25 de maio de 2010

É difícil preencher vaga especializada

A escassez de mão de obra especializada voltou a preocupar grandes empresas. Depois de atingir a construção civil e a indústria naval, a falta de profissionais alcança os segmentos automobilístico, ferroviário, moveleiro e siderúrgico, além de transportes e serviços, aponta pesquisa da Fundação Dom Cabral.

Conforme levantamento nas 76 maiores companhias, 67% têm enfrentado dificuldade na contratação de funcionários, apesar dos 8 milhões de desempregados no Brasil.

– Somos o país das disparidades: há dinheiro para investir, mas a mão de obra especializada está cada vez mais escassa – observa Paulo Resende, responsável pelo estudo.

A questão, adverte Resende, pode se transformar num gargalo perigoso – a exemplo da infraestrutura – para o crescimento sustentável do país. Algumas companhias estão importando mão de obra de países da América Latina, conta o professor:

– No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela; no agronegócio, de Argentina, Uruguai e Paraguai.

A alternativa tem sido estudada pela indústria de móveis, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov), Aurélio Sant’Anna:

– Há 10 anos, qualquer pessoa poderia trabalhar em nossas empresas. Hoje, é preciso saber ler manuais sofisticados e lidar com a eletrônica.

Na sua empresa, Sant’Anna diz não conseguir cumprir a meta de contratar apenas funcionários com Ensino Médio completo:

– Temos uma boa encrenca. Por isso, há uma possibilidade de contratar pessoas da Argentina e do Uruguai.

Até pela restrição de recursos a programas financiados pelo governo, grandes empresas decidiram criar seus próprios programas de treinamento. Outras apostam em convênios com universidades para formar profissionais.

Qualificação própria é alternativa de empresas

Na Vale, com projetos de US$ 13 bilhões neste ano, a saída foi montar um curso de pós-graduação que capacita engenheiros para as áreas de pelotização, ferrovia, portos e mineração. Depois de três meses de estudo integral, com bolsa de R$ 3 mil mensais, podem ser contratados.

Sem profissionais capacitados pelos anos de abandono do setor ferroviário, a América Latina Logística (ALL) criou uma universidade para qualificar jovens para cargos na concessionária de ferrovia.
Fonte: Zero Hora

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