Descobriram que o senador João Nery (PSOL-PA) recebe auxílio moradia de R$ 3 800 mas mora de graça na casa de uma assessora, em Brasília. Pois é. É possível imaginar de onde partiu essa descoberta, mas isso não elimina o fato real: ao mesmo tempo em que agia como um dos mais duros adversários de José Sarney, insistindo em processos que poderiam levá-lo a perder o mandato, João Nery tinha um esqueleto no armário.
Essa duplicidade não é uma supresa, já que outros senadores da oposição também foram obrigado a explicar-se e até restituir dinheiro aos cofres públicos.
O fato é que essa revelação só alimenta o tédio da população diante das denúncias de natureza ética.
É por isso que o cidadão fica indignado com essas denúncias mas, como não vê diferença entre as partes, nem resultado concreto em nenhuma investigação, vira-se para o outro lado e vai cuidar do voto a partir de outros critérios, como a economia, a distribuição de renda e o crescimento.
Estas revelações são sempre tristes porque expressam uma derrota de princípios que deveriam estar incorporados à nossa vida pública.
Sempre disse que vejo uma diferença entre receber um aluguel indevido — ainda que autorizado por lei — e cometer irregularidades mais graves, como formar empresas-fantasmas e organizar negociatas.
Mesmo assim, eu acho que ninguém deveria fazer uma denúncia sem limpar a própria casa — o que já seria, na verdade, a melhor contribuição ao país.
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