15 de janeiro de 2016

Terra em nova fase geológica


A pesquisa publicada ontem pela revista “Science” indica que a entrada nesta era, baptizada de Antropoceno, pode ter acontecido em meados do século passado e foi marcada pelo consumo em massa de materiais como alumínio, betão, plástico e pelas consequências dos testes nucleares.  

A isso é preciso somar o aumento das emissões de gases que provocaram o efeito de estufa e a invasão sem precedentes de espécies em ecossistemas diferentes do seu. Os cientistas questionam no estudo até que ponto as acções humanas registadas são mensuráveis nas camadas geológicas e como esta nova era geológica se diferencia da anterior, o Holoceno, que começou há 11.700 anos, quando aconteceu o retrocesso dos glaciares. 

No Holoceno, as sociedades humanas aumentaram a produção de alimentos com o desenvolvimento da agricultura, construíram assentamentos urbanos e aproveitaram os recursos hídricos, minerais e energéticos da Terra. 

O Antropoceno é uma época de rápidas mudanças ambientais provocadas pelo impacto do aumento da população e pelo consumo, sobretudo após a chamada “grande aceleração” de meados do século XX, segundo os pesquisadores. 

“Os humanos estão há algum tempo a afectar o meio ambiente, mas recentemente aconteceu uma rápida propagação mundial de novos materiais como alumínio, betão e plásticos, que deixam a sua marca nos sedimentos”, frisou no estudo o professor Colin Waters, do Instituto Geológico Britânico. 

Jan Zalasiewicz, cientista da Universidade de Leicester e um dos líderes do grupo de trabalho, afirmou que a queima de combustíveis fósseis disseminou pelo ar partículas de cinzas por todo o Mundo, ao que é preciso somar os radionuclídeos dispersados pelos testes de armas nucleares. “Tudo isto demonstra que há uma realidade subjacente no conceito Antropoceno”, declarou Jan Zalasiewicz, também director do c Grupo de Trabalho Antropoceno, integrado por 24 cientistas. 

O estudo indica que os humanos mudaram em tal medida o sistema da Terra que deixaram uma série de sinais nos sedimentos e no gelo dos pólos, suficientemente diferentes para justificar o reconhecimento da passagem para uma nova época geológica. O grupo de trabalho quer este ano reunir mais provas desta mudança para ver se pode formalizar esta nova época e estabelecer recomendações.

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