Um texto de João Meirelles Filho publicado na página Amazônia merece ser reproduzido para mostrar a desfaçatez das empresas e como o Pará quer ser tratado: dando benesses e recebendo as desgraças:
Dias depois da MMX informar que deseja construir um porto flutuante em frente a Curuçá, no frágil litoral do Pará, para embarcar por navio o minério de ferro, que retira na Serra do Navio, no Amapá, agora é a vez da Vale demonstrar a intenção de instalar uma siderurgia na região. A condição é a de sempre: subsídios fisicais e investimentos do governo em infra-estrutura, entre as quais estaria um porto de grande calado em Curuçá para receber os mega-navios "Cape Size", de mais de 300 mil toneladas, graças ao canal do espadarte, a uma milha da costa, com 25 m de calado, sem necessidade de dragagem.
A Vale não sabe se quer a siderurgia em Marabá, Barcarena ou Curuçá, depende, é claro, das facilidades locais. O grande temor é ver Curuçá, até agora uma pacata cidade com 52 comunidades rurais e 30 mil habitantes, incapaz de lidar com a parte negativa do processo industrial - o aumento incontrolável da migração, violência, invasões, prostituição, falta de serviços públicos e corrupção, tão presentes em Barcarena, Parauapebas e Marabá. Além disto, Curuçá está cravada no meio dos mais extensos e biodiversos manguezais do planeta Terra, protegidos por um colar de unidades de conservação federais e do qual dependem, somente no Pará, 50 mil famílias de pescadores artesanais, que tiram seu sustento nos manguezais.
Especular sobre um porto e uma siderurgia no entorno, ou mesmo no interior, de uma reserva extrativista, a RESEX Mãe Grande de Curuçá, que nem plano de manejo possui - como determina a legislação - é, no mínimo, desrespeito e precipitação; um incentivo a invasões e especulações.
O governo paraense parece uma puta "bereré".
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