18 de junho de 2009

Efeito Estufa é Balela?

Há tempos, ambientalistas mais empedernidos vêm tentando incluir as grandes hidrelétricas em sua lista negra de empreendimentos energéticos “não sustentáveis” devido, entre outras causas, à suposta produção de metano – poderoso gás de efeito estufa – em grande escala advinda da decomposição de matéria orgânica acumulada nos reservatórios das usinas.

Essa acusação contra as hidrelétricas foi agora taxativamente desmistificada. Rigoroso levantamento sobre as emissões de gases do efeito estufa dos reservatórios de oito hidrelétricas de Furnas Centrais Elétricas - Corumbá, Luiz Carlos Barreto de Carvalho, Funil, Furnas, Itumbiara, Manso, Mascarenhas de Moraes e Serra da Mesa, feito por quatro instituições de pesquisa - Coppe/UFRJ, INPE, Universidade Federal de Juiz de Fora e Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental – revela que, no longo prazo, as hidrelétricas são sim uma energia limpa. O estudo foi iniciado em 2003 e concluído em 2008. [1]

Segundo André Cimbleris, gerente do projeto, as emissões de metano se concentram nos primeiros três anos da formação dos reservatórios, quando há mais matéria orgânica. "Setenta porcento do fluxo de metano para a atmosfera é explicado pela idade do reservatório", disse ele. Nos primeiros três anos, um reservatório pode emitir metano na proporção de até 0,35 toneladas de CO2 equivalente por MWh/ano mas, ao contrário das termelétricas, nas hídricas, as emissões decaem relativamente rápido.

Nos reservatórios mais antigos, com mais de 10 anos de formação, as emissões são inferiores a 0,1 tCO2e/MWh/ano. "Quando o reservatório se estabiliza, as emissões voltam a se aproximar a um corpo d'água natural", disse Cimbleris, acrescentando que, se logo após o enchimento as emissões podem ser equivalentes aos menores valores observados em uma térmica, no restante da vida útil, a liberação de gases é pelo menos cinco vezes menor. Estudo internacionais mostram que a térmica mais limpa, a gás natural e ciclo combinado, tem uma emissão mínima de 0,485 tCO2e/MWh.

Recentemente, Luiz Pinguelli Rosa, professor da Coppe e confesso defensor da tese que o homem é o principal causador do “aquecimento global”, já afirmara que medições feitas pela entidade revelam que, em 97% da capacidade instalada de usinas hidrelétricas estudadas, incluindo Tucuruí, as emissões de metano, com estimativa de 'degassing', contribuem muito menos, em alguns casos com um centésimo do que uma termelétrica contribui. [2]

No fundo, a pecha de “geradoras de gás estufa” feita pelo movimento ambientalista às hidrelétricas pretende mesmo é obstaculizar a criação de reservatórios com capacidade suficiente para “estocar” energia por longos períodos e retirando, assim, uma das grandes vantagens dessas usinas. Com a queda de mais esse mito, espera-se que os responsáveis pelo planejamento energético do País sejam mais ousados e revejam sua pragmática postura de projetar usinas a “fio d´água”.

Notas:
[1]Furnas: reservatórios têm emissão mínima e constante de gases do efeito estufa, Canal Energia, 18/05/2009
[2]Taxação do setor elétrico por "efeito estufa" é manobra geopolítica, Alerta Científico e Ambiental, 28/02/2009.

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