Este escrito foi realizado
em 2007, por um profissional da área que teima em se manter anônimo, por detestar ter seu nome vinculado a uma produção deste quilate. Como eu o conheço há longo tempo - fomos colegas de faculdade - e sei de sua competência e limitações vou considerar o que ele me escreveu: "Diga que é de domínio popular".
Aproveitem...
Ao longo
dos últimos trinta anos foram divulgados, na imprensa e no seio da comunidade
geológica, diversas descobertas de dezenas de depósitos de ouro na região do
TAPAJÒS.
A
primeira safra ocorreu nos anos oitenta, quando a CPRM licitou e vendeu os
famosos BLOCOS TAPÁJOS, ou BTs, nos quais foi alardeada a existência de minas
de ouro na forma aluvionar, com milhões de metros cúbicos mineralizados e
teores médios de até 1g/m3 (um grama por metro cúbico), muito acima
da média de aluviões lavrados no mundo.
Diversas
empresas que adquiriram as áreas, após executarem trabalhos de pesquisa
concluíram que as informações eram fantasiosas.
Na década
de noventa, nos idos de 95, 96, 97 diversas empresas consideradas como
JUNIORES, com sede em diversos países (Canadá, Austrália, Estados unidos,
Inglaterra, Hong-kong) declararam nos meios de comunicação, a descoberta de
vários depósitos auríferos, com dezenas, alguns com centenas de toneladas de
ouro, os CHAMADOS WORLD CLASS, que entrariam em produção em curto prazo. Os
anos se passaram, e as minas não foram implantadas. O que permite que se
conclua, que os tais depósitos na realidade não existiam, a não ser na mente
dos responsáveis ou irresponsáveis, pelas alardeadas descobertas.
Com a
subida do preço do ouro no mercado internacional, estando na casa dos
setecentos dólares a onça, recomeça o anúncio da nova safra de descobertas de
dezenas de depósitos de ouro no tapajós, por coincidência novamente, pelas
denominadas companhias pequenas, ou juniors
company, das quais, a maior parte completamente desconhecida pelos
profissionais da comunidade geológica.
O jornal
o LIBERAL de domingo, dia 12 de agosto de 2007, anunciou que no Tapajós várias
empresas pequenas, avaliaram depósitos de até 60t (sessenta toneladas) de ouro.
Os números regrediram, quando comparados com os anúncios de centenas de
toneladas, declaradas na década de noventa, e nunca confirmadas.
Uma
JAZIDA MINERAL, não é um número isolado. Dizer que se encontrou 100 toneladas
de um bem mineral, seja ele qual for, não significa absolutamente nada; é
apenas um número desprovido de qualquer valor. Jazida é um termo que traz
embutido conotação econômica, para que uma quantidade de bem mineral seja considerado
uma jazida, tem que estar definidos os parâmetros que permitam seu
aproveitamento econômico, para tanto, tem que se conhecer com precisão entre
outros: tonelagem, volume, teor médio, relação estéril/minério, situação
geográfica, caracterização tecnológica do minério, disponibilidade de
tecnologia para extração e beneficiamento, localização precisa na crosta, rocha
encaixante etc.
As
noticias de descobertas no TAPAJÒS, de depósitos de sessenta toneladas de ouro
é mais um caso de um número sem valor algum, para demonstrar que o que estamos
afirmando tem fundamento, basta ver que:
É espantoso, mas a quantia total
de ouro no mundo é surpreendentemente pequena, a estimativa é que o mundo
produziu 1.428.571 quilogramas de ouro por ano durante 200 anos. Esse número
talvez seja um pouco maior, mas ao imaginar que os astecas e os egípcios
produziram uma quantidade considerável de ouro durante um longo período, é bem
provável que esse número não esteja muito longe do produzido (1.428.571
quilogramas x 200 anos = 285.714.200 quilogramas).
O volume
das águas dos oceanos possui 5.480.000 toneladas de OURO, é isso mesmo, cinco milhões, quatrocentos
e oitenta mil toneladas de ouro, (os oceanos apresentam volume de 1.370.000.000
Km³ , área de 361.700.000 Km², e teor médio de 4 microgramas /m³), o
correspondente a 19,18 vezes a todo o ouro produzido pela humanidade ao
longo de sua existência de milhares de anos.
Caso
alguém declare que descobriu 5.480.000 toneladas de ouro nos mares não estará
mentindo, porém, estará a uma distancia insuperável, de ter avaliado uma
JAZIDA de OURO, uma vez que o teor médio de OURO nas águas dos oceanos é de
apenas 4 microgramas por metro cúbico, isto é 0,000.004 g/m³, o que
torna impossível seu aproveitamento econômico com as tecnologias de hoje.
Estes
números demonstram que as declarações de descobertas de toneladas de ouro, sem
que tais números estejam acompanhados de parâmetros econômicos, que permitam
uma avaliação mesmo rudimentar das possibilidades de extração devem ser
recebidas com cautela, pois
pode ser que se trate de ouro semelhante ao marinho, que existe, porém não é
recuperável com lucratividade, ou seja, nada vale.
O tempo
como senhor absoluto da verdade se encarregará de demonstrar se estamos frente
a uma nova safra de depósitos de ouro no Tapajós que não passam de alarme
falso, como as outras já ocorridas.
Para que
servem essas declarações BOMBASTICAS DE DESCOBERTAS DE CENTENAS DE TONELADAS DE
OURO que não se confirmam, ainda é uma indagação sem resposta, porém que são
intrigantes – ah! isso são - essas coisa não acontecem por acaso, alguém deve
estar tirando proveito dessas descobertas fantasmas.
A quem
será que isso está beneficiando? Ao país e a mineração nacional certamente não
é, pois nada foi acrescentado ao patrimônio mineral nacional e muito menos ao
mercado, haja vista que nada foi produzido a não ser BOATARIA.
Um comentário:
Dizem que as Dragas de 18" em operação no tapajós produzem 2 quilos por mês.
Uma Draga de sucção de 18" de diametro, trata no máximo 70.000 m³/mês. Com a produção é de 2.000 gramas de ouro, Significa que o Teor recuperado está em torno de 30 miligramas por m³ (pouca coisa, quase nada).
O sistema convencional de tratamento em Dragas se compõe de:
Trommel;
Classificador/desagregador;
Jigagem primária;
Jigagem secundária;
Jigagem terciária;
Concentrador Knelson para apuração final.
Com o sistema "garimpeiro" de Carpete, è perder "ouro" e dinheiro. (podem redragar novamente que conseguirão a mesma produção) o que comprovará que a " eficiencia" da concentração deixa a desejar.
em uma comparação grosseira é como um sistema de alimentação, que tem apenas a boca e o "CÙ", sem o estomago e o intestino para a fazer a digestão, o processamento e melhor aproveitamento.
Assim os monstrengos que operam no madeira e no tapajós, EMBORA PAREÇAM uma obra prima da engenharia moderna, não passam de uma engenhoca bem rudimentar. A BOMBA LANÇA O MATERIAL succionado DIRETO no SLUICE, nas famosas caixas, já usadas nas corridas de ouro da australia, canada e estados unidos nos idos de 1860, de baixissimo poder de RETENÇÃO DE OURO FINO.
Como as fontes do ouro do tapajós devem ser as rochas intemperizadas e lavadas de seus tributaários, tropas, pacu, são jose, jamanxim, rato, crepori e outros, ou seja é ouro que sofreu um longo transporte, por consequencia deve ser fino, pela longa distancia que percoreu da fonte até o leito do tapajós.
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