14 de fevereiro de 2013

NÃO INSULTEM NOSSO DISCERNIMENTO




Dia desses uma raposa felpuda e de grande influencia da politica local tentou me convencer de que o atual poder municipal estava indo no caminho certo ao se fazer aguardar as providências para iniciar as reformas politicas, sociais e infra estruturais no município.

Suas alegações seriam de que os erros deixados pela administração anterior teriam que ser devidamente consertados para que a gestão pudesse acontecer. Estas alegações já duram 45 dias e não se vê nenhuma ação para amenizar os supostos estragos causados.
A cidade está mais esburacada sem que fosse tomada uma atitude para amenizar os estragos. Aliás, a única ação foi tapar os buracos da Transamazônica asfaltada com cimento e brita, o que não deu certo, por razoes óbvias: materiais diferentes para usos diferentes.

A preocupação demonstrada com a ação degradadora dos garimpos do Tapajós mostra um desvirtuamento, ou a tentativa, de visualizar os graves problemas que o município enfrenta.
Não que este assunto (degradação ambiental) seja de somenos importância, mas que já provocou inúmeras discussões aqui, em Santarém, em Belém, em Brasília e pouco avançou. Tudo com a conivência e por conveniência dos governos federal, estadual e municipal. E culpar somente os garimpeiros é um insulto ao discernimento de todos nós que vivemos e nos sustentamos à custa do mesmo. Ou alguém aqui, do braçal ao comerciante - passando por geólogos, engenheiros, donos de redes de TV e jornais, repórteres, compradores de ouro, fazendeiros ou artesãos – poderá erguer sua voz e dizer que não come, bebe e dorme sem auferir de lucros provenientes do garimpo de ouro do Tapajós? Quem mesmo?

Artigos escritos e publicados aqui no Agonia mostram minha visão (não tão atual) do garimpo. Num deles, intitulado A GESTÃO MINERO-AMBIENTAL DA RESERVA GARIMPEIRA DO TAPAJÓS faço críticas ao modelo gerencial estabelecido pelos órgãos minerais e ambientais. No segundo, ao qual denominei O PASSIVO DA PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS procurei demonstrar como estava/está o que havia ficado pros descendentes atuais e futuros dos primeiros garimpeiros da era de ouro destes. E nada mudou nestes tempos.

Se o governo atual quer fazer algo pra amenizar o grave problema causado no federal rio Tapajós tem que começar proibindo que se cometa a loucura de construir as hidrelétricas aqui, para beneficiar os empresários do Sul/Sudeste/Nordeste beleza.  E quem acredita que elas não irão afetar os nossos recursos naturais de forma drástica? Depois, se a loucura for cometida, nada melhor que permitir que se extraia, dentro de padrões ambientalmente corretos toda a madeira que vai ficar sob o lago a ser formado, todo minério que puder ser extraído e que se pague integralmente por cada uso e abuso que vai ser cometido contra as famílias que moram nestes locais, as quais até hoje nunca puderam regularizar suas posses por ineficiência do governo federal!

E parece que as reuniões realizadas, com a presença de secretários de estado foi mais um fogo fátuo para não mostrar o que precisa ser realizado em prol de uma população esquecida. Coisas básicas como abastecimento de água (a COSANPA pegou 10 milhões para construir um reservatório e a captação vai continuar no mesmo local), esgotamento sanitário (todo o resultado dos esgotos vai direto pro rio Tapajós e ningém muge ou tuge), limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos (lixão até quando?) e manejo das águas pluviais e drenagem (os alagamentos contínuos a cada chuva intensa).



Que se tenha a precaução de não cuspir para cima, pois o risco de cair na cara é enorme.


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