9 de abril de 2009

Sôbre a Fonte da Sonda

Pode parecer a muitos que estamos simplesmente malhando um judas que não tem culpa no acontecido, em relação ao episódio da Fonte da Sonda.
E não se trata disso.

Também pode parecer que estamos tentando usar de um poder vão (a escrita) para conclamar os nascidos na terra para "meter o peito" e cobrar a situação.
Também não se trata disso.

Mas não vemos manifestações de nenhum lado.
Do prefeito, já sabíamos que ia ficar no que ficou. Tornou-se o mártir da situação que provocou! Nada mais a comentar.

Um vereador da base aliada me encontrou e disse que estavam procurando o perfil do poço e por isso nada podia ser feito. Que não havia sido encontrado o documento. Este poço teve início em 1929 e foi concluido em 1930. Quem tem o documento é a Petrobrás e é lá que deve ser procurada a colaboração. Qualquer outra coisa dita por quem quer que seja, condenando um ou outro de não querer colaborar ou dizendo que a resolução do problema avançou por sua "aparição" é uma deslavada mentira.

Ora, o problema aconteceu porque não tinham o perfil do poço? Então, o fato demonstra a irresponsabilidade e um crime contra o patrimônio histórico-cultural da cidade por quem determinou a obra. E isso tem que ser consertado!

Se os nascidos em Itaituba não se mexem (e se mexem, sim) para tomar uma atitude mais ortodoxa na solução do patrimônio histórico-cultural, então vamos lembrar que muitos de nós escolhemos morar e viver nesta bela cidade e, consequentemente devemos levantar esta bandeira e cobrar insistentemente a solução.
Vejam como estão reagindo uns e outros aqui, aqui e aqui.
Lembro de um pequeno trecho de uma crônica do poeta russo Vladimir Maiakóvski que demonstra a nossa indecisão:

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.


Não aceito também, que o CREA, que se define como "entidade autárquica de fiscalização do exercício e das atividades profissionais" de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia e tantas outras profissões, simplesmente cruze os braços por qualquer motivo, inclusive se os inspetores são servidores municipais ou não e nos deixe sem uma decisão como esta. Cruzamos os braços, também?

Não aceito que, mesmo provocado, o Ministério Público se abaixe e mantenha-se imóvel contra esta destruição do patrimônio histórico-cultural do município.

Onde estarão os advogados itaitubenses? Onde estarão os engenheiros itaitubenses? Onde estarão os historiadores itaitubenses? Os professores? Os alunos? Àqueles que simplesmente gostavam de se banhar nas águas sulfurosas da Fonte?
Onde estão nossos representantes legislativos amordaçados pela "verba de gabinete" do prefeito?

Se ninguém se movimentar, então que se apague do Hino à Itaituba estes versos:
Que o progresso, porém não destrua
Teus valores que tem tradição
Quando os prédios encobrem a lua
Cresce um povo mais sem coração.
Lanço um repto ao prefeito e seus auxiliares: mostrem-nos o que estão fazendo para resolver esta situação. Venham a público falar sobre o problema sem fazer gracinhas como "não sou Deus pra mandar sumir ou aparecer a água". Mostrem pra nós quanto foi gasto na desastrada obra. Mostrem uma licitação que esteja tentando resolver este problema. Mostrem como irão gastar os vergonhosos R$80.000,00 que a governadora deu de esmola ao município para solucionar esta situação.

Será nosso povo omisso ou acomodado?

Que esta Semana Santa seja de muita reflexão e conscientização.

3 comentários:

Vilson Schuber disse...

Caro Jubal,
Estou acompanhando a discussão sobre o desaparecimento da água da sonda.
Fiz um contato agora pouco com o Dr. Paulo Britto, da Petrobrás, no Rio de Janeiro, em busca do "perfil do poço".
Não é exatamente o setor dele, mas por ser paraense, aqui de Belém, vai se interessar pelo assunto.
Se pudermos identificar o número do poço, ajudaria bastante, pois as informações que pude dar, referem-se à época das pesquisas que a Petrobrás realizou no Tapajós.
Se conseguires, com o Dr. Mario Miranda, ou quem possa ter alguma informação suplementar ajudaria, até porque teremos que solicitar ao setor técnico da empresa.
Abraços

Vilson Schuber

Jubal Cabral Filho disse...

Caro Schuber
Agradeço seu empenho.
Também estou me esforçando com colegas, mas a prefeitura quer tudo nas mãos, sem fazer nenhum esforço.
E se nós conseguirmos o perfil, o que adiantará se o comprometimento profissional deles é ZERO?
Por isso quero discutir com eles publicamente e com a juda de todos os itaitubenses nativos ou adotandos.
Abs

mario de miranda disse...

Caro Jubal,
Antes de mais nada, gostaria de parabeniza-lo por esta postagem "Sobre a água da Sonda".

Quanto ao louvável interesse e empenho demonstrado pelo nosso amigo Shuber, informo que o poço teve sua perfuração iniciada em 27 de dezembro de 1929, pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil SGMB, sob a orientação do pesquisador Pedro de Moura,identificado como Sondagem número 88, com 360 metros de profundidade. Infelizmente o disquete com o seu perfil, que me foi fornecido pelo Leal para o desenvolvimento do projeto da fonte, extraviou-se quando de minha mudança para esta cidade. Outrossim, gostaria de corroborar com seu comentário, de que a "falta de comprometimento" do prefeito Roselito, agravado pelo desrespeito à cultura e ao povo deste município, faz com que nos sintamos desesperançosos quanto ao desfecho deste triste episódio. Por isso, mais do que nunca, precisamos "ir à luta" contra esse comodismo "inexplicável" dos filhos desta terra. Ou será que tem "explica$$ão"????