17 de abril de 2009

O Quintal dos Outros

Há muito tempo, por aqui, tem aparecido um pessoal "inxirido" pra querer cuidar de nosso quintal.
E a gente vai deixando, sempre com a indolência peculiar destes "cabôcos" amazônidas.

Agora, com a mais nova tentativa de pavimentação das rodovias que cortam os territórios paraenses, amazonicos e mato-grossenses um montão de gente resolveu meter o bedelho e proclamar que isso vai causar uma devastação incrível na região, por conta dos grileiros, madeireiros, garimpeiros e outros "eiros" da vida.

Um cálculo, onde foram consideradas as emissões de carbono, as perdas de potencial de uso da biodiversidade para a criação de produtos farmacêuticos e o valor que sociedade atribui à floresta em pé, mesmo sem o uso dela teria um saldo negativo, ambientalmente. O asfaltamento geraria grilagem de terras, extração predatória da madeira, pecuária, desmatamento e atrairia migrantes e assentamento rurais. A região, no todo é alvo de preocupações, por se tratar de uma área da região amazônica muito preservada e com alto valor em biodiversidade.
Tudo muito real.

Tem gente que acha que o desenvolvimento da Amazônia deveria ser feito a partir de modelos como a zona franca de Manaus ou da construção de Brasília. Isso demonstra o profundo desconhecimento de nossas paragens. Queria convidar estes "fabricantes de idéias" para vir visitar Manaus da periferia, das favelas, da criminalidade acentuada, das pessoas que vêm de todos os lados para tentar um emprego e conseguir nada. Veriam que isto é um passo para a criminalidade. Basta o desemprego bater às portas, que vai ter "nego" servindo de "mula" ou assaltando a torto e direito.

Isto posto, também é melhor deixar bem claro pra quem se preocupa só com a floresta, com a vida silvestre existente na Amazônia que também moram pessoas, há muito mais tempo que estas preocupações recentes. E que convivem com as "cobras e lagartos" largados por aqui.

Deveremos deixar morrer as cidades existentes? E proibir a abertura de novas? E os exemplos de Lucas do Rio Verde e Sinop não servem para nada?

Tenho certeza (assim como muitos) que por trás da pavimentação virão todos os tipos de malandros existentes neste país. Mas, sempre estiveram aqui. Os piratas vieram e nos colonizaram (sic). E as sequelas permaneceram entre nós até os dias atuais e posteriores.

Então tá na hora de apresentarmos soluções para que os colonos possam escoar seus produtos, que se estragam porque a estrada não existe. Para que os mineradores de todos os portes possam levar seus equipamentos, comprar o "rancho" e ir e vir com confiança, com segurança e com mais vontade de recompor aquilo que devastaram. Tá na hora de apresentarmos soluções para que possamos produzir sem devastar e, por isso, já existem milhões de hectares prontos para tal fim. Tá na hora de apresentarmos soluções para que os garimpos antigos possam ter suas áreas recompostas e, possivelmente, retrabalhadas. Tá na hora de todos nós ganharmos, trabalhando e conservando para nossos descendentes o que tem de bom por aqui.

Assim, quem sabe uma "divisão de forças" possa dar certo?

Vejamos umas e outras:
  • Nossos parlamentares gastam, com inutilidades, tais como assessores, viagens e auxílios de todos os tipos, uma fábula de dinheiro público. Se eles querem mesmo auxiliar na conservação da Amazônia poderiam abrir mão de uma parte (vultuosa) desta verba, mensalmente, para que fossem contratados os "fiscais de meio ambiente" entre os moradores locais. Contratem o pessoal da floresta para serem seus assessores. Estarei sonhando?
  • As ONG's que "batalham" duramente para que a soja não seja produzida, para que o alimento tenha sua produção limitada poderiam colaborar na contratação de outros "fiscais" ao longo das rodovias que tem que ser pavimentadas. Dinheiro pra isso recebem à rodo de todos os cantos do mundo. Outro sonho?
  • As doações que fundos internacionais fazem para que seja efetivada a conservação amazônida poderiam ser canalizadas diretamente para a formação ambiental dos moradores destas paragens longínquas. Pesadelo?
Ao invés de ficarem escrevendo lá do canfundó do Judas venham pra cá ver como se vive aqui.

Então nós, como poderemos contribuir para que tenhamos estradas, produção agrosilvipastoril, produção mineral e pessoas convivendo ambientalmente corretas aqui na Amazônia?

E, por fim acrescento que não estou fazendo apologia ao desmatamento desenfreado, mas demonstro (ou tento demonstrar) uma preocupação de quem vive nesta terra há longo tempo e que se incomoda com as pretensões de muitos em preservar florestas, sem respeitar a vida humana existente.

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