para ser votado na Câmara.
 No plenário, o presidente Sarney prometeu um esforço concentrado. Mas, 
como falei, é um ano difícil, porque é ano eleitoral”, disse o relator.
A dificuldade de encontrar calendário em ano eleitoral para votar 
essa matéria também foi o obstáculo encontrado pelo senador Marco Maciel
 (DEM-PE). Maciel é um dos senadores que nas últimas semanas subiu à 
tribuna para falar sobre a importância de o país ter uma política 
nacional de resíduos sólidos. Segundo sua assessoria, Marco Maciel 
conversou com diversos líderes de partido e com o presidente do Senado, 
José Sarney (PMDB-AP), que se mostraram sensíveis ao tema, mas 
apresentaram “dificuldades de calendário neste ano eleitoral”.
“Espero que nós possamos avançar numa das questões mais graves com as
 quais o país se defronta, que é justamente a destinação final do lixo, 
para que nós possamos melhorar os níveis de sustentabilidade no país e 
criar condições também para que possamos proteger a população, sobretudo
 a população mais pobre”, disse Maciel no discurso.
Acordo
O projeto dos resíduos sólidos foi aprovado na Câmara no início de 
março após 19 anos tramitando na Casa. A proposta foi construída com 
base em exaustivo acordo costurado entre governo, setor privado, 
representantes dos catadores de materiais recicláveis e outros setores 
da sociedade. No Senado, a matéria tramita agora como Substitutivo da 
Câmara dos Deputados (SCD) 354/1989. Por esse formato, a proposta não 
pode sofrer emendas, mas apenas destaques que não fujam do conteúdo 
proposto na matéria.
A princípio, o debate no Senado caminha no sentido de acatar o texto 
da Câmara. Essa proposta tem aceitação dos principais setores 
envolvidos, inclusive, da indústria, setor que alçou alguns dos 
principais conflitos que retardaram a aprovação do projeto na Câmara. 
Segundo o analista de política e indústria da Confederação Nacional da 
Indústria (CNI) Fabiano Hecht, a posição do setor é de convergência ao 
texto aprovado pelos deputados. 
“A nossa posição é de convergência a princípio. Entendemos que houve 
um avanço considerável na Câmara. Foi inserido no projeto, por exemplo, o
 conceito de responsabilidade compartilhada, em que todos os setores têm
 sua parcela de contribuição a ser dada. Ficou claro que se o consumidor
 não estiver educado e disposto a contribuir não vai dar certo”, disse 
Fabiano, que avalia que, se o Senado mantiver o substitutivo da Câmara, a
 proposta não encontrará resistência. 
Proposta
Entre outras coisas, o projeto que institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos prevê o fim dos lixões no Brasil. Essas áreas são 
locais improvisados de disposição do lixo a céu aberto, que, por não 
terem infraestrutura nem preparo do solo, causam contaminação da água 
subterrânea e proliferação de doenças. A proposta propõe também a 
chamada logística reversa, em que comerciantes, fabricantes, industriais
 e demais responsáveis pelos produtos deverão recolher os materiais e 
objetos depois de usados.
O projeto estabelece também os planos de resíduos sólidos em nível 
federal, estadual e municipal. Esses planos vão sistematizar a gestão do
 lixo em todos os âmbitos da Federação e propor metas de redução, 
reutilização e reciclagem de resíduos e metas para eliminação e 
recuperação de lixões. A elaboração dos planos municipais de gestão será
 fundamental para que os municípios tenham acesso a recursos da União.
Leia
 a íntegra do projeto que institui a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos
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