Este é o grande problema atual: a identificação dos riscos naturais. Todos colocam a culpa na chuva ou outros dados naturais para que se consiga a verba sem licitação e de maneira fácil para empurrar as campanhas políticas.É verdade que a monitorização da estabilidade de vertentes pode evitar catástrofes, mas será praticamente impossível eliminar todas.
Um dos problemas reside no passar do tempo. O acompanhamento pode identificar indícios de instabilidade, mas dificilmente poderá dizer o momento da sua ocorrência e se em paralelo não houver um ordenamento adequado da ocupação do solo, um alerta para o perigo pode ser esquecido ou mesmo desprezado intencionalmente pela população que fará pressão para ocupar esses locais de risco sem um impedimento legal adequado.
Nos Açores existem locais interditos legalmente pelo risco de movimentos de massa que não sofreram derrocadas durante anos e isso gera pressões económicas e sociais difíceis de resistir, contudo a cedência pode originar uma catástrofe esperada, mas sem data marcada.
Também existe a situação inversa, onde locais sem alertas ou com o risco conhecido são focos de investimento, até um dia todos se chocarem com uma catástrofe previsível.
Só a identificação dos riscos naturais acompanhada de um ordenamento do território (onde aqueles sejam uma componenente que resista a essas pressões), devidamente seguida por equipas de monitorização pode a prazo reduzir a frequência destas catástrofes.
Como coloquei em artigo anterior "Lamentavelmente, é verdade que muitos dos nossos gestores não querem saber de uma ou outra opinião técnica para evitar desastres e mortes. Para muitos deles é mais vantajoso doar milhares de reais em medicamentos, roupas e artigos de primeira necessidade do que prever o dano material e sentimental causado e perfeitamente evitável".
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