23 de novembro de 2006

AGORA É O TRÔCO!

Dias antes do 2º turno das eleiçoes entrei em um restaurante familiar e sentei junto com duas pessoas que vivem de política em Itaituba. Na conversa manifestei meu desejo de vitória da Ana Júlia. Logo, logo fui "embarcado" por um de meus interlocutores na canoa de algemados e, conforme sua expressão, se admirava muito de um cara instruído estar querendo andar com estes algemados e outras insinuações malidicentes. Calei e engoli em sêco todas as ofensas. Ao partir, meu "amigo" ainda virou e me disse prá não me aborrecer que eu era do peito. Pudera!
Ao vir visitar minha famíla e consultar a caixa de mensagens deparei com um artigo da Ana Célia Pinheiro que reproduzo (mesmo sem a licença da autora vou ser perdoado) para a resposta aos "honestos" parceiros do PSDB:

A Honestidade de R$ 1,99


"Sinceramente, não sei se rio ou se choro dessa mania tucana de satanizar os adversários. Quem não conhece os meandros do tucanato paraense, acaba até acreditando que está diante da quintessência da Moralidade: é tudo querubim ungido!

Mas, no que consiste, de fato, essa “ética” tucana?

É fato que o palanque paraguaio da bondade deles tem bem poucos algemados. Mas também é fato que eles ergueram, em 12 anos, uma autêntica muralha de impunidade, a impedir a investigação de inúmeros escândalos.

Veja-se a Prev Saúde, a empresa da mulher e do filho do secretário de Saúde, Fernando Dourado, com os quase R$ 8 milhões que já faturou junto ao Executivo, justamente, na área da Saúde.

Vejam-se as denúncias de superfaturamento de remédios pela Sespa – e só a Controladoria Geral da União, na única inspeção realizada ali, flagrou um rombo de cerca de R$ 14 milhões.

Veja-se o exemplo de Eduardo Salles, o sobrinho do governador Simão Jatene, com a fortuna que acumulou à sombra do tio – e cuja reportagem completa, aliás, está arquivada neste blog.

Vejam-se os mais de 20 parentes de Jatene, nomeados para o Governo do Estado, num autêntico “condomínio de contracheques”, como classificou um advogado.

Vejam-se os R$ 10 milhões adquiridos pela mesma Sespa junto a KM Empreendimentos, uma empresa enrolada até o pescoço, nas investigações sobre a máfia dos sanguessugas.

Vejam-se as inúmeras denúncias de superfaturamento de obras públicas, como a Estação das Docas e o Centro de Convenções – cujo metro quadrado, a R$ 3.400,00, é seis vezes mais caro que o mais alto custo do metro quadrado do país.

Veja-se o Hospital Metropolitano, cuja construção consumiu R$ 28 milhões, o dobro do inicialmente previsto, e onde só uma pracinha ficou em quase R$ 1 milhão.

Veja-se o caso Cerpasa – e só aí “sumiram” R$ 45 milhões em dívidas fiscais.

Veja-se a Clean Service, ligada a Marcelo Gabriel, filho do ex-governador Almir Gabriel, que já faturou, pelo menos, R$ 15,1 milhões junto ao Governo do Estado.

Veja-se o autêntico “laranjal” do empresário Chico Ferreira e os contratos milionários que abocanhou, nos últimos 12 anos, também do Governo do Estado – e que ultrapassam, largamente, os R$ 50 milhões.

Vejam-se os R$ 450 milhões da venda da Celpa, que até hoje os paraenses se perguntam onde foram parar.

Mas, de quanto é que estamos falando, mesmo? Qual o total de recursos públicos que desapareceram em tais escândalos?

Será que o saque se torna “menor” porque praticado pelo “Midas da Moralidade”?

Será que a impunidade torna o infrator menos rapace?

Ou será que falta é a Justiça agir, de fato, como Justiça?

Quantas algemas os “mocinhos”, os querubins ungidos desse palanque paraguaio da bondade estão a merecer?

Mas permanecem, todos, livres, leves e soltos, não é mesmo? A apontar o dedão acusador para tudo e todos, acionistas que são da Perobal S/A.

E seguem assim porque a “ética” que apregoam é, simplesmente, a da varrição da sujeira para debaixo do tapete. É o amordaçamento das instituições que têm a obrigação de acabar com essa festança.

No fundo, a “ética” do tucanato tem por alicerces a censura, o aliciamento e a perseguição. É um autêntico Bataclan, no qual se corrompe, até, o chefe de polícia. Daí inexistirem, entre os tucanos, as algemas que tanto aplaudem nos pulsos alheios.

Falam em despreparo de Ana Júlia. Mas, quem tem preparo? Valéria Pires Franco? Vic?

Falam em palanque da maldade. Mas, quem são os mocinhos deles? Marcelo Gabriel? Chico Ferreira? Eduardo Salles? Fernando Dourado? Raimundo Santos? Duciomar Costa? O algemado cidadão Flexa Ribeiro?

É engraçado. Nesse palanque paraguaio da bondade, nessa honestidade de R$ 1,99, há gente acusada de ligação com o crime organizado, de envolvimento no escândalo dos sanguessugas, de receptação e até de estupro e de corrupção de menores. Há bacanagens para todos os gostos: todo tipo de fraudes licitatórias e de malversação do dinheiro público que se possa imaginar.

No entanto, dizem eles, os bandidos somos nós. Vai ver que é porque se esqueceram de olhar de perto a própria latrina"
.

Que tal servir como reflexão sobre o slogan do Almir de que "em seu palanque não sobe bandidos"? E agora, depois das algemas em seu filho e no Chico Ferreira?
Os cães ladram e a caravana passa, né, companheiro?

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